quarta-feira, 16 de novembro de 2011

GÊNEROS POÉTICOS


"Todas as coisas têm seu mistério, e a
poesia é o mistério que todas as coisas têm."

(García Lorca)                          

Poesia é a forma de expressão lingüística destinada a evocar sensações, impressões e emoções por meio da união de sons, ritmos e harmonias, utilizando-se vocábulos essencialmente metafóricos.
A poesia surgiu intimamente ligada à música. A poesia dos aedos gregos e trovadores medievais promovia a união entre a letra do poema e o som. Ao longo dos anos, este vínculo foi se intensificando, mas houve uma distinção técnica entre a música (que passou a ser escrita em pautas) e a poesia que preservou a rítmica natural, e passou a ser construída por meios gramaticais. Posteriormente, a poesia ganhou fundamentos e regras próprias.
Existe alguma divergência entre o que significa Poema e Poesia. Para efeito geral, considera-se que são sinônimos; mas para a definição acadêmica, Poesia é o gênero de composição poética e Poema é a obra deste gênero.
Para que entendamos melhor, vejamos a definição de Poema segundo o eminente escritor, Assis Brasil:

"Poema é o "objeto" poético, o texto onde a poesia se realiza, é uma forma, como o soneto que tem dois quartetos e dois tercetos, ou quatorze versos juntos, como é conhecido o soneto inglês. Um poema seria distinto de um texto ou estrofes. Quando essa nomenclatura definitiva é eliminada, passando um texto a ser apresentado em forma de linhas corridas, como usualmente se conhece a prosa, então se pode falar em poema-em-prosa, desde que tal texto (numa identificação sumária e mecânica) apresente um mundo mais "poético", ou seja, mais expressivo, menos referente à realidade. A distinção se torna por vezes complexa. (...) a poesia pode estar presente quer no poema que é feito com um certo número de versos, quer num texto em prosa, este adquirindo a qualidade poema-em-prosa".

Já Poesia, Assis Brasil define assim:

"(...) uma manifestação cultural, criativa, expressiva do homem. Não se trata de um 'estado emotivo', do deslumbre de um pôr-do-sol ou de uma dor-de-cotovelo; é muito mais do que isso, é uma forma de conhecimento intuitivo, nunca podendo ser confundido o termo poesia com outro correlato: o poema".


Os Gêneros Literários

A palavra Gênero vem do latim Generu, que significa família; ou seja, agrupamento de indivíduos ou seres que têm características comuns. Portanto, os gêneros literários são agrupados por suas semelhanças.
Platão foi o primeiro autor a se preocupar em separar as obras literárias em três gêneros:
  • tragédia e comédia (teatro);
  • poesia lírica, ou ditirambo;
  • poesia épica.
Este conceito foi adotado na civilização greco-romana e se estendeu até o Renascimento, onde houve uma super valorização da produção da Antigüidade. Platão acreditava que os gêneros pré-existiam aos autores, e cada segmento possuía regras próprias que deviam ser obedecidas rigorosamente, não havendo portanto, influência de um gênero sobre o outro. Porém, no século XIX os autores românticos romperam os limites dos gêneros imutáveis, e adotaram os gêneros comunicantes, resultando na criação de novos segmentos como o drama.
Neste caso, os gêneros eram adaptados às espécies (formas) que lhes eram mais adequados a própria expressão, sendo em prosa ou verso. O épico, narrativo e grandioso, exigia versos maiores e solenes. O lírico, às vezes tranqüilo, outras vezes intempestivo, adequava-se a forma de poemas pequenos e graciosos, ou maiores e mais densos.

Gênero
Espécie
Lírico (geralmente em verso)
Soneto, ode, elegia, madrigal, etc.
Épico (em verso)
Epopéia, poema e poemeto
Dramático (prosa ou verso)
Tragédia, comédia e drama

O Gênero Lírico
A palavra lírico vem do latim, que significa lira; instrumento musical usado para acompanhar as canções dos poetas da Grécia antiga, e retomado na Idade Média pelos trovadores.
Pode-se dizer que o gênero lírico é a expressão do sentimento pessoal. "É a maneira como a alma, com seus juízos subjetivos, alegrias e admirações, dores e sensações, toma consciência de si mesma no âmago deste conteúdo" (Hegel).
De fato, o poeta lírico é o indivíduo isolado que interessa-se somente pelos estados da alma. É aquele que preocupa-se demasiadamente com as próprias sensações voltado para si. O universo exterior só é considerado quando existe uma identificação, ou é passível de ser interiorizado pelo poeta.

O Gênero Épico
O termo Épico vem do grego Epos, narrativa ou recitação. A poesia épica nasceu no Ocidente com Homero, poeta grego autor do que seria os primeiros modelos deste gênero: Ilíada e a Odisséia.
Na Idade Média, principalmente entre os séculos XII à XIV, surgiram várias narrativas que afastavam-se dos padrões clássicos. Eram inspirados em façanhas de guerra da cavalaria andante. Os mais conhecidos são: a Canção de Rolando, o Romance de Alexandre e os Romances da Távola Redonda.

O Gênero Dramático
No poema dramático, a história é contada através das falas dos personagens. As peças de teatro escritas em verso constituem forma de poesia dramática. Em sentido amplo, também pode ser considerado um exemplo o Caso do Vestido, de Carlos Drummond de Andrade. Através de uma suposta conversa entre mãe e filhas, o leitor acompanha uma história de amor e traição e tem os elementos para reconstituir o caráter e os sentimentos dos personagens principais.

Fontes:
Brasil, Assis - Vocabulário técnico de literatura. São Paulo: Tecnoprint, 1979

Adaptado por Spectrum

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