Muita coisa se fala sobre o abuso
sexual infantil, sobre os pedófilos e seus perfis psicológicos, mas
sinceramente não consigo ver outro ponto principal senão A CRIANÇA.
Vemos que há falta de informação,
talvez até mesmo falta de interesse. Afinal é muito doloroso para os pais
conceberem a ideia de que o filho foi abusado sem se sentirem culpados.
O abuso sexual é qualquer ato que
exponha a criança. Não precisa necessariamente ser uma relação sexual completa.
O próprio nome diz ABUSO. Forçar ou encorajar a criança a ver filmes
impróprios, usar sua imagem em conteúdos sexuais, a “simples” tentativa de
fazer com que a criança participe de atos sexuais, o toque em partes do seu
corpo com o objetivo de obter prazer, ou fazer com que a criança o toque.
Hoje, com fácil e rápido acesso à
internet, as crianças acabam passando por experiências muitas vezes impróprias
para sua idade, e os pais precisam estar atentos para o que os filhos fazem
diante da tela (seja do computador ou do celular). É preciso ter um diálogo
aberto, de fácil compreensão, para que a criança/adolescente não se sinta
vigiado ou invadido em sua privacidade. Orientá-los e mantê-los por perto é
sempre a melhor solução.
Mas por que é tão difícil contar?
Simples. Quando criança estamos em formação, não entendemos muitas coisas que
nos acontecem. Várias características pioram a situação: a criança pode se
sentir culpada, o agressor pode manipular e ameaçar a ela e a família, o
agressor pode ser ALGUÉM PRÓXIMO e de “confiança”. A criança acaba demonstrando
através de inúmeros sintomas que algo de errado e/ou incomum está ocorrendo com
ela: mudança de comportamento em casa/na escola; distanciamento ou medo de
algum parente ou amigo da família sem motivos concretos; rendimento na escola
caindo; perda de apetite; pesadelos; até mesmo regredir e voltar a chupar dedo
e/ou fazer xixi na cama… Cabe aos pais estarem atentos aos sintomas e
procurarem ajuda. Caso a criança conte, os pais devem ouvir atentamente, pois
dificilmente uma criança mentiria sobre um assunto tão sério. Os pais precisam
acolhê-la, confortá-la e demonstrar todo seu carinho e amor neste momento,
dizendo que a culpa NÃO é da criança. O próximo passo é investigar melhor o
caso e denunciar, pois isso é crime! A denúncia deve ser feita ao DISQUE 100,
que é uma ligação gratuita e pode ser feita de qualquer telefone. E,
claro, procurar terapia para ambos, pois os pais também podem ter traumas
provocados pela culpa… O atendimento psicológico é extremamente importante para
a superação desse trauma.
Infelizmente o número de casos é
enorme, mas por medo de retaliação, vergonha (sim, muitos sentem vergonha),
trauma psicológico, a grande maioria não denuncia e vive com este sofrimento
para sempre dentro de si mesmos. Os traumas podem gerar infinitas
consequências: desde a sexualidade exacerbada até mesmo à dificuldade de
confiar nos adultos e se relacionar com eles. Muitos que sofreram este tipo de
abuso nunca contaram para ninguém, nunca desabafaram, acreditam que não têm
traumas, e não sabem que o trauma gerado causou em si danos que interferem em
sua vida atualmente e vão interferir para sempre se não procurarem ajuda.
Por isso, não guarde para si uma dor tão difícil de carregar. Procure
ajuda. Procure um Psicólogo!
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