Não há necessidade de cronômetros, nem de especialistas
para diagnosticar as falhas da educação. Há necessidade de todos os
que pensam que: “os professores é que são incapazes de atrair a atenção de
alunos repletos de estímulos e inseridos na era digital” entrem numa sala
de aula e observem a realidade brasileira.
Que alunos são esses “repletos de estímulos” que
muitas vezes não têm o que comer em suas casas quanto mais inseridos na
era digital? Em que pais de famílias oriundas da pobreza
trabalham tanto que não têm como acompanhar
os filhos em suas atividades escolares, e
pior em orientá-los para a vida?
Isso sem falar nas famílias impregnadas pelas
drogas e destruídas pela ignorância e violência, causas essas que
infelizmente são trazidas para dentro da maioria das escolas
brasileiras.
Está na hora dos professores se rebelarem contra as
acusações que lhes são
impostas. Problemas da sociedade deverão ser
resolvidos pela sociedade e não somente pela escola.Não gosto de comparar
épocas, mas quando penso na minha infância, onde pai e mãe, tios e avós
estavam presentes e onde era inadmissível faltar com o respeito aos mais
velhos, quanto mais aos
professores e não cumprir as obrigações fossem
escolares ou simplesmente caseiras, faço comparações com os alunos de hoje
“repletos de estímulos”.
Estímulos de quê? De passar o dia na rua, não
fazer as tarefas, ficar em frente ao computador, alguns até altas horas da
noite, (quando o têm), brincando no Orkut, ou o que é ainda pior
envolvidos nas drogas. Sem disciplina seguem perdidos na vida.
Realmente, nada está bom. Porque o que essas
crianças e jovens procuram é amor, atenção, orientação e disciplina.
Rememorando, o que tínhamos nós, os mais velhos,
há uns anos atrás de estímulos? Simplesmente: responsabilidade,
esperança, alegria.
Esperança que se estudássemos teríamos uma
profissão, seríamos realizados na vida. Hoje os jovens constatam que se
venderem drogas vão ganhar mais.
Para quê o estudo? Por que numa época com tantos
estímulos não vemos olhos brilhantes nos jovens? Quem, dos mais velhos,
não lembra a emoção de somente brincar com os amigos, de ir aos
piqueniques, subir em árvores?
E, nas aulas, havia respeito, amor pela pátria..
Cantávamos o hino nacional diariamente, tínhamos aulas “chatas” só na
lousa e sabíamos ler, escrever e fazer contas com fluência.
Se não soubéssemos não iríamos para a 5ª. Série.
Precisávamos passar pelo terrível, mas eficiente, exame de admissão. E
tínhamos motivação para isso.
Hoje, professores “incapazes” dão aulas na lousa,
levam filmes, trabalham com tecnologia, trazem livros de literatura
juvenil para leitura em sala-de-aula (o que às vezes resulta em uma
revolução), levam alunos à biblioteca e a outros locais educativos
(benza, Deus, só os mais corajosos!) e, algumas escolas públicas onde a
renda dos pais comporta, até
a passeios interessantes, planejados
minuciosamente, como ir ao Beto Carrero.
E, mesmo, assim, a indisciplina está presente, nada
está bom. Além disso, esses mesmos professores “incapazes”, elaboram
atividades escolares como provas, planejamentos, correções nos
fins-de-semana, tudo sem remuneração;
Todos os profissionais têm direito a um intervalo
que não é cronometrado quando estão cansados. Professores têm 10 minutos
de intervalo, quando têm de escolher entre ir ao banheiro ou tomar às
pressas o cafezinho. Todos os
profissionais têm direito ao vale alimentação,
professor tem que se sujeitar a um lanchinho, pago do próprio bolso, mesmo
que trabalhe 40 h.semanais. E a saúde? É a única profissão que conheço que
embora apresente atestado médico tem que repor as aulas. Plano de saúde?
Muito precário.
Há de se pensar, então, que são bem
remunerados... Mera ilusão! Por isso, cada vez vemos menos profissionais
nessa área, só permanecem os que realmente gostam de ensinar, os que estão
aposentando-se e estão perplexos com as mudanças havidas no ensino nos
últimos tempos e os que aguardam uma chance de “cair fora”.Todos devem ter
vocação para Madre Teresa de Calcutá, porque por mais que
esforcem-se em ministrar boas aulas, ainda ouvem alunos chamá-los de
“vaca”,”puta”, “gordos “, “velhos” entre outras coisas.
Como isso é motivante e temos ainda que ter forças
para motivar. Mas, ainda não é tão grave.
Temos notícias, dia-a-dia, até de agressões a
professores por alunos.
Futuramente, esses mesmos alunos, talvez agridam
seus pais e familiares.
Lembro de um artigo lido, na revista Veja, de
Cláudio de Moura Castro, que dizia que um país sucumbe quando o grau de
incivilidade de seus cidadãos ultrapassa um certo limite.
E acho que esse grau já ultrapassou. Chega de
passar alunos que não merecem. Assim, nunca vão saber porque devem estudar
e comportar-se na sala de aula; se passam sem estudar mesmo, diante de
tantas chances, e com indisciplina... E isso é um crime! Vão passando
série após série, e não
sabem escrever nem fazer contas simples. Depois a
sociedade os exclui, porque não passa a mão na cabeça. Ela é cruel e eles
já são adultos.
Por que os alunos do Japão estudam? Por que há
cronômetros? Os professores são mais capacitados? Talvez, mas o mais
importante é porque há disciplina. E é isso que precisamos e não de
cronômetros. Lembrando: o
professor estadual só percorre sua íngreme carreira
mediante cursos, capacitações que são realizadas, preferencialmente aos
sábados. Portanto, a grande maioria dos professores está constantemente
estudando e aprimorando-se. Em vez de cronômetros, precisamos de carteiras
escolares, livros, materiais, quadras-esportivas cobertas (um luxo para a
grande maioria de nossas escolas), e de lousas, sim, em melhores condições
e em maior quantidade.
Existem muitos colégios nesse Brasil afora que nem
cadeiras possuem para os alunos sentarem. E é essa a nossa realidade!
E, precisamos, também, urgentemente de educação para que tudo que
for fornecido ao aluno não seja destruído por ele mesmo Em plena era
digital, os professores ainda são
obrigados a preencher os tais livros de chamada, à
mão: sem erros, nem borrões (ô, coisa arcaica!), e ainda assim se
ouve falar em cronômetros.
Francamente!!!
Passou da hora de todos abrirem os olhos e
fazerem algo para evitar uma calamidade no país, futuramente. Os
professores não são culpados de uma sociedade incivilizada e de
banditismo, e finalmente, se os professores até agora não
responderam a todas as acusações de serem despreparados e
“incapazes” de prender a atenção do aluno com aulas
motivadoras é porque não tiveram TEMPO.
Responder a essa reportagem custou-me metade do meu
domingo, e duas turmas sem as provas corrigidas.
Vamos fazer uma corrente via internet, repasse a
todos os seus! Grata.
Vamos começar uma corrente nacional que pelo menos
dê aos professores respaldo legal quando um aluno o xinga, o agride...
chega de ECA que não resolve nada, chega de Conselho Tutelar que só vai a
favor da criança e adolescente (capazes às vezes de matar, roubar e coisas
piores), chega de
salário baixo, todas as profissões e pessoas passam
por professores, deve ser a carreira mais bem paga do país, afinal os
deputados que ganham 67% de aumento tiveram professores, até mesmo os
"alfabetizados funcionais". Pelo
amor de Deus somos uma classe com força!!! Somos
politizados, somos cultos, não precisamos fechar escolas, fazer greves,
vamos apresentar um projeto de Lei que nos ampare e valorize a
profissão.
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