Caveira
Sou
exu, assentado nas forças do Sagrado Omulu e sob sua irradiação divina
trabalho. Fui aceito pelo Divino Trono Mehor-yê e nomeado Exu a mais ou
menos dois milênios, depois de minha última passagem pela terra, a qual
fui um pecador miserável e desencarnei amarrado ao ódio, buscando a
vingança, dando vazão ao meu egoísmo, vaidade e todos os demais vícios
humanos que se possa imaginar.
Fui
senhor de um povoado que habitava a beira do grande rio sagrado. Nossa
aldeia cultuava a natureza e inocentemente fazia oferendas cruéis de
animais e fetos humanos. Até que minha própria mulher engravidou e o
sumo sacerdote, decidiu que a semente que crescia no ventre de minha
amada, devia ser sacrificada, para acalmar o deus da tempestade.
Obviamente eu não permiti que tal infortúnio se abatesse sobre minha
futura família, até porque se tratava do meu primeiro filho. Mas todo o
meu esforço foi em vão. Em uma noite tempestuosa, os homens da aldeia
reunidos, invadiram minha tenda silenciosamente, roubaram minha mulher e
a violentaram, provocando imediato aborto e com o feto fizeram a inútil
oferenda no poço dos sacrifícios. Meu peito se encheu de ódio e eu nada
fiz para contê-lo. Simplesmente e enquanto houve vida em mim, eu matei
um por um dos algozes de minha esposa inclusive o tal sacerdote.
Passei a não crer mais em deuses, pois o sacrifício
foi inútil. Tanto que meu povoado sumiu da face da terra, soterrado
pela areia, tamanha foi à fúria da tempestade. De repente o que era rio
virou areia e o que areia virou rio. Mas meu ódio persistia. Em meus
olhos havia sangue e tudo o que eu queria era sangue. Sem perceber
estava sendo espiritualmente influenciado pelos homens que matei que se
organizaram em uma trevosa falange a fim de me ver morto também. O
sacerdote era o líder. Passei então a ser vítima do ódio que semeei.
Sem
morada e sem rumo, mas com um tenebroso exército de homens odiosos,
avançamos contra várias aldeias e povoados, aniquilando vidas inocentes e
temerosamente assombrando todo o Egito antigo. Assim invadimos terras e
mais terras, manchamos as sagradas águas do Nilo de sangue, bebíamos e
nos entregávamos às depravações com todas as mulheres que capturávamos.
Foi uma aventura horrível. Quanto mais ódio eu tinha, mais eu queria
ter. Se eu não podia ter minha mulher, então que nenhum homem em parte
alguma poderia ter. Entreguei-me a outros homens, mas ao mesmo tempo
violentava bruscamente as mulheres. As crianças, lamentavelmente nós
matávamos sem piedade. Nosso rastro era de ódio e destruição completa.
Até que chegamos aos palácios de um majestoso faraó, que também
despertava muito ódio em alguns dos mais interessados em destruí-lo,
pois os mesmos não concordavam com sua doutrina ou religião. Eis que
então fomos pagos para fazer o que tínhamos prazer em fazer, matar o faraó.
Foi
decretada então a minha morte. Os fiéis soldados do palácio, que eram
muito numerosos, nos aniquilaram com a mesma impiedade que tínhamos para
com os outros. Quem com ferro ferem, com ferro será ferido. Isto coube
na medida exata para conosco.
Parti
para o inferno. Mas não falo do inferno ao quais os leitores estão
acostumados a ouvir nas lendas das religiões efêmeras que pregam por aí.
O inferno a que me refiro é o inferno da própria consciência. Este sim é
implacável. Vendo meu corpo inerte, atingido pelo golpe de uma espada, e
sangrando, não consegui compreender o que estava acontecendo. Mas o
sangue jorrava-me fez recordar-me de todas as minhas atrocidades. Olhei
todo o espaço ao meu redor e tudo o que vi foram pessoas mortas. Tudo se
transformou de repente. Todos os espaços eram preenchidos com corpos
imundos e fétidos, caveiras e mais caveiras se aproximavam e se
afastavam. Naquele êxtase, cai derrotado. Não sei quanto tempo fiquei
ali, inerte e chorando, vendo todo aquele horror.
Tudo
era sangue, um fogo terrível ardia em mim e isso era ainda mais cruel.
Minha consciência se fechou em si mesma. O medo se apossou de mim, já
não era mais eu, mas sim o peso de meus erros que me condenava. Nada eu
podia fazer. As gargalhadas vinham de fora e atingiam meus sentidos bem
lá no fundo. O medo aumentava e eu chorava cada vez mais. Lá estava eu,
absolutamente derrotado por mim mesmo, pelo meu ódio cada vez mais sem
sentido. Onde estava o amor com que eu construí meu povoado? Onde
estavam meus companheiros? Minha querida esposa? Todos me abandonaram.
Nada mais havia a não ser choro e ranger de dentes. Reduzi-me a um
verme, jogado nas trevas de minha própria consciência e somente quem tem
a outorga para entrar nesta escuridão é que pode avaliar o que
estou dizendo, porque é indescritível. Recordar de tudo isto hoje já
não me traz mais dor alguma, pois muito eu aprendi deste episódio triste
de minha vida espiritual.
Por longos anos eu vaguei nesta imensidão escura, pisoteado pelos meus inimigos, até o fim das minhas forças.
Já
não havia mais suspiro, nem lágrimas, nem ódio, nem amor, enfim nada
que se pudesse sentir. Fui esgotado até a última gota de sangue,
tornei-me um verme. E na minha condição de verme, eu consegui num último
arroubo de minha vil consciência pedir socorro a alguém que pudesse me
ajudar. Eis que então, depois de muito clamar, surgiu um alguém que veio
a tirar-me dali, mesmo assim arrastado. Recordo-me que estava atado a
um cavalo enorme e negro e o cavaleiro que o montava assemelhava-se a um
guerreiro, não menos cruel do que fui. Depois de longa jornada, fui
alojado sobre uma pedra. Ali me alimentaram e cuidaram de mim com
desvelo incompreensível. Será que ouviram meus apelos? Perguntava-me intimamente. Sim claro, senão ainda estaria lá naquele inferno, respondia-me a mim mesmo. “–Cale-se e aproveite o alvitre que vosso pai vos concedeu.”-
Disse uma voz vinda não sei de onde. O que eu não compreendi foi como
ele havia me ouvido, já que eu não disse palavra alguma, apenas pensei,
mas ele ouviu. Calei-me por completo.
Por
longos e longos anos fiquei naquela pedra, semelhante a um leito, até
que meu corpo se refez e eu pude levantar-me novamente. Apresentou-se
então o meu salvador. Um nobre cavaleiro, armado até os dentes.
Carregava um enorme tridente cravado de rubis flamejantes. Seu porte era
enorme. Longa capa negra lhe cobria o dorso, mas eu não consegui ver
seu rosto.
– Não tente me olhar imbecil, o dia que te veres, verá a mim, porque aqui todos são iguais.
Disse
o homem em tom severo. Meu corpo tremia e eu não conseguia conter,
minha voz não saía e eu olhava baixo, resignando-me perante suas ordens.
- Fui ordenado a conduzir-lhe e tenho-te como escravo. Deves
me obedecer se não quiser retornar àquele antro de loucos que estavas.
Siga minhas instruções com atenção e eu lhe darei trabalho e comida.
Desobedeça e sofrerás o castigo merecido.
- Posso saber seu nome, nobre senhor?
- Por enquanto não, no tempo certo eu revelarei, agora se cale, vamos ao nosso primeiro trabalho.
- Esta bem.
Segui
o homem. Ele de cavalo e eu corríamos a atrás dele, como um serviçal.
Vagamos por aqueles lugares sujos e realizamos várias tarefas juntos.
Aprendi a manusear as armas, que me foram dadas depois de muito tempo.
Aos poucos meu amor pela criação foi renascendo. As várias lições que me
foram passadas me faziam perceber a importância daqueles trabalhos no
astral inferior. Gradativamente fui galgando os degraus daquele mistério
com fidelidade e carinho. Ganhei a confiança de meu chefe e de seus
superiores. Fui posto a prova e fui aprovado. Logo aprendi a volitar e
plasmar as coisas que queria. Foram anos e anos de aprendizado. Não sei
contar o tempo da terra, mas asseguro que menos de cem anos não foram.
Foi
então que numa assembléia repleta de homens iguais ao meu chefe, eu fui
oficialmente nomeado Exu. Nela eu me apresentei ao Senhor Omulu e ao
divino trono de Mehor-yê, assumindo as responsabilidades que todo Exu
deve assumir se quiser ser Exu.
- Amor a Deus e às suas leis;
- Amor à criação do Pai e a todas as suas criaturas;
- Fidelidade acima de tudo;
- Compreensão e estudo, para julgar com a devida sabedoria;
- Obedecer às regras do embaixo, assim como as do encima;
E algumas outras regras que não me foi permitido citar, dada a importância que elas têm para todos os Exus.
A princípio trabalhei na falange de meu chefe, por gratidão e simpatia.
Mas
logo me surgiu a necessidade de ter minha própria falange, visto que os
escravos que capturei já eram em grande número. Por esta mesma época,
aquele antigo sacerdote do meu povoado, lembram-se? Pois é, ele
reencarnou em terras africanas e minha esposa deveria ser a esposa dele,
para que a lei se cumprisse. Vendo o panorama do quadro que se formou,
solicitei imediatamente uma audiência com o Divino Omulu e com O Senhor
Ogum Megê e pedi que intercedessem para que eu pudesse ser o guardião de
meu antigo algoz. Meu pedido foi atendido. Se eu fosse bem sucedido
poderia ter a minha falange. Assim assumi a esquerda do sacerdote, que,
na aldeia em que nasceu, foi preparado desde menino para ser o Babalorixá,
em substituição ao seu pai de sangue. A filha do babalawo era minha
ex-esposa e estava prometida ao seu antigo algoz. Assim se desenvolveu a
trama que pôs fim às nossas diferenças. Minha ex-mulher deu a luz a
vinte e quatro filhos e todos eles foram criados com o devido cuidado.
Muito trabalho eu tive naquela aldeia. Até que as invasões e as capturas
e o comércio de negros para o ocidente se fizeram. Os trabalhos
redobraram, pois tínhamos que conter toda a revolta e ódio que emanava
dos escravos africanos, presos aos porões dos navios negreiros.
Mas
meu protegido já estava velho e foi poupado, porém seus filhos não,
todos foram escravizados. Mas era a lei e ela deveria ser cumprida.
Depois
de muito tempo uma ordem veio do encima: “Todos os guardiões devem se
preparar, novos assentamentos será necessário, uma nova religião iria
nascer o que para nós era em breve, pois não sei se perceberam, mas o
tempo espiritual é diferente do tempo material. Preparamo-nos, conforme
nos foi ordenado. Até que a Sagrada Umbanda foi inaugurada. Então eu fui
nomeado Guardião à esquerda do Sagrado Omulu-yê e então pude assumir
meu trono, meu grau e meus degraus. Novamente assumi a obrigação de
conduzir meu antigo algoz, que hoje já está no em cima, feito
meritoriamente alcançado, devido a todos os trabalhos e sacrifícios
feitos em favor da Umbanda e do bem".
Hoje,
aqui de meu trono no embaixo, comando a falange dos Exus Caveira e
somente após muitos e muitos anos eu pude ver minha face em um espelho e
notei que ela é igual à de meu tutor querido o Grande Senhor Exu Tatá
Caveira, ao qual devo muito respeito e carinho. Não confundam Exu
Caveira, com Exu Tatá Caveira, os trabalhos são semelhantes, mas os
mistérios são diferentes.
Tatá
Caveira trabalha nos sete campos da fé; Exu caveira trabalha nos
mistérios da geração na calunga, porque é lá que a vida se transforma,
dando lugar à geração de outras vidas, mas não se esqueçam que há sete
mistérios dentro da geração, principalmente a Lei Maior, que comanda
todos os mistérios de qualquer Exu. Onde há infidelidade ou desrespeito
para com a geração da vida ou aos seus semelhantes, Exu Caveira atua,
desvitalizando e conduzindo no caminho correto, para que não caiam nas
presas doloridas e impiedosas do Grande Lúcifer-Yê, pois não desejo a
ninguém um décimo do que passei. Se vossos atos forem bons e louváveis
perante a geração e ao Pai Maior, então vitalizamos e damos forma a
todos os desejos de qualquer um que queira usufruir dos benefícios dos
meus mistérios.
De qualquer maneira, o amor impera sim, o amor, e por que Exu não pode falar de amor? Ora
se foi pelo amor que todo Exu foi salvo, então o amor é bom e o
respeito a ele conserva-nos no caminho. Este é o meu mistério. Em
qualquer lugar da calunga, pratique com amor e respeito a sua religião e
ofereça velas pretas, vermelhas e roxas, farofa de pinga com miúdos de
boi. Acenda de um a sete charutos, sempre em números ímpares e
aguardente. De acordo com o número de velas, acendem-se sete velas,
assente sete copos e sete charutos, assim por diante. Agrupe sempre as
velas da mesma cor juntas e forme um triângulo com o vórtice voltado
para si, as velas roxas no vórtice, as pretas à esquerda e as vermelhas à
direita, simbolizando a sua
fidelidade e companheirismo para conosco, pois Exu Caveira abomina
traição e infidelidade, como, por exemplo, o aborto, isto não é tolerado
por mim e todos os que praticam tal ato é então condenado a viver sob
as hostes severas de meu mistério. Peça o que quiser com fé, e com fé
lhes trarei, pois todos os Exus Caveira são fiéis aos seus médiuns e
àqueles que nos procuram.
A
falange de Exus Caveira pertence à falange do Grande Tatá Caveira, que é
o pai de todos os Exus assentados à esquerda do Divino Omulu, os
demais, não posso citar falo apenas do meu mistério, pois dele eu tenho
conhecimento e licença para abrir o que acho necessário e básico para o
vosso aprendizado, quanto ao mais, busquem com vossos Exus pessoais, que
são grandes amigos de seus filhos e certamente saberão orientar com
carinho sobre vossas dúvidas. Um último detalhe a ser revelado é que
todos os que têm Exu Caveira como Exu de trabalho ou protetor, é porque
em algum momento do passado, pecaram contra a criação ou à geração e
ambos, protetores e protegido tem alguma correlação com estes atos
errôneos de vidas anteriores.
Tenham certeza, se seguirem
corretamente as orientações, com trabalho e disciplina, o mesmo que
sucedeu com meu antigo e grande Sumo Sacerdote, sucederá com vocês
também, porque este é o nosso desejo. Mais a mais, se um Exu de minha
falange consegue vencer através de seu médium ou protegido, ele
automaticamente alcança o direito de sair do embaixo e galgar os degraus
da evolução em outras esferas.
“Que o Divino Pai maior possa lhes abençoar e que a Lei Maior e a Justiça Divina lhes dêem as bênçãos de dias melhores”.
Com carinho
Exu Caveira.
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Rosa Caveira |
Esta
entidade que acompanha o Exu Caveira, trabalha na linha dos cemitérios e
por lá tem muito prestigio! quando alguém quiser ofertar esta
pomba-gira, não esqueça do marafo do Seu Caveira, pois caso contrário
ele não irá deixar ela te receber. Recebe suas oferendas nos portões ou
no segundo cruzeiro do cemitério. Suas velas são pretas e brancas e sua
oferenda leva bolinhos de carne moída crua, com pimenta , sal e dendê.
Adora rosas e perfumes e trabalha para o que você quiser! Cuidado para
não fazer o mal a ninguém, pois ele sempre voltará a você! Entregue seus
problemas a Rosa Caveira, pois saberá como resolvê-los sem atrapalhar
ninguém!
Exú Caveira
O
que sei sobre o Seu Caveira é fruto do que ele mesmo ensinou e falou,
coisa simples pois ele também não acredita ser necessária uma
decodificação da Quimbanda, é preciso sim crer, ter fé. Exu Caveira é
uma entidade nomeada por Oxalá, quando da criação da vida humana na
Terra, para cuidar do desencarne. É uma entidade incriada como todos os
espíritos, porém sua consciência é anterior a criação da Terra derivada
das Águas Ancestrais, do Verbo Divino; é Ele uma espécie de 'carrasco
chefe' no plano terreno e policial no plano astral do campo da
escuridão, da esquerda; responsável por ceifar a vida terrena, do
indivíduo, no momento certo, entre outras tarefas, para as quais é
imprescindível ajuda de toda sua falange que dizem eles ser formada
pelos Exus:

Tata
Caveira, Pemba, Brasa, Carangola, Pagão, Arranca Toco, Exu do Lodo e
Pomba Gira Rainha do Cemitério. Devido ao respeito mostrado por outros
Exus ao Seu Caveira, durante a Gira, chamando-o de 'chefe' tenho opinião
de que a falange é bem maior somando o total de 49 Exus, isso não deve
ter muita importância no entendimento sobre o tema pois uma
decodificação, creio, é sempre prematura tendo em vista que o
desenvolvimento espiritual e a Lei do Karma, são eternos, e isso também
vale na esfera dos Exus... no campo da fé só é preciso acreditar.Exu
Caveira, dizem alguns, é um desdobramento do próprio Sr. Omolu que
assume a forma de Exu Caveira para trabalhar mais ativamente nas Giras
de Quimbanda. É, digamos assim, o braço direito deste Orixá.
Também existe quem fale que os Senhores João Caveira, Tata Caveira, Exu
Caveira e Exu Caveirinha são a mesma entidade desdobrando-se ou mesmo
apresentando-se cada vez com um destes quatro nomes, coisa que acho
difícil pois o trabalho nas Giras de Quimbanda tem mostrado por
diversas vezes os quatro incorporados em um mesmo trabalho, com
personalidades parecidas porém características próprias, individuais de
cada um, tenho certeza que os 4 existem de fato como entidades
distintas; porém talvez tenham mesmo se originado num desdobramento
ocorrido num passado distante, anterior a própria criação, não tenho
dúvidas de que Seu Caveirinha e Seu João Caveira pertencem a mesma
falange, teoria esta que desmente as decodificações anteriores baseadas
nas falanges de divindades pagãs e descrições do Grimorium Verum isso
apesar de em muitas vezes o sincretismo indicar e descrever também, de
fato, características próprias destes espíritos.
Pelo
que foi dito pelo Seu Caveira ele encarnou na Terra, em forma humana,
pela 1ª vez há pouco mais de 30.000 anos: "Quando encarnei pela primeira
vez na Terra, há mais de 30.000 anos, estava tudo desolado e tive que
me alimentar de um óleo que brotava do chão para sobreviver" disse ele
explicando porque tem costume de beber azeite de dendê. Em todas as suas
encarnações sofreu o como sofrem os seres humanos
comuns para poder alcançar um grau maior de evolução sei que por
escolha própria, apesar de gostar de riqueza nunca foi um nobre muito
endinheirado ou teve alguma posição de grande destaque na sociedade,
optando sempre por levar a vida simplesmente, sem apegar-se a luxos
terrenos, sem fixar residência num mesmo lugar durante toda a vida e
praticando até um relativo isolamento. Um fato curioso que vem sendo
amplamente divulgado pelos próprios Caveiras é que uma
vez encarnaram todos juntos, me parece que num total de 49 pessoas, no
antigo Egito e fizeram parte de uma mesma seita aonde Seu Tata era o
sacerdote, por praticarem o moteísmo foram todos condenados a serem
queimados vivos, fato este que acredito ter realmente acontecido; creio
que a encarnação e reencarnação destas entidades na Terra, partindo
desta e passando pelo Brasil colonial aonde encarnaram como senhores de
engenho, fazendeiros, barões e feitores de escravos (o que explica o
fato de terem por Lei de obedecer aos Pretos e Pretas Velhas para
trabalhar no Terreiro) teve relação direta com o fato de hoje eles
trabalharem na Lei de Umbanda através da Quimbanda.
Exu Caveira, juntamente com Seu Tata Caveira, são responsáveis diretos
pela administração do vício na Terra, na maior parte vicio em drogas
pesadas que alteram a percepção e causam dependência física e ou
psíquica, incluindo álcool e cigarros, eles podem também facilmente
influir na sanidade corporal e psíquica das pessoas tirando ou dando
lucidez e ou saúde física, claro que sempre de acordo com o merecimento,
Karma, da pessoa que sofre sua influência ou de sua falange. Exu não
pode simplesmente fazer mal a um inocente por isso a importância de se
levar uma vida correta. O vício é usado como ferramenta de trabalho por
Exu no dever de fazer cumprir o Karma, ou mesmo como provação. O livre
arbítrio nos da o poder da decisão, podemos escolher formas mais brandas
de cumprir nosso Karma e de cuidar de nossa evolução e para isso
podemos contar com a proteção de Exu contra estes perigos e armadilhas
aonde ele é o mestre.
A falange dos Caveira mexe profundamente com o nosso conjunto dos
processos psíquicos conscientes e inconscientes devido ao grande medo da
morte que trazemos, dentro da maioria de nós, enquantoencarnados.
Por termos também impressos em nossa psique serem estas entidades
responsáveis diretos pelo desencarne, nada mais justo que lhes
prestarmos o devido respeito evitando assim qualquer espécie de
distúrbio no campo que lhes pertence.
Os Terreiros tradicionais, do início do século passado, têm grande
receio em invocar esta entidade e só o fazem quando a coisa fica pesada
mesmo, quando acontece algo que eles não compreendem ou mesmo não sabem
como lidar ai chamam Exu, já vi e ouvi até dizerem este poderoso Exu é
louco, intrigueiro e irresponsável, coisa que a mim, com todo respeito,
parece ridícula pois isso se deve ao único fato destas tendas ignorarem
uma boa Gira de Quimbanda por crenças de falsas morais que já não nos
servem mais nos dias de hoje.
Exu Caveira e sua falange tem em especial grande poder para favorecer a
qualquer espécie de especulação ensinando todas as táticas e artimanhas
da guerra, tendo em vista a vitória sobre os inimigos, é encarregado de
vigiar a entrada para cemitérios ou qualquer lugar aonde hajam pessoas
enterradas, seu poder é tal que muitas vezes incutem medo nos que o
invocam. Não existe trabalho ou despacho a ser realizado em um cemitério
sem a presença de Exu Caveira. Com todo este poder devemos mesmo ter
muito cuidado ao tentar manipular estas energias pois em caso de erro, e
errar é humano, os prejudicados seremos nós mesmos.
Seu Caveira apresenta-se na maioria das vezes como uma caveira, de
altura respeitável, vestida de preto e trazendo na mão alguma arma,
sendo mais comuns: a foice, o tridente, a espada, o gládio, elmo e
escudo, depende a ocasião ele pode aparecer com a cabeça coberta,
mostrando a caveira, ou não, pode-se identificá-lo
pelas mãos que parecem grandes garras devido ao tamanho das unhas e
dedos que assumem forma de garra pela aparente ausência de tecido. Sua
cor é o preto mas não raro usa também velas, ponteiros e pemba vermelha e
ou branca. Quando usa só pemba preta ou risca um caixão em seu ponto
ele está trabalhando com magia negra, quando usa 9 velas pretas
geralmente é Vodu.
É sincretizado com a divindade pagã conhecida, em sânscrito, por
Sergulath, e sua falange, pela ordem: Próculo, Haristum, Brulefer,
Pentagnony, Aglassis, Sidragosam, Minoson e Bucon, perfazendo um total
de nove, número este o preferido de Exu Caveira e por ele utilizado na
magia. Também podemos encontrar outros sincretismos de Exu Caveira
através dos cultos e épocas. Do sincretismo com a divindade pagã é que
vem a estatueta 'demoníaca' de Exu Caveira encontrada em casas de
artigos religiosos, acredito que pode ele realmente assumir esta forma
digamos assim 'horrenda' ou até mesmo mais assustadora para trabalhar
nas esferas abissais ou no limbo (inferno).
Desde que se propôs, juntamente com outros Exus, a trabalhar em conjunto
com a Umbanda, exatamente na época de sua divulgação em 1908 pelo
Caboclo das Sete Encruzilhadas, no início do século passado, é cada vez
mais raro ver este Exu, incorporado fora de Terreiros que saraivem às 7
Linhas da Umbanda e 7 Linhas da Quimbanda equilibradamente e na pratica
da caridade porém, mesmo que mais raramente, ele continua presente em
atividade também em diversos cultos com maior destaque para a Santeira, o
Vodu, as Macumbas, o Candomblé e Batuques, cultos aonde tem sempre
aparelhos disponíveis para incorporação caso seja invocado.
Deve-se alertar para o fato de existirem espíritos mal
intencionados
que tentam passar-se por Exu Caveira; por este ter onipresença e grande
poder nas Trevas, estes zombeteiros usam seu nome na presença dos
incautos prometendo cometer barbaridades em troca de alguns patacos e
oferendas; no plano espiritual também existem vigaristas que procuram
semelhantes na Terra, Exu Caveira está presente para colocar estes
charlatões em seus devidos lugares.Tenha
certeza, Seu Caveira é um Exu bastante antigo, amigo e companheiro.
Quando é de nosso merecimento é mais do que irmão; mas deve-se cuidar
para digamos assim 'não sair da linha' porque ele pode se tornar um
verdadeiro tormento aos que com ele não souberem tratar, devemos lembrar
de que ele é o carrasco que nos visitará no segundo fatal.
O poderoso Exu Caveira, O Rei das Catacumbas do Inferno, é sempre merecedor de grande respeito por parte
daqueles que o invocam.
Exu Caveira
Exu
Caveira, foi nomeado por Deus (Jesus), quando da criação humana na
Terra, para cuidar do desencarne. Da mesma forma que todo espírito,
inclusive o meu, o seu, é uma criação, é uma recriação, sempre existiu;
entretanto sua consciência é mais antiga que a da maioria dos habitantes
desta esfera,anterior a criação da Terra. Seu Caveira habitava as Águas Ancestrais, das quais Deus criou tudo o que vemos e parte do que não vemos.
Para melhor entendimento faço analogia:
Exu
Caveira é como um carrasco na Terra é um policial de alta patente no
plano Astral. Um Exu lavrador do campo da escuridão, da esquerda;
responsável por ceifar a vida terrena, do individuo, no momento certo.
Mas não tenha medo, isso porque ele também cuida da vida; ninguém faz
hora extra na terra mas o desencarne prematuro
existe. Exu entra aí, cuidando dos seus protegidos para que não façam
uso indevido de seu livre arbítrio de forma a abreviar sua existência.
Caveira, teve encarnações
como: Caçador, Pajé, Bruxo, Adivinho, Mago, Profeta, Sacerdote, Padre
Inquisidor, Xamã, Monge, Senhor de Engenho, Navegador e Jesuíta e
outros.
"Exu Caveira, juntamente com seu Tata Caveira é responsável pela administração dos vícios, como objeto de pena Kármica.
O vício é usado como ferramenta de trabalho por Exu, no dever de fazer cumprir o Karma, ou como Provação".
“Entretanto o Livre Arbítrio nos dá o poder da decisão”.
De
repente, começa a avaliar como tem sido a vida, pois em certos períodos
muita gente pára, e faz uma espécie de balanço da vida. Nesses
momentos de íntima reflexão acabamos não encontrando explicação do
porque de certas escolhas feitas por nós ao longo da vida. Muito
provavelmente hoje diante da mesma situação, buscaríamos alternativas
diferentes. Poderíamos dizer que estamos em constante mutação e o
estímulo é exatamente nossa experiência de vida, mas é aí que mora o
perigo.
"Quando vieram para cá integrar essa natureza, trouxe escrito na alma todas as respostas possíveis de serem compreendidas".
Bastaria estar em total sintonia com a natureza Criadora para que
pudesse instintivamente viver a vida terrena em sua plenitude. O que nos
difere de todos os outros seres viventes, é exatamente nossa
inteligência e capacidade de escolha, é nesse momento que todas as
emoções passam a valer mais que nosso instinto. Durante toda vida
cometemos muitos equívocos, mas cá entre nós, em todos esses momentos de
tomada de decisão, nosso instinto sabia exatamente o correto a fazer,
mas nós temos o poder da escolha.
Um dia estaremos sentado frente à janela molhada pela chuva, e o
pensamento viajará pelo passado, e ficaremos imaginando como teria sido a
vida se nossas escolhas e atitudes não fossem aquelas do tempo. A
garganta irá parecer sufocar diante do arrependimento repentino e
inexplicável. Será como se nosso instinto estivesse nos cobrando por
algo que deixamos de fazer e desconhecemos. Iremos então ler o diário de
toda vida vivida, mas não compreenderemos muita coisa, e talvez não reconheçamos mais nossa própria letra, afinal quem escreveu no meu diário?