segunda-feira, 26 de março de 2012

É A BÍBLIA FRUTO DE UMA INTELIGÊNCIA SOBRE-HUMANA?



Existem cerca de 2 bilhões de Cristãos no mundo, muitos não são muito dedicados à religião, os Católicos Não-Praticantes por exemplo, mas há muitos outros que orientam sua vidas dentro dos preceitos religiosos que sua facção cristã prega. Alguns destes são bastante rígidos com relação ao seu modo de vida, fielmente pautados pela sua religião, e outros aderem ao Fundamentalismo, em geral protestantes.
O Pentecostalismo, e o Neo-Pentecostalismo, são os ramos do Cristianismo que mais crescem na atualidade, mas o Protestantismo tradicional, assim como vertentes diferenciadas como os Testemunhas de Jeová, e o Adventistas do Sétimo Dia, mantém-se firmes e em constante expansão.
Estes grupos, muito mais do que os Católicos, têm na Bíblia um guia, uma diretriz de orientação e conduta. É notório que além da "experiência mística", inerentemente humana e universal, e que pode ser interpretada sob a ótica de qualquer religião, essas milhões de pessoas não possuem outra fonte na qual basear sua fé que não seja a Bíblia.
Toda a Teologia, os fundamentos, as normas, os mitos, tudo depende única e exclusivamente da Bíblia. Muitas destas pessoas, definem sua própria existência através dela, só admitem a ela como autoridade e inspiração.
Qualquer argumento, raciocínio, postura ou conduta deve ser pautada rigorosamente na Bíblia. Ela é usada para dissuadir qualquer dúvida, apela-se a ela até mesmo para assuntos que a princípio estariam fora de seu escopo, sendo que muitos alegam que nada há além de seu escopo. Muitos crêem na absoluta superioridade da Bíblia sobre qualquer outra forma de conhecimento humano, sobre qualquer outra fonte de informação ou cultura. Muitos curvam-se ante seu conteúdo e decidem-se por ela até mesmo quando seus conceitos entram, ou pelo menos parecem entrar, em conflito direto com poderes e saberes seculares, com outras formas de crença, ou mesmo com o conhecimento científico.
Enfim, baseiam-se totalmente na Bíblia, num fundamento Bíblico, que serve de orientação para todo e qualquer aspecto da vida.Confiam plenamente na INERRÂNCIA BÍBLICA, isto é, de que a Bíblia e absolutamente isenta de erros.
Sendo assim, torna-se inevitável a seguinte pergunta:
POR QUE CRÊEM NA BÍBLIA?
Por ser ela a palavra de Deus. Dizem alguns. Mas como ter certeza de que ela é de fato a palavra de Deus? Que prova há para isso? Quais são as evidências que garantem ser a Bíblia algo mais que um livro religioso como outro qualquer?
Podemos comprar uma Bíblia em qualquer livraria. Raramente ela é distribuída na íntegra gratuitamente a não ser na versão on-line, apesar de ninguém mais poder lhe reclamar direitos autorais. Um exemplar da Bíblia não é significativamente diferente de nenhum outro livro, é feita de papel, possui uma tecnologia de impressão, é tão resistente ou vulnerável quanto qualquer outro livro. Sendo assim, qualquer evidência de alguma superioridade da Bíblia sobre qualquer outra fonte de conhecimento só pode advir de seu conteúdo, uma vez que também "evidências" subjetivas como experiências pessoais são insignificantes quando se exige uma prova da incontestabilidade divina da Bíblia.
Embora a grande maioria dos crentes jamais se dê ao trabalho de submeter seu livro sagrado a um ferrenho teste de veracidade, os teólogos e apologistas bíblicos nunca deixaram essa questão em aberto. Eles desenvolveram e apresentam toda uma série de argumentos para provar que seu livro sagrado possui qualidades sobre-humanas, sendo resultado de uma intervenção divina.
Há muitos argumentos desenvolvidos por estes apologistas. Decidi dividí-los em 3 grupos, dos quais o primeiro não se presta à uma séria análise por ser o grupo dos ARGUMENTOS ANEDÓTICOS, que são em geral irrelevantes ou mesmo facilmente discutíveis, como os "casos" de pessoas que tiveram experiências psicológicas intensas, ou o de afirmar que leitores da Bíblia tenham qualquer qualidade a mais que outras pessoas, ou a auto-declaração da Bíblia com relação a sua própria divindade.
Este último porém merece um breve comentário, mesmo por ser muito utilizado. Sinceramente não vejo porque a autodeclaração de divindade de um livro deveria ser uma evidência favorável de sua real divindade. De fato, a auto declaração bíblica quanto a ser a palavra de Deus é algo mais explícita que a da maioria dos outros livro sagrados, a exceção do Corão, que também se declara explicitamente como obra divina de forma muito mais enfática que a Bíblia. Não só tal auto declaração não é favoravelmente válida para argumentar em favor de uma obra ser divina, visto que obras não divinas também podem fazê-lo, e o fazem, como a não declaração também não depõe contra a possibilidade de uma obra ser divina, pois a mesma divindade poderia se evidenciar pelo seu conteúdo. Enfim se afirmar como divino é muito pouco. Tanto o Honesto quanto o Mentiroso dizem que falam a Verdade.
O segundo grupo dos argumentos apologéticos da divindade Bíblia é o dos ARGUMENTOS RELATIVOS , que são válidos numa discussão e ajudam a decidir se o Livro Sagrado é ou não confiável em tal ou qual assunto, mas que por si só não garantem ser a Bíblia uma obra divina.
Os principais são:
Trata-se de declarar ser a Bíblia um dos mais antigos, ou mesmo o mais antigo livro a existir sobre a Terra. Esse argumento se baseia em relacionar tal antiguidade como uma evidência favorável a autorida divina da Bíblia por remontar a história desde os seus primórdios, e em demonstrar a continuidade extensiva da produção da Bíblia durante um longo período de tempo. Esse argumento é também, a base lógica de todos os outros.
Declara ser a Bíblia o livro de maior circulação e influência da história, o que favorece a suposição de uma ação sobre humana que explique tamanha disseminação e sucesso.
É o argumento que afirma ser a Bíblia um bom, se não o melhor registro histórico já escrito, apelando para uma sobre humana acurácia historiográfica para reforçar sua característica de obra sobre natural.
Propõe que embora a Bíblia tenha sido escrita por dezenas de autores humanos durante vários séculos, esta possui uma inter relação extremamente precisa, uma harmonia de conteúdo que seria muito difícil de ser obtida sem uma orientação divina.
Pressupõe que a Bíblia seja o mais perfeito, justo e elevado código ético, moral e humanitário que já fora escrito, constituindo o mais belo exemplo a ser seguido e servindo de referência a toda humanidade em todas as eras, desde que devidamente interpretada.
Todos esses argumentos acima, embora sejam úteis numa argumentação e possuam um certo peso, foram considerados por mim como Relativos por que ainda que todos fossem plenamente provados não constituiriam uma evidência definitiva de uma autoria divina.
Já a terceira categoria, é a dos ARGUMENTOS ABSOLUTOS, são aqueles cruciais para a determinação da natureza sobre natural da Bíblia. Se apenas um deles estiver ao menos predominantemente correto, constituiria uma evidência muito forte da interferência de uma inteligência superior. São basicamente dois:
Se baseia em afirmar que ainda que tenha sido escrita num remoto período do passado, e numa linguagem popular e não técnica, a Bíblia não comete erros sobre a concepção da natureza e as leis físicas, e se devidamente interpretada, está em perfeita harmonia com conhecimentos científicos que só viriam a ser obtidos pela humanidade nas épocas recentes.
Declara que há vários exemplos de profecias bíblicas que se cumpriram séculos ou mesmo milênios mais tarde, demonstrando uma Onisciência sobre humana a respeito de eventos futuros. É em minha opinião o argumento mais relevante.
Se esses argumentos forem plenamente comprovados, fica simplesmente impossível negar a presença de uma inteligência sobre humana na concepção da Bíblia. Mesmo que apenas um deles se mostrasse verdadeiro, já consituiria uma evidência fortíssima de uma autoria transcendente.
Vale lembrar entretanto que nem mesmo todos esses argumentos juntos e muitos outros, caso se mostrasse totalmente válidos e verdadeiros, seriam capazes de provar que a Bíblia é a obra de um Deus Onipotente e Único. Estes poderiam simplesmente provar uma autoria Sobre-Humana, de uma instância superior à nossa, mas não necessariamente de uma instância máxima. Uma prova de um Deus Absoluto é evidentemente inconcebível. Como um Deus poderia nos provar que pode fazer tudo sem fazer esse tudo e nos mostrar? Necessitaríamos de um Tempo e Espaço infinito para verificar tais provas, e de uma Onisciência Infinita, visto que nossos limitados sentidos e recursos mentais poderiam ser facilmente enganados por uma entidade sobre-humana.
Todos esses argumentos podem ser encontrados em várias obras de apologia Bíblica. Recomendo ao leitor ainda não plenamente familiarizado que examine alguns exemplos nos seguintes links:
Como ter certeza de que a Bíblia fala a verdade?
Fonte Única de Sabedoria Superior
[Este texto aparentemente sumiu da web! Até mesmo em sua versão em inglês. Talvez tenha caído
em descrédito pela sua própria instituição, a Torre de Vigília (Os "Testemunhas de Jeová"). Mesmo assim eu o mantenho em meu site, para que sirva de evidência do que já foi largamente dito, principalmente em material impresso, e vastamente distribuído.]
Passemos agora a abordagem crítica de todos esses 7 argumentos.
SOBRE OS ARGUMENTOS RELATIVOS
Segundo os apologistas cristãos a Bíblia possui 3.500 anos de idade, tendo sido escrita entre cerca 1540 aC e 90 dC. Porém, como estamos neste texto a buscar evidências que sustentem a autoria divina da Bíblia no sentido de entender por que crer na Bíblia, é óbvio que devemos recorrer a fontes extra bíblicas.
Essa idade é fornecidade pela própria Bíblia, e sendo assim não pode ser levada em consideração. Caso a idade auto declarada de um Livro Sagrado fosse válida nesta discussão, teríamos que admitir que Kibalion de Hermes Trimegistos tem 6.000 anos de idade.
A maioria dos arqueólogos e historiadores não comprometidos com a Bíblia afirma ter sido ela começado a ser escrita entre 600 e 300 aC, mais provavelmente durante o cativeiro babilônico. Mas há indícios de que o livro de Jó, considerado o mais antigo do Velho Testamento, tenha fragmentos datados de cerca de 1100 aC.
O ponto mais relevante porém é verificar não em que época a Bíblia começou a ser escrita mas sim quando terminou, e nesse sentido, ela perde largamente para os Hinos Sagrados Hindus, os Vedas, que foram totalmente escritos por volta de 900 aC e se declaram também divinamente inspirados.
Paralelo a Bíblia também temos o Mahabarata do Bhramanismo, datado pelos estudiosos como tendo sido escrito em período equivalente, entre os séculos VI e III aC.
É comum os defensores da divindade bíblica também afirmarem que a Bíblia foi escrita ao longo de 1600 anos. Tal afirmação é muito discutível. Se eu decidir escrever hoje um livro combinando obras de Platão, Plotino, Tomás de Aquino e Espinosa poderia então afirmar que meu livro foi escrito ao longo de 2.500 anos?
Os mais antigos autores da Bíblia sequer tinham idéia de que sua obra receberia tantas adições posteriormente. O Judeus, autores do Antigo Testamento, sequer reconhecem a validade do Novo Testamento. Durante muitos séculos inclusive mantiveram a Torah, ou Pentateuco (os 5 primeiros livros da Bíblia), isolados dos demais livros que viriam a formar a Bíblia Judáica, ou o Velho Testamento.
Quanto a afirmar ser a Bíblia o primeiro livro a começar a ser escrito, tal informação não é verdadeira segundo os historiadores da antiguidade, mesmo levando em conta a data fornecida pela própria Bíblia. Ela ainda seria mais nova que o Código de Hamurabi, ou vários textos Sumérios. E mesmo que tivesse começado a ser escrita antes de qualquer outra obra literária, ela só viria a ser completada pouco antes do primeiro século da era cristã, ou seja, até então não havia a Bíblia completa.
Como uma obra inteira ela só seria então mais antiga que o Al Corão e o Guru Grant Sahib, perdendo para o Talmud, o Zend Avesta, os Anacletos de Confúcio, o Tao Te King e etc.
Outro problema deste argumento é que ele declara em geral ter a Bíblia acompanhado toda a história humana desde o êxodo judáico do Egito, o que leva inevitavelmente ao questionamento de por que ela parou de ser escrita há mais de 1900 anos, que foram tão ou mais marcantes e revolucionários que qualquer outra época.
Dentre todos os 7 argumentos apresentados, este é o único indiscutivelmente verdadeiro, como o pode confirmar qualquer estatística historiográfica literária, ou mesmo índices comerciais de vendas, e até o próprio Livro Guiness do Recordes. Portanto basta verificar então sua relevância. Seria então uma evidência favorável a uma autoria divina?
A princípio nada garante que o simples fato de uma obra qualquer atingir uma grande popularidade prove qualquer autoria divina, além disso, embora seja certo que a Bíblia seja o livro mais difundido, é muito discutível que ela seja o mais lido.
Sem sombra de dúvida, a imensa maioria de todas as Bíblias jamais foi lida sequer em sua maior parte. A absoluta maioria das pessoas que tem acesso a uma Bíblia, jamais a leu totalmente. Sendo assim eu não duvidaria que qualquer romance de Sidney Sheldon ou J.K Rowling seja atualmente mais lido do que a Bíblia.
Porém, é claro, a Bíblia possui o tempo a seu favor, afinal em sua versão cristã católica, já existe há 1700 anos, e na versão protestante há 500. Não obstante, até o século XVIII, a maioria esmagadora das pessoas que já viveram nunca aprenderam a ler ou escrever, e sendo assim mesmo tendo acesso a uma Bíblia, não poderiam consultá-la diretamente, por isso, se somarmos todos os potenciais leitores da Bíblia que existiram antes do século XX, com certeza não serão tão numerosos quanto o são os do século XX em diante, mesmo porque a população dobrou de tamanho.
Uma coisa é certa, se a Bíblia estivesse disponível a toda e qualquer pessoa que tenha vivido na Terra em qualquer época, ainda que por apenas uma oportunidade, e no idioma desta pessoa, seria um argumento fortíssimo a seu favor como um livro de autoria divina, pois evidenciaria o alcance de um poder sobre-humano que permitiria a qualquer pessoa a possibilidade de acessá-la.
Mas é claro que nem mesmo o mais radical fundamentalista bíblico declararia isto. A maioria das pessoas que viveram na Terra jamais teve acesso a Bíblia, e mesmo que tivessem, em sua absoluta maioria eram ágrafas. Mesmo hoje em dia, cerca de pelo menos 1/4 da população mundial mal sabe de sua existência. Ainda há pessoas que vivem toda uma vida e sem qualquer chance de tomar contado com o livro conhecido como a Bíblia. Muitas destas pessoas inclusive possuem seu próprio livro sagrado, que também se declara divino.
Dessa forma, embora o argumento da Popularidade da Bíblia seja em essência indiscutível, ele pouco pode contribuir em favor de sua alegada divindade.
Esse argumento é amplamente proposto pelos defensores da Bíblia, mas ele não é aceito pelos historiadores. Ao contrário do que alguns afirmam, a Bíblia não é endossada pela história.
Basta recorrer as conhecimentos básicos sobre História. Nenhum dos eventos bíblicos da Gênese são aceitos pelos historiadores e nem pelos arqueólogos. Não há qualquer indício de que tenha havido não só a Criação Divina, mas também a o Dilúvio, as cidades de Sodoma e Gomorra ou a Torre de Babel.
Nem mesmo o Cativeiro dos Hebreus no Egito e o Exôdo, e não apenas as pragas, possuem qualquer evidência fora da Bíblia.
A Bíblia e a História só começam a se sincronizar a partir da peregrinação em busca da Terra prometida, e só de fato ocorre endosso da história a partir do cativeiro babilônico. Ainda assim, há inúmeras incoerências levantadas pelos historiadores.
De fato, a Bíblia a partir daí se torna uma fonte de pesquisa histórica, mas discordante de outras fontes. Porém a presença de várias contradições internas nos próprios textos bíblicos, afetam consideravelmente sua confiabilidade.
Outro ponto a se considerar é que apesar da Bíblia se referir as civilizações do Norte da África como o Egito e a Etiópia, ou da Mesopotâmia como Babilônia e Pérsia, ela ignora completamente a existência de pelo menos duas civilizações tão ou ainda mais antigas, como as Mongóis e as Chinesas, e praticamente nada fala da Índia.
Pior, de acordo com algumas teologias bíblicas a cultura hindu derivou da Babilônia, apesar da História e Antropologia possuir evidência confiáveis de que a civilização hindu é muito mais antiga que a babilônica, chegando a possuir cerca de 7 mil anos. Mil anos a mais do que a contagem regressiva de gerações até Adão.
Além disso os Evangelhos são a única fonte a citar a existência de Jesus Cristo, que não possui nenhuma outra evidência de existência extra bíblica a não ser escritos que se baseiam na Bíblia.
Por isso, a alegação de que a Bíblia possua precisão histórica é amplamente refutada pela quase totalidade dos historiadores e antropólogos. E mesmo que ela seja uma fonte histórica, a presença de contradições em seu texto depõe contrariamente a seu favor.
Embora eu não os endosse completamente, veja os seguintes textos para referências sobre contradições e erros históricos na Bíblia.
A BÍBLIA E O CRISTIANISMO - AS ORIGENS HISTÓRICAS
PORQUE OS HUMANISTAS REJEITAM A BÍBLIA

Este provavelmente é o mais fraco de todos os Argumentos Relativos, pois esbarra numa ampla gama de evidências contrárias. Se ela possuísse de fato uma indiscutível harmonia interna, por que existem tantas formas diferentes e exclusivas de se interpretá-la?
Muitos textos antigos não possuem o mesmo problema, há pouca discussão a respeito do significado da maioria das obras filosóficas já escritas, assim como muitos outros livros religiosos.
Na verdade, a Bíblia é considerada pela imensa maioria dos estudiosos não crentes, como um dos mais confusos e contraditórios livros já escritos, e é facílimo demonstrar isso em seus próprios versículos.
Pode-se ignorar as contradições entre o Antigo com o Novo testamento em diversos assuntos devido a diferente natureza religiosa dos mesmos, apesar deles serem em essência totalmente conflitivos, mas há inúmeras incoerências dentro de cada um deles como pode ser visto nos seguintes links.

Porque os Humanistas Rejeitam a Bíblia
www.skepticsannotatedbible.com
Há inúmeras contradições que podem ser facilmente demonstradas, basta ler os versículos indicados. Discordo de muitas delas, principalmente as entre Antigo e Novo Testamento, mas a maioria é praticamente irrefutável. Para aqueles que prefiram não examinar os links, citarei apenas 3 das minhas favoritas, elas ocorrem não apenas dentro de cada um dos Testamentos, não somente dentro de cada livro, mas por vezes em capítulos imediatamente subsequentes ou mesmo no mesmo capítulo.
No ANTIGO TESTAMENTO, GÊNESE - Capítulo 11
Na passagem sobre a Torre de Babel, a Bíblia declara que só havia um único idioma:
Ora, toda a terra tinha uma só língua e um só idioma. (Gênesis Capítulo 11 versículo 1)
Sendo assim como explicar essas passagens imediatamente anteriores na mesma GÊNESE Capítulo 10?
Por estes foram repartidas as ilhas das nações nas suas terras, cada qual segundo a sua língua, segundo as suas famílias, entre as suas nações.(Gn 10,5)
São esses os filhos de Cão segundo as suas famílias, segundo as suas línguas, em suas terras, em suas nações.(Gn 10,20)
Esses são os filhos de Sem segundo as suas famílias, segundo as suas línguas, em suas terras, segundo as suas nações.(Gn 10,31)
O interessante desta contradição é que há uma possível forma de evitá-la, alegando que apesar de subsequente, os capítulos narram eventos na ordem inversa dos acontecimentos, entretanto isso acrescenta ainda mais problemas, que por sua vez parecem solucionáveis até abrir mais e mais contradições, até por fim chegar a um resultado inegavelmente absurdo!
No NOVO TESTAMENTO, MATEUS - Capítulo 1
O primeiro capítulo do Novo Testamento traça a Genealogia de Jesus Cristo desde Abrãao, contando 40 gerações, começando com:
1 Livro da genealogia de Jesus Cristo, filho de Davi, filho de Abraão.
E discorre sobre as descendências, que simplificando são:
Abraão, Isaque, Jacó, Judá, Farés, Esrom, Arão, Aminadabe, Nasom, Salmom, Booz, Obede, Jessé, Davi, Salomão, Roboão, Abias, Asafe, Josafá, Jorão, Ozias, Joatão, Acaz, Ezequias, Manassés, Amom, Josias, Jeconias, Salatiel, Zorobabel, Abiúde, Eliaquim, Azor, Sadoque, Aquim, Eliúde, Eleazar, Matã e Jacó.
Por fim:
16 e a Jacó nasceu José, marido de Maria, da qual nasceu JESUS, que se chama Cristo.
Pode-se perceber claramente qua a genealogia não inclui Maria, mãe de Jesus, mas sim José, o marido de Maria. Mas como todos sabemos:
20...lhe apareceu um anjo do Senhor, dizendo: José, filho de Davi, não temas receber a Maria, tua mulher, pois o que nela se gerou é do Espírito Santo;
Ou seja, se Jesus é filho de Maria com o Espírito Santo, Imaculada Concepção sem a participação de José; Como pode então ser ele descendente de Davi e Abrãao?!
Além disso, compare com LUCAS Capítulo 3 Versículos 23 a 38, onde se traça a genealogia retrospectiva até Adão, e perceba que a partir de Abrãao, mesmo considerando as versões diferentes dos nomes, a linhagem não confere!
Outro exemplo nos evangelhos é a narrativa da visita ao sepulcro de cristo em Mateus 28, que é incompatível com a de Lucas 24, e ainda mais com João 20. Todas discordam entre si em quase todos os detalhes, até mesmo no número de anjos e o modo como eles interagiram com as primeiras mulheres a chegar ao sepulcro. São tantas discrepâncias que é até difícil contá-las, mas para focar em apenas uma das mais graves, compare Marcus 16:8 com Lucas 24:9-10, que são afirmações mutuamente exclusivas, ou seja, se uma for verdadeira, a outra obrigatoriamente tem que ser falsa.
Há muitas tentativas apologéticas de negar as contradições, algumas são razoáveis, mas há várias impossíveis de ser refutadas. Para completar, citarei apenas mais 3 (na versão João Ferreira de Almeida, a mais confiável de todas):
"(...)E tomou-lhe Davi MIL E SETECENTOS CAVALEIROS e vinte mil homens de infantaria; e Davi jarretou a todos os cavalos dos carros, reservando apenas cavalos para cem carros." II Samuel (8:3-4)
"(...)E Davi lhe tomou mil carros, SETE MIL CAVALEIROS e vinte mil homens de infantaria; e jarretou todos os cavalos dos carros; porém reservou deles para cem carros." I Crônicas (18:3-4)
"Não te encurvarás diante delas, nem as servirás; porque eu, o Senhor teu Deus, sou Deus zeloso, que visito a iniqüidade dos pais nos filhos até a terceira e quarta geração daqueles que me odeiam." Êxodo (20:5)
"A alma que pecar, essa morrerá; o filho não levará a iniquidade do pai, nem o pai levará a iniquidade do filho, A justiça do justo ficará sobre ele, e a impiedade do ímpio cairá sobre ele." Ezequiel (18:20)
"E, indo eles caminhando e conversando, eis que um carro de fogo, com cavalos de fogo, os separou um do outro; e Elias subiu ao céu num redemoinho." II Reis (2:11)
"E aconteceu que, enquanto os abençoava, apartou-se deles; e (Jesus) foi elevado ao céu." Lucas (24:51)
"Ora, ninguém subiu ao céu, senão o que desceu do céu, o Filho do homem." João (3:13)
Esta última apesar de antagonizar Velho com Novo Testamento, não pode ser explicada mediante o DISPENSACIONALISMO, isto é, a tese teológica de que o modo de agir de Deus no mundo se alterou, justificando seu comportamento diverso.
Se você conhece algum modo de neutralizar essas contradição NÃO HESITE EM ME ESCREVER!
Dessa forma, afirmar ser a Bíblia um livro conciso só faz sentido sob um ponto de vista de interpretação mística, apelando para argumentos anedóticos que declaram que somente através de um tipo de iluminação é possível compreender o real significado da Bíblia e perceber sua plena harmonia. Porém fica muito difícil concordar com isso enquanto tantas pessoas que alegam ter essa experiência, continuarem discordando de suas interpretações.
Muitos apologistas declaram que é necessário um estado mental de receptividade e humildade para se compreender o real e transcendente significado da Bíblia, em outras palavras, é necessário adormecer a razão e consequentemente o espírito crítico. A mesma condição mental que permite a uma pessoa ser convencida de qualquer coisa, ou sofrer uma lavagem cerebral.
Não quero aqui bradar contra a experiência pessoal íntima de alguém, que pode confirmar a sacralidade da Bíblia além de qualquer argumento racional, mas peço que essas pessoas saibam que isso não serve numa discussão. Muitas pessoas já tentaram ler a Bíblia da mesma forma, inclusive eu, e nunca tiveram essa experiência, assim como muitos, inclusive eu, já tiveram experiências semelhantes em outras fontes.
De acordo com a Teologia Calvinista, base do protestantismo, apenas os escolhidos por Deus teriam o poder de compreender as escrituras. Isso é uma clara admissão da obscuridade de seu conteúdo, assim como a admissão teológica da ANTINOMIA, que são os paradoxos onde ocorrem duas afirmações mutuamente exclusivas, como a ONISCIÊNCIA e ONIPOTÊNCIA divinas entrando em conflito com o Livre-Arbítrio Humano, ou a Justiça e Bondade de Deus com a Existência do Mal.
Outro problema deste argumento da Harmonia Textual Bíblica é que ele apela para uma afirmação de incapacidade humana, ao declarar que não seria possível sem uma intervenção divina, que humanos escrevessem em tempos e locais tão distantes, um livro coerente.
Isso é, com o perdão da palavra, um insulto a inteligência humana. Mesmo que a Bíblia fosse um livro perfeitamente coeso e coerente, isso não provaria uma ação divina, pois o mesmo pode ser obtido pela genialidade humana.
Qualquer pessoa que se preste a examinar um texto com cuidado e se proponha a continuá-lo, pode muito bem ser capaz de fazê-lo de forma perfeitamente condizente com o conteúdo original.
Por tudo isso, o argumento apologista bíblico da Harmonia Literária peca por ser duplamente falso, e por subestimar a inteligência humana.
Esse argumento é com certeza o que mais apela a falta de conhecimento do ouvinte, pois as pessoas que jamais fizeram uma leitura sistemática da Bíblia não raro tem a impressão, graças as partes selecionadas que os apologistas costumam popularizar, que ela de fato apresenta um conteúdo Ético elevado. Infelizmente, tal conteúdo se restringe quase que unicamente ao Evangelho, os 4 primeiros Livros do Novo Testamento, daí para frente, o modelo Ético proposto é completamente inaceitável pelos padrões atuais, sendo Fundamentalista, Androcrático (machista) e Escravista, inclusive em dissonância com a doutrina pregada por Jesus Cristo.
Se o Evangelho for tomado como a autoridade máxima na Bíblia, como fazem algumas vertentes cristãs, a posição é defensável, mas qualquer exame teológico razoável do Cristianismo perceberá que ele é muito mais embasado nas doutrinas de Paulo de Tarso e Pedro, do que na do próprio Jesus Cristo, como pode-se notar pelo discurso da maioria das designações cristãs Protestantes, principalmente as Pestecostais e ainda mais a Neo-Pentecostais.
Para os que quiserem conferir que o Novo Testamento é Androcrático, pregando a submissão desmedida das mulheres num padrão inaceitável para o contexto atual confira: Efésios 5:22-24 , Colossenses 3 , I Pedro 3:1 , I Coríntios 14:34-36. De certo que apesar dos apelos dos profetas a que os maridos amem suas esposas, isso não muda o fato de que o modelo familiar é opressor, algo inaceitável para os padrões éticos atuais, a não ser é claro que se considere estes como degenerados. Além disso, a passagem de Coríntios é tão inaceitável hoje em dia que nem as igrejas evangélicas a obedecem.
A Bíblia também é no mínimo conivente com a Escravidão, em todo o Antigo como no Novo Testamento com a exceção do Evangelho, como pode-se ver em: Efésios 6:5 , Colossenses 3:22 , I Timóteo 6 , Tito 2:9 , I Pedro 2:13-18. Também aqui temos conselhos ao senhores de serem justos com os servos, mas isso apenas confirma a posição escravista, e em Pedro, chega-se a dizer aos servos para se sujeitarem também aos senhores maus.
É notório que as prescrições aos servos e as mulheres quase sempre surjam juntas, pois trata-se de normas morais anunciadas pelos profetas, totalmente de acordo com sua estrutura social tempo local e portanto nada mais avançadas do que qualquer legislação da época, e isso onde filósofos, como o romano Epicteto, já defendiam o fim da escravidão.
Não creio sequer ser necessário analisar o Velho Testamento, onde punições atrozes e penas de morte são aplicadas, a mando de Deus, para infrações como trabalhar no sábado, e onde ordens de massacrar nações adversárias dos hebreus, inclusive matando mulheres e crianças são abundantes.
Portanto, alegar que o conteúdo ético da Bíblia esteja acima de qualquer outra fonte humana de prescrições reflete no mínimo uma falta de conhecimento sobre outras religiões e filosofias, e sobre a própria Bíblia. Ainda que ela possua alguns bons tópicos, como qualquer outra obra, ela está, no geral, completamente condizente com sua mentalidade de época, e completamente ultrapassada para a mentalidade atual. A exceção parcial, volto a insistir, da doutrina de Cristo no Evangelho, que infelizmente é ignorada até pelos profetas que lhe seguiram.
CONCLUSÃO SOBRE OS ARGUMENTOS RELATIVOS
Como propus, nenhum destes argumentos se sustenta se confrontado com fontes extra bíblicas, ou caso se sustentem parcialmente, são incapazes de conferir maior força ao argumento de autoria divina bíblica.
Além disso por serem relativos, mesmo que os 5 fossem amplamente comprovados, ainda assim não constituiriam prova desta suposta autoria transcendente. Ainda assim a Bíblia poderia ser apenas mais uma obra humana dentre tantas outras.
Os Argumentos decisivos então passam a ser os Dois Últimos.
SOBRE OS ARGUMENTOS ABSOLUTOS
Como dito antes, esses argumentos apelam para uma alegação que se comprovada, evidenciaria no mínimo uma intervenção sobre humana na Bíblia, talvez mesmo que se pudesse considerar Divina. Vejamos então sua sustentabilidade.
Muitos defensores da Bíblia alegam ser ela um livro sobre humano porque já na antiguidade apresentava conceitos sobre a Natureza que só viriam a ser cientificamente descobertos milênios mais tarde, desafiando o conhecimento de sua época.
Esse argumento já começa exigindo evidências de veracidade, pois é trivial que as estórias narradas pela Bíblia são inaceitáveis se interpretadas literalmente, apresentando toda uma gama de milagres e eventos sobrenaturais notadamente absurdos.
Ao contrário do que muitos pensam, essa proposição não soa estranha apenas na atualidade. Desde os primórdios do Cristianismo os eruditos já haviam detectado um infindável desfile de alegações inaceitáveis pelo ponto de vista da Física e Filosofia. Os próprios grandes sábios da Igreja, como Santo Agostinho, já declaravam ser inapropriado interpretar a Bíblia literalmente, e muito menos alegar ser ela um guia confiável sobre a natureza, pois isso apenas ridicularizaria o Cristianismo perante os "pagãos cultos".
Desde essa época a recomendação dos Patriarcas da Igreja era de que a Bíblia devia ser interpretada poética, alegórica e metafóricamente. Que seu conteúdo era religioso.
Porém mesmo hoje em dia muitos cristãos ignoram essas advertências e fazem várias citações de versículos isolados interpretando-os de forma a defender a idéia de que a Bíblia, há milhares de anos, já apresentava uma concepção de Natureza compatível com o conhecimento científico atual.
Três exemplos estão no texto BÍBLIA X CIÊNCIA, que demonstram que se interpretada literalmente, como propões esses mesmos apologistas, a Bíblia descreve uma Terra Plana e Geocêntrica, assim como refuta a alegação de que ela já pressupunha a Força Gravitacional, e Neste Trecho temos vários outros exemplos de conceitos bíblicos completamente dissonantes com nossos conhecimentos científicos.
Já no texto BÍBLIA X CIÊNCIA II são analisados um a um alguns dos mais famosos sofismas em defesa da precisão naturalista da Bíblia, abordando Termodinâmica, Astronomia, Meteorologia e muito outros.
Como espero ter demonstrado nestes textos, a alegação da Inerrância "Científica" da Bíblia é completamente equivocada, se não puramente Hipócrita. Peca por fazer uma abordagem errada do ponto de vista hermenêutico, aplicando literação onde esta não se faz apropriada, demonstra uma baixíssima compreensão de conceitos científicos atualmente estabelecidos, falta de conhecimento da Evolução e Histórico do Pensamento Filosófico e Científico, além de, ainda por cima, prestar um deserviço ao próprio Cristianismo expondo a Bíblia ao rídiculo.
Ou, ao invés disso, demonstra uma deliberada desonestidade e desrespeito para com pessoas sem embasamento científico, filosófico e mesmo teológico básico, com o objetivo de impressionar pessoas despreparadas qualquer que seja o objetivo.
Mas mesmo que tal argumento fosse defensável, ele provaria uma autoria sobre-humana, não exatamente divina, ou um conhecimento humano avançado que se perdeu. Porém a natureza desta autoria continuaria sendo discutível. Poderia ser uma civilização extraterrestre, como defendem os ufólogos, ou uma antiga cultura tecnicamente avançada, como nas alegações sobre Atlântida ou Lemúria. Todas tão improváveis quanto a própria autoria divina.
Esse argumento é tratato por último não por acaso. Pois é sem dúvida o mais relevante.
Primeiro por que se fosse de fato demonstrado sem dúvidas, seria praticamente impossível negar a autoria de uma inteligência não apenas Sobre Humana, mas provavelmente divina. Pois seria capaz de predizer o futuro. Uma capacidade que normalmente não se esperaria nem mesmo de uma avançada civilização extraterrestre, ou da capacidade científica humana mesmo daqui a milhares de anos.
Segundo, porque esse argumento é de todos, com a exceção do Argumento Relativo sobre a Popularidade, o que mais possui trunfos. Pelo menos aparentemente apresentando alguns dados de fato muito impressionantes.
Para uma melhor análise aqui, não creio serem relevantes as profecias do Antigo Testamento que tenham sido cumpridas antes do Novo Testamento, pois devido a incerteza da época na qual foram escritas, podem muito bem ter sido escritas após os eventos, e além do que os próprios eventos estão submetidos a graus de incerteza. Portanto, muito mais relevante seria verificar a realização destas profecias séculos após a finalização da Bíblia, para evitar também a desconfiança de que o Novo Testamento tenha sido alterado no início da era cristã.
Antes de tudo, já deveria bastar, talvez, uma simples colocação que parece por em cheque a própria idéia de profecia, que é o fato de porque elas só são perceptíveis depois de terem ocorrido. Se uma profecia de fato permitisse prever com precisão o que está para acontecer, poder-se-ia muito bem promover esforços no sentido de evitá-la, ou ao menos minimizar seu impacto.
Até hoje porém não houve um único caso onde uma profecia Bíblica tenha sido usada para antever qualquer evento concreto, mesmo de importância globo-histórica, como a descoberta do novo mundo, as Guerras Mundiais ou o Holocausto judáico. Todas as profecias só parecem perceptíveis depois que ocorreram, e sendo assim, colocaríamos em cheque o alarde que muitos religiosos fazem a respeito dos eventos vindouros.
Por outro lado, se a profecia está prevista, e sabe-se disso, pode-se promover o esforço contrário no sentido de realizá-la, e é desta natureza talvez o maior trunfo do argumento da Consumação Profética, que é a fundação do Estado de Israel após a Segunda Guerra Mundial, que em parte obedece a um esforço dos próprios judeus e simpatizantes para se restabelecerem como nação, sem sombra de dúvida influenciados pelas profecias bíblicas, e atendendo predições enunciadas pelos profetas do Antigo Testamento.
Mas isso prova apenas que as pessoas se propuseram a realizar eventos que seus livros pregavam, não chegando a demonstrar uma realização dos mesmos mediante forças incontroláveis.
O Argumento da Consumação profética só seria indiscutível, se ele fosse capaz de prever algum evento marcante, claro, e fora da capacidade humana de controle, tal como a queda de um meteoro ou um cataclisma, e desde que fosse com algum grau de precisão, caso contrário até eu poderia prever que no século XXII haverá uma grande catastrofe que ceifará milhares de vidas na maior nação do mundo. Acho quase impossível que não aconteça um evento qualquer que satisfaça esse enunciado vago. Seria muito diferente se eu dissesse que nos primeiros anos do século XXII, na maior nação do mundo, haverá uma chama celeste que destruirá a cidade dos anjos ceifando a vida de 10 mil pessoas.
Não há absolutamente nada parecido com isso na Bíblia, mas apenas mensagens vagas que podem ser preenchidas por dezenas de eventos diferentes, tais como as vagas profecias de Nostradamus, por sinal, em sua maior parte baseadas na própria Bíblia.
Se não há uma só profecia indiscutivelmente realizada mediante ações sobrenaturais, e se podemos contestar a validade da fundação do estado de Israel devido a este ter sido feito por pessoas em cumprimento de suas próprias profecias, ainda temos evidências que demonstram que o Apocalipse previsto no Novo Testamento pressupunha ocorrência em épocas antigas, como denuncia a passagem "Em verdade vos digo que não passará esta geração sem que todas essas coisas se cumpram. (Mateus 24:34)"
Não só por essa, mas muitas outras passagens do Novo e Velho Testamento sugerem que os profetas viam os últimos tempos não muito além de sua própria época, tanto que a exemplo de Daniel e Ezequiel no Velho Testamento, citam eventos futuros envolvendo reinos poderosos na época, mas que hoje em dia estão extintos ou totalmente despotencializados. O mesmo ocorre no Novo Testamento, onde as profecias parecem se encaixar com perfeição na realidade da Roma Antiga.
Observando por exemplo, o final da Bíblia, o último capítulo do Apocalipse, é frisado enfaticamente que os eventos apocalípticos deveriam se realizar "MUITO EM BREVE". Considerando que os mais antigos profetas da Bíblia remontam a no máximo 600AEC, e que a própria Bíblia, mesmo levando em conta sua idade auto declarada, ao século XVI AEC, a tradição bíblica não tinha sequer 1700 anos. É muito estranho que as profecias do Novo Testamento fossem se referir como "BREVE", a eventos que demorariam mais de 2000 anos!
Um ótimo texto que trata especificamente deste tópico é A Pedra No Sapato do Cristianismo. Já o texto PORQUE OS HUMANISTAS REJEITAM A BÍBLIA apresenta outras contestações da consumação profética da Bíblia. Volto a afirmar porém que não edosso totalmente tais textos, mas sim em parte.
Não há na Bíblia nenhuma profecia que denuncie um evento claramente identificável que tenha se cumprido. As próprias alegações dos defensores da consumação profética bíblica dependem de interpretações bastante particulares, a ao longo da história, diversas vezes se acreditou estar-se vivendo os últimos dias. Não são poucos os exemplo tais como os Testemunhas de Jeová, ou Advestistas do Sétimo Dia, que chegaram a estabelecer datas precisas para o Juízo Final baseados em análise por vezes profundas da Bíblia. Desnecessário dizer que nenhuma delas foi bem sucedida.
Há porém muito tempo pela frente, e talvez alguns eventos vindouros venham a se encaixar em descrições bíblicas. Sabemos que as estrelas não podem "cair do Céu", mas a Lua poderia ficar vermelha como sangue em algum evento celeste inusitado. Até lá porém, os apologetas da autoria sagrada da Bíblia continuam devendo um bom argumento para justificar sua crença em que ela seja realmente um livro divinamente inspirado.

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