Era um impressionante conjunto de pavilhões e palácios que foi o centro
de poder do Império Chinês durante mais de meio milênio. Embora sua
construção tenha começado no século 13, as características atuais do
lugar só apareceram mais de 100 anos depois. "Na época, o imperador Yong
Le transferiu a capital de Nanquim para Pequim. Ele decidiu remodelar o
complexo com uma obra que durou de 1407 a 1420 e ocupou mais de 200 mil
trabalhadores", diz o jornalista brasileiro Jayme Martins, que viveu em
Pequim por mais de 20 anos. Essa suntuosa cidade era considerada
"proibida" porque o acesso era limitado a funcionários do governo e a
integrantes da família imperial.
No lugar, a arquitetura e a disposição de cada edifício obedecem a
tradicionais princípios de numerologia, mitologia e de Feng Shui, a
milenar arte chinesa de criar ambientes com harmonia. Para começar, o
desenho do complexo representa um diagrama cósmico que simboliza o
Universo: todos os prédios principais estão voltados para o sul, em
honra ao Sol (como a China fica no hemisfério norte, o sul é onde
predomina o Sol). Além disso, a distribuição do espaço representaria o
mítico Palácio Celestial, uma construção de 10 mil cômodos onde viveriam
os deuses.
De acordo com a tradição, a Cidade Proibida teria um total de 9 999
cômodos e meio, pois a mitologia desaconselhava que os homens tentassem
se equiparar à perfeição dos deuses. Apesar da importância da área, suas
construções sofreram com a deterioração das estruturas e com incêndios
acidentais ao longo dos séculos. Com a revolução que proclamou a
república, em 1911, a Cidade Proibida deixou de ser a sede do governo da
China, mas a família do último imperador, Aisin-Gioro Pu Yi, continuou
vivendo até 1924 no local. Declarada Patrimônio Cultural da Humanidade
em 1987, a área hoje abriga um concorrido museu que recebe até 50 mil
visitantes por dia.
Capital ancestralConjunto de palácios e pavilhões foi o centro do poder chinês por mais de 500 anos
MAPA DA METRÓPOLE
Localizada no coração de Pequim, a Cidade Proibida abrangia um conjunto
de edifícios espalhados por uma área de 720 mil metros quadrados,
protegida por uma muralha com mais de 10 metros de altura e um fosso
cheio d’água, com 6 metros de profundidade. A entrada se dava por quatro
portais, um em cada ponto cardeal. Confira no mapa abaixo e nos
desenhos os edifícios mais importantes
Erguido em 1420, o acesso principal da Cidade Proibida tinha cinco arcos
de passagem. A abertura do meio era exclusiva do imperador — as
imperatrizes só podiam usá-la uma única vez, no dia do casamento. Dali, o
imperador anunciava o novo calendário no início de cada ano, assistia
ao desfile das tropas e julgava prisioneiros
2. PAVILHÃO DA PRESERVAÇÃO DA HARMONIA
Até o século 18, esse aposento era usado principalmente para os
banquetes imperiais. Mas a partir de 1789 o salão tornou-se o local onde
aconteciam os chamados "exames palacianos", algo como um concurso
público em que vários candidatos concorriam a altos cargos
governamentais e administrativos do Império
3. PAVILHÃO DA PUREZA CELESTIAL
Queimado em incêndios e restaurado três vezes desde a inauguração em
1420, esse edifício serviu até o século 17 como residência oficial do
imperador, que lá cuidava dos assuntos de rotina do governo instalado em
outro de seus tronos. Os terraços abrigavam esculturas de bronze de
tartarugas, simbolizando longevidade, e uma concha para medir cereais,
representando a justiça
4. PAVILHÃO DA SUPREMA HARMONIA
O maior e mais alto salão da Cidade Proibida foi finalizado em 1420 e
restaurado várias vezes depois. Com cerca de 2 400 metros quadrados e 35
metros de altura, esse pavilhão era o centro da corte. Lá aconteciam as
mais importantes cerimônias de Estado, como o aniversário e o casamento
do imperador. O lugar também guardava o trono principal, de onde o
imperador governava
5. PAVILHÃo DA HARMONIA CENTRAL
Era uma espécie de quarto do imperador, onde ele dormia e se vestia
antes das cerimônias. Em outros cômodos, o governante recebia
autoridades estrangeiras, examinava amostras de sementes para as
plantações da nova safra e discursava aos seus filhos, nascidos de
várias esposas oficiais e de concubinas
6. PRAçA E PORTAL DA SUPREMA HARMONIA
A maior praça do complexo era onde a nobreza jogava pólo a cavalo e a
Guarda de Honra alinhava-se antes das cerimônias mais importantes. Cinco
pontes de mármore cruzavam o riacho das Águas Douradas, conduzindo ao
portal da Suprema Harmonia. Essa estrutura, por sua vez, levava ao salão
da Suprema Harmonia por meio de três escadas — a central, como sempre,
era só para o imperador.
Dica de filme: Não
tinha contato com seu povo, desconhecia as dificuldades pelas quais
passavam seus súditos, era assessorado por ministros e secretários
muitas vezes inescrupulosos e, com certeza, não desconfiava das
alterações pelas quais passaria muito brevemente o seu país.
Surpreendido por um golpe de estado que fez surgir a república na China,
teve que sair da Cidade Proibida e iniciar uma verdadeira epopéia rumo a
seu destino final. Na década de 1930 foi utilizado como testa de ferro
pelos japoneses no comando de um novo país no território chinês, chamado
de Manchukuo.
Em 1949 viu a ascensão de um forte movimento de bases populares liderado
pelo socialista Mao-Tsé-Tung chegar ao poder e todos os símbolos
relacionados ao passado imperial sofrerem intensas e violentas
perseguições por parte do novo regime.
Seus dias pareciam contados, seu passado glorioso como imperador era
apenas uma lembrança esmaecida com o passar dos anos; atrás das grades
do novo sistema, Pu Yi estava condenado a purgar, a pagar pelo luxo e
pela ostentação burguesa condenada pelos artífices do socialismo...
Obs.: O filme foi premiado em festivais de cinema na Inglaterra, na
França e nos Estados Unidos, onde arrebatou 4 Globos de Ouro e 9 Oscars
(melhor filme, diretor, fotografia, direção de arte, figurino, edição,
trilha sonora, som e roteiro adaptado).
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