sábado, 19 de maio de 2012

O Novo Testamento e a Colcha de Retalhos!

Criticar o Novo Testamento é a pior coisa que se poder fazer para um cristão. É como dar-lhe um chute no saco. Não que não adorem o Velho Testamento também, mas é que sempre fica difícil defender tanto sadismo, tanta matança e tanta loucura.

É claro que o cristão de plantão tem sempre a mesma pífia desculpa na manga para advogar pelo Velho Testamento, mas ela só pega de surpresa mesmo quem nunca leu a Bíblia:

“Ora, então você não sabe que com a vinda de Cristo o tempo do “olho por olho” ficou para trás? Que após a vinda de Jesus a mensagem do sangue passou ser a do amor fraternal, da tolerância e da remissão dos pecados?”.

Bom, daria até para engolir se um certo “carinha” não tivesse afirmado justamente o contrário. Já sabem quem foi? Vou dar uma dica. Pegue lá o seu bom livro e confira Mateus 5, 18-20:

“Porque em verdade vos digo: até que o céu e a terra passem, nem um i ou til jamais passará da Lei, até que tudo se cumpra. Aquele, pois, que violar um destes mandamentos, posto que dos menores, e assim ensinar aos homens, que o observar e ensinar, esse será considerado grande no reino dos céus. Porque vos digamos que, se a vossa justiça não exceder em muito a dos escribas e fariseus, jamais entrareis no reino dos céus.”

É “filhão”…ficou ruim para vocês, não? Como faz então? Me parece que o Velho Testamento está muito bem confirmado por “Gezuis”, não é mesmo?


Então resta o quê ao cristão desesperado? Ora, se apegar com unhas e dentes ao Novo Testamento, vez que defender as páginas hemorrágicas da velha Lei e gente como Moisés, que colocaria Freddy Krueger e Michael Myers no bolso, fica impraticável.

Mas será que o Novo Testamento é isso tudo mesmo? Vejamos…

Uma das alegações precípuas na defesa de sua origem divina é o fato de que o mesmo conteria um leque de profecias que se cumpriram.

Ora, mesmo levando em consideração que a religião possui como característica a capacidade de redução imediata do quoeficiente de inteligência de quem a adota e professa, ainda assim, é possível realizar um simples exercício de honestidade intelectual e fazer um raciocínio óbvio:

Todos concordam que o Velho Testamento veio antes do Novo Testamento, não? Ótimo, um ponto para vocês! Então me respondam: Qual é a dificuldade em fazer as “profecias” se encaixarem?????

“Ah, mas então você está afirmando que quem escreveu o novo testamento, leu o novo antes e fez as coisas se encaixarem?!”. EXATO FILHÃO!!!!

Engoliu seco agora? Pois é. A vida é dura mesmo.

Vamos mais longe…

Pegue qualquer um dos Evangelhos e comece a ler e verá que “coincidentemente”, qualquer coisa dita, qualquer ação narrada, é construída e atribuída a Jesus para justificar uma “antiga profecia”.

Vou dar um exemplo para que não pensem que estou sendo apenas “espírito de porco”. Leiam lá, Mateus 21. 4-5: “Ora, isto aconteceu para se cumprir o que foi dito por intermédio do profeta: Dizei à filha de Sião: Eis aí te vem o teu Rei, humilde, montado em jumento, num jumentinho, cria de animal de carga.”

 Agora leiam Zacarias 9:9: “Alegra-te muito, ó filha de Sião; exulta, ó filha de Jerusalém: eis aí te vem o teu Rei, justo e salvador, humilde, montado em jumento, num jumentinho, cria de jumenta.”

E aí…achou estranho? Suspeito? É, eu também…

Bom, suspeito e estranho pode ser, mas para quem já leu o Velho Testamento, isso não é surpresa. O Novo Testamento é algo tão mal construído quanto o Velho. Tal qual um prédio da ENCOL, basta um empurrãozinho para que ele caia. Então vamos dar esse empurrãozinho.


Acredito que o Novo Testamento é algo conciso apenas para quem tem sua visão totalmente obliterada por sua fé. Na verdade, o Novo Testamento é uma enorme colcha de retalhos, cheia de documentos divergentes, com inúmeras inserções apócrifas e com evidências inequívocas de que tais alfarrábios foram adulterados.

Para quem não sabe, nenhum dos Evangelhos pode ser considerado registro histórico. Todos foram escritos muitas décadas após a crucificação e nossos queridos evangelistas, que sequer conheceram Jesus, ao que parece, estavam meio… “confusos”.

No que concerne a Mateus e Lucas por exemplo. Quem estaria certo sobre o nascimento virginal ou a genealogia do nazareno? Que tal a famosa “Fuga para o Egito”? Mateus afirma que José foi advertido em um sonho para que fugisse, já Lucas afirma que todos permaneceram em Belém até a “purificação de Maria de acordo com as leis de Moisés”, o que segundo tal Lei, levaria 40 dias. Apenas aí é que retornaram a Nazaré através de Jerusalém. Qual é a solução? Cara e coroa?

Cumpre lembrar aqui, que as inúmeras contradições encontradas no Novo Testamento já foram esposadas à exaustão em inúmeros livros de historiadores e especialistas e NUNCA foram explicadas por autoridades cristãs, a não ser através da falácia do apelo à emotividade ou das suposições do gênero “cartomancia”. “Ah, o que importa é a fé!” , “Ah, isso era uma metáfora”.

Medíocre não? Sim, mas você pode perguntar: “mas se o Novo Testamentos tem mais buracos do que uma peneira” porque ele está aí até hoje?

Simples, porque até bem pouco tempo atrás, se você não concordasse com ele, você seria torturado, queimado e morto. Ficou claro?!


Mas a veracidade do Novo Testamento é apenas uma das questões a ser abordada. E quanto à moralidade nele inserida. Será que ela é assim tão intocável?

Certamente que não! É evidente que uma das questões indiscutíveis no que concerne ao bem estar humano é de que a escravidão é imoral. A posse de outro ser humano é imoral. Alguém discorda? Algum CRISTÃO discorda?

Mas o bondoso menino palestino parece discordar. Pelo menos não há notícia do contrário. Em toda a “bondade” proferida no Novo Testamento, não há sequer, um versículo, um aviso, um “pity” de Jesus contra a escravidão. Isso não causa estranheza a vocês seguidores do Nazareno?


Pois a mim causa. Me causa absoluta repugnância que, a despeito da questão histórica, Jesus, em sendo deus, o mesmo não soubesse ou atinasse, para o fato de que tolerar a escravidão seria algo imoral em QUALQUER época.

Em Mateus 15:21-28, Jesus nos dá outra amostra de que suas “bênçãos” eram concedidas em atendimento ao seu humor e preferências sectárias-judáicas e não à humanidade em geral. Se achou isso absurdo, então me explique por que a resistência em ajudar a mulher cananeia que implorava por um exorcismo? Por que o seu desprezo e a resposta de que não gastaria sua energia em alguém que não era judeu? Se posteriormente efetuou o ritual, foi graças aos pedidos de seus discípulos e a insistência da mulher. Leiam lá!

O que quero afirmar é que os Evangelhos não são apenas uma fraude histórica. São também uma fraude moral! Claro que o Novo Testamento é um avanço em relação ao Velho Testamento. Mas qualquer coisa o seria, não é mesmo? Até a máfia grega é mais piedosa do que a maioria dos personagens descritos naquele livro. O que é importante dizer é que ele não trouxe grandes novidades. Confúcio, e Zoroastro já haviam falado o mesmo muito tempo antes. O cristianismo é de longe superado, em termos de preceitos morais, pelo jainismo por exemplo. Parem de acreditar que o cristianismo é a última bolacha do pacote, porque ele não é. Vocês é que leram pouco sobre o assunto.

É importante que se vislumbre que, mesmo que em seu fanatismo, você  acredite que Jesus nasceu de uma virgem, ou seja, que a partenogênese tivesse realmente ocorrido em um acontecimento único entre os mamíferos, isso não faz seus ensinamentos se tornarem morais automaticamente e muito menos prova sua divindade.

É de bom alvitre lembrar aqui, que a palavra que foi traduzida como virgem na Bíblia foi “almah”, que significa apenas “mulher jovem”. O que é absolutamente irônico, para não dizer tragicômico, é que, toda essa tensão e repressão sexual cristã tenha sido oriunda de um mero erro de tradução. Não sei se rio ou choro, mas imagine quantas meninas “cristãs recém nascidas” vivem em “santidade” por conta de um capricho do tradutor.

Por derradeiro, convido os que defendem a historicidade e a moralidade do Novo Testamento a serem honestos e a só o fazerem apelando para a fé. Afinal, é o que estão fazendo mesmo. Já é tempo de se admitir que o tempo só está fazendo mal aos defensores da autenticidade e da inspiração divina no que tange à Bíblia. Toneladas de evidências apareceram desde então para comprovar que o Novo Testamento é apenas mais um mito. Isso está soterrado.

Resta então apelar para a emoção e para a fé. A emoção é algo em que simplesmente não se pode confiar quando se trata de estudo, honestidade e ensinamentos para a vida. Já a fé…bem, a fé, ao contrário do que a música diz…falha e falha muito. É melhor confiar sempre em algo adquirido ao longo de inúmeras gerações. Algo que nos faz tomar a melhor direção baseada em bons motivos. Provas, evidências e argumentação superior. O nome disso é bom senso. E a cereja do bolo é que você não precisa pagar  10% para usá-lo.

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