O “temível” e suspeito número 666 parece
causar muito burburinho quando mencionado em rodinhas de “amigos”,
encontros sociais (nem tão sociais assim) e almoços de família (com suas
idiossincrasias). As pessoas ignorantes (que ignoram), com base em suas
ideias equivocadas oriundas de dogmas enganosos seculares, acreditam
piamente que o número seiscentos e sessenta e seis seja satânico, “sujo”
e sinistro. Os textos bíblicos disseminaram muitas ideias que seriam
motivo de sarcasmo por parte de Satã, se ele realmente existisse como a
maioria das pessoas imagina. Se tal número é da besta, besta maior seria
o homem, segundo o texto bíblico, pois “(...) calcule o número da
besta, pois é o número do homem (...)”. Em essência a espécie humana é
animal. De fato, e de modo geral, o homem se apresenta como uma besta
humana cuja compreensão parece não ir além de interpretações limitadas e
condicionadas. E todo o mal que existe no mundo apenas existe por causa
do homem, de maneira direta ou indireta; não há nenhum Diabo nisso
tudo.
Mas,
sem divagar em teorias conspiracionistas e preconceitos religiosos, o
número 666 encerra significações cabalísticas draconianas, ocultistas e
psicológicas, o que nada tem a ver com o Diabo ou com o mal do mundo.
O
texto bíblico diz que o homem foi criado no sexto dia, o que podemos
deduzir que a besta de fato é o homem que em seus primórdios no planeta
se comportava como qualquer animal instintivo, impulsivo e sem
raciocínio; sua evolução se deu gradativamente ao longo de eras, mas,
até então, o homem era simplesmente um animal, uma besta. Mas antes da
besta humana aparecer, os animais sempre foram as formas de vida mais
antigas e primitivas da Terra, surgiram muito antes da espécie humana
bestial, e são, portanto, umas das primordiais manifestações da
sabedoria no mundo manifestado. A cristandade substituiu a besta humana
pelo dragão como a Grande Besta do mal (como muitos assim entendem).
Por
outro lado, seis é o número da esfera do Sol, o que representa em nível
humano o Eu Superior em seu aspecto luminoso, a inteligência
manifestada, a mente expandida. O Sol e o número seis também podem ser
representados pelo hexagrama e pela cruz (um símbolo bastante antigo e
pré-cristão), que é desdobrada e desenvolvida a partir do cubo, que é um
sólido geométrico de seis lados. O Sol está situado, na Árvore da Vida e
da Morte cabalística, nas esferas de Tiphareth/Thagiriron (a Beleza e o
Ardente Sol Negro), que é um nível de evolução onde o indivíduo atinge
um alto grau de autoconhecimento e autoconsciência. Mas para que a
evolução seja completa e a sabedoria seja internalizada é preciso
conhecer o lado sinistro do sagrado e secreto Eu Superior (pois nada
existe somente com uma face). E esse lado sinistro do Dragão de
Sabedoria, do Eu Superior, é expresso pelo número 666 ou 999, já que sua
multiplicação e soma finalmente resultam sempre no número noturno da
Lua, ou seja, 9. A Lua representa a noite, o oculto, o secreto, o
subconsciente e o sinistro (sombrio e “esquerdo” como o aspecto feminino
e sexual do universo e da psique humana). Entenda-se que “sinistro” não
é aquilo que é maligno, malévolo ou coisa semelhante; sinistro é
“esquerdo”, e no contexto prático e metafísico draconiano indica a
presença de elementos sexuais, femininos, instintivos e subconscientes
(a maior fonte de poder de um iniciado e de um filósofo oculto).
Portanto, nada há de maligno e nem tem a ver com qualquer fantasia
paranoica do Diabo (pois este não existe). Afinal, nós temos o lado
direito e esquerdo de nosso corpo, temos a mão direita e a esquerda, o
lado direito e esquerdo do cérebro, etc.; fique só com o lado direto e
você verá o quão simétrico, equilibrado, harmonioso e belo você
parecerá!
Na
prática da filosofia oculta e também do draconismo, 666 é o número da
força sinistra do Eu Superior, o número do aspecto sombrio da
Inteligência Solar do Daemon individual. Mas é também o número de
Sorath, o Espírito do Sol, a força solar agressiva e impetuosa que
impulsiona a evolução. Esse número, 666, pode ser extraído do Quadrado
Mágico Solar, ou Kamea, que é dividido em 36 partes, ou quadrados
menores numerados, cuja soma total é 666, que é o número do próprio nome
de Sorath extraído pelo cálculo de suas letras hebraicas. Desse
quadrado, para fins práticos, também é extraído o sigilo de Sorath.
Sorath é a verdadeira e espiritual Besta da Revelação, a revelação do
próprio Eu com seu animalismo (não confundir com animismo) natural,
primitivo e intrínseco que se torna autoconsciente; é a revelação do
conhecimento com compreensão, da Gnose, e da sabedoria das sombras (o
subconsciente e o aspecto feminino, Sofia, Shakti, Shekinah).
O
número 36 (3x6, 666) igualmente resulta em 9, a Lua, a consorte do Sol
Negro (a Grande Besta, o Dragão de Sabedoria), demonstrando assim o
equilíbrio entre as forças duais (como dois pilares) do universo e do
ser humano, a união entre o feminino e o masculino, entre as trevas e a
luz, entre o subconsciente e o supraconsciente, etc. A Lua é a yoni
(vagina) de Shakti e o Sol Negro é o linga (pênis) de Shiva; a união de
999 com 666 que resulta finalmente em 9, a esfera do sexo, não somente o
sexo humano, fisiológico e anatômico, mas principalmente o sexo
metafísico e cósmico de todas as forças que são unidas para criar algo
no universo e na natureza visíveis e invisíveis.
Tal
união, como toda união entre forças opostas deveria ser, resulta em uma
terceira força que é, no ser humano, o nascimento da autoconsciência e o
renascimento do autêntico e completo ser humano em seu alto grau
evolutivo, ou seja, o Homo veritas (o humano verdadeiro). As forças
opostas não se opõem, mas se unem para criar. E o ser humano verdadeiro
autoconsciente, não um mero humanoide autômato, cria a si mesmo a cada
etapa evolutiva.
O
número 666, portanto, é de fato o número do Homem, do Anjo e da Besta
(o Eu Superior, o Dragão) com suas forças em equilíbrio e com a
sabedoria das Sombras e da Luz.
Assim,
todos têm a escolha de querer ser uma simples besta humana ignorante,
simplória e “profana”, ou querer ser a Grande Besta sábia, superior e
sagrada, pois o 666 é a verdadeira face sagrada, secreta e sinistra do
Ser autoconsciente.
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