Por Alejandro
Peña Esclusa
Resumo: Alejandro Peña Esclusa, presidente
da Força Solidária
- que
organizou
as
passeatas-monstro
contra
Hugo Chávez -
denuncia:
O Foro de São Paulo vive de narcotráfico, seqüestro,
assalto a banco e roubo de gado.© 2002 MidiaSemMascara.org
Interrogado pelos jornalistas, Raúl Reyes, líder guerrilheiro colombiano,
admitiu em sua recente visita à Venezuela que as FARC formam parte
do chamado Foro de São Paulo. Vejamos a que se referia. Depois da queda do Muro de Berlim em 1989 e da derrubada do
comunismo na ex-União Soviética, Fidel Castro decidiu substituir
o apoio que recebia do Bloco Oriental pelo de uma transnacional
latino-americana.
Texto completo
Aproveitando o poder parlamentar que tinha o Partido dos Trabalhadores
(PT) no Brasil, Fidel Castro convocou em 1990, junto com Luis Inácio
“Lula” da Silva, todos os grupos guerrilheiros da América Latina a
uma reunião na cidade de São Paulo.
Além do próprio PT e do Partido Comunista de Cuba, acudiram ao
chamado o Exército de Libertação Nacional (ELN) e as Forças
Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC); a Frente
Sandinista de Libertação Nacional (FSLN) da Nicarágua; a União
Revolucionária Nacional da Guatemala (URNG); a Frente Farabundo
Martí de Libertação Nacional (FMLN) de El Salvador; o Partido da
Revolução Democrática (PRD) do México; e várias dezenas mais
de grupos guerrilheiros e partidos de esquerda da região que iam
se juntando ao longo dos anos, como o Exército Zapatista de
Libertação Nacional (EZLN) do México.
Alí decidiram formar uma organização que se auto-denominou
Foro de São Paulo.
Para dirigi-lo centralizadamente, criaram um Estado Maior civil, dirigido
por Fidel Castro, Lula, Tomás Borge e Frei Betto, entre outros,
e um Estado Maior militar, comandado também pelo próprio
Fidel Castro, o líder sandinista Daniel Ortega, e no qual tem
um papel importante o argentino Enrique Gorriarán Merlo.
Gorriarán Merlo foi fundador do Exército Revolucionário do Povo
(ERP) e posteriormente do Movimento Todos pela Pátria (MTP).
Gorriarán Merlo é o autor do ataque terrorista de janeiro de
1989 ao regimento de infantaria La Tablada, em Buenos Aires,
no qual morreram 39 pessoas, e foi quem encabeçou a esquadra
que assassinou Anastasio Somoza em Assunção, Paraguai, em
setembro de 1980.
Gorriarán Merlo também organizou a maquinaria militar do Movimento
Revolucionário Tupac Amaru (MRTA), o mesmo que há três anos
e meio tomou a residência do embaixador japonês em Lima.
O Foro de São Paulo tem um sistema de comunicação
permanente,
e até produz uma revista trimestral própria, denominada
América Livre.
Estabeleceu uma forma sólida e permanente de financiamento, baseada
em sequestro, roubo de gado, cobrança de impostos, assaltos a
bancos, pirataria, narcotráfico e demais atividades ilegais que rotineiramente
praticam os grupos guerrilheiros na América Latina.
Tendo em vista que o marxismo dos anos sessenta já estava caduco e
desprestigiado, os diretores do Foro de São Paulo decidiram
adotar formalmente diversos disfarces:
um foi o do indigenismo, ou a suposta luta pelos direitos dos indígenas,
para encobrir a formação de grupos guerrilheiros (Exército Zapatista
de Libertação Nacional), e também a promoção do separatismo,
argumentando que os territórios ocupados pelas tribos indígenas
são próprios e não do Estado nacional.
Outro foi o do ecologismo radical que, alegando a proteção do meio
ambiente, justificou a ação de terroristas que obstaculizaram o
avanço do Estado em obras públicas de infraestrutura como rodovias
e tensão elétrica.
E finalmente, o de uma versão extremista da chamada Teologia
da Libertação (Frei Betto, Leonardo Boff, Paulo Evaristo Arns),
com o objetivo de dividir a Igreja Católica e justificar a violência
com argumentos supostamente cristãos.
Segundo um informe da AP, datado em Montevidéo, Hugo Chávez
se inscreveu no Foro de São Paulo em 30 de maio de 1995. Isto
foi confirmado por Pablo Beltrán, líder do ELN, em uma entrevista
realizada pela Globovisión em 17 de novembro de 1999.
Financiamento do narcotráfico
Há quatro anos o investigador
colombiano Jesús E. La Rotta publicou
um livro intitulado As Finanças
da Subversão Colombiana, no qual
revela os resultados de suas
investigações sobre as fontes de
financiamento das FARC, do ELN e do EPL.
Fazendo uso de numerosos gráficos e tabelas, La Rotta identifica
seis formas ou modos gerais por meio dos quais os guerrilheiros
colombianos obtêm entrada de dinheiro, a saber:
a extorsão em menor escala, como os impostos, o bilhete e a cobrança
de pedágios, de onde obtêm um total de 1.030 milhões de dólares ao ano;
a extorsão em grande escala a empresas nacionais e multinacionais
nos diversos setores como o petroleiro, agrícola, pecuário,
industrial, comercial e financeiro, de onde arrecadam 5.270 milhões
de dólares anuais;
o abigeato ou roubo de gado, de onde recolhem 270 milhões de
dólares anualmente; os assaltos, por meio dos quais conseguem
400 milhões de dólares ao ano;
a pirataria, seja terrestre, fluvial, marítima ou aérea, que lhes rende
150 milhões de dólares em depósitos anuais e, finalmente,
o narcotráfico, de onde obtêm 1.130 milhões de dólares ao ano.
Tudo isso soma oito mil duzentos e cinquenta (8.250) milhões
de dólares ao ano, cifra muito superior aos orçamentos de
todas as Forças Armadas Nacionais de todos os países andinos.
Todavia, La Rotta admite que se tratam de cifras de 1994, e
explica que “os grupos subversivos, em particular as FARC e
o, entraram em franco processo de substituição dos cartéis da
droga desmantelados e que, cumprido tal processo, se
fechará o círculo do enriquecimento quando incorporarem em
plenitude o produto global do narcotráfico, que pode
representar-lhes depósitos de dinheiro superiores”.
Poucos meses depois de haver-se publicado o livro de La Rotta,
saiu o livro O Cartel das FARC, elaborado por major colombiano
Luis Alberto Villamarín Pulido, o qual alega que as Forças Armadas
Revolucionárias da Colômbia constituem o terceiro e mais poderoso
cartel das drogas.
Embora já existissem provas da vinculação do ELN e das FARC
com o narcotráfico, os documentos retidos em 31 de janeiro de
1996 das quadrilhas 14 e 15 das FARC, por tropas da Brigada
12 em Paujil (Caquetá), comprometem ainda mais os guerrilheiros
com o tráfico de drogas: aparecem as frequências de VHF e inúmeros
telefonemas dos capos do Cartel de Cali, assim como atas de
reuniões entre as FARC e os narco-traficantes.
O livro está cheio de afirmações impressionantes, como esta:
“A infraestrutura do cartel das FARC tem todos os elementos
de organização e controle próprios dos bandos de mafiosos
que inundam o mundo civilizado com o tráfico ilícito de cocaína,
com o agravante de que ameaçam camponeses, envolvendo-os
com as milícias bolivarianas e o partido comunista clandestino.
A ação dos delinquentes do cartel das FARC ultrapassa as fronteiras
nacionais”.
Alejandro Peña Esclusa é o presidente da Fuerza Solidaria, a
ONG que organiza os protestos populares contra o governo
Hugo Chávez na Velezuela.
Tradução: Graça Salgueiro
|