quarta-feira, 11 de julho de 2012

Uma revolução estrutural



Uma Revolução Estrutural
Do livro A Inteligência do Evangelho

Não importa o quanto estudamos, o que lemos e ouvimos da experiência de outros homens.  Podemos ser fortemente impactados pelo testemunho de alguém; podemos ser levados às lagrimas, e, até, a tomar decisões sérias, mas ainda assim, é necessário que vivamos nossa experiência pessoal com Deus.
O profeta Isaías foi uma daquelas muitas pessoas que se relacionaram com Deus na carona da experiência de outros, cumprindo os requisitos da religião do seu tempo. Seguiu o protocolo, observou as regras da sua fé, norteou-se pelos conceitos que lhe haviam passado e criou para si um conceito desajeitado a respeito do Deus de Israel, até o dia que teve uma experiência que mudou para sempre sua vida!
Um encontro com Deus, pelos relatos bíblicos, nem sempre será uma experiência festiva; ver o Senhor e ouvir sua voz pode ser uma experiência aterrorizante! Depois de ter tido uma visão da glória de Deus, Isaías exclamou apavorado: “Ai de mim! pois estou perdido; porque sou homem de lábios impuros, e habito no meio dum povo de impuros lábios; e os meus olhos viram o rei, o Senhor dos exércitos!” (Is 6:5)
Ninguém sai de uma experiência, como a que teve Isaías, sem experimentar um abalo sísmico de proporções gigantescas em sua alma. O que aconteceu com Isaías foi uma revolução estrutural que alterou dramaticamente o curso de sua vida. Creio que é exatamente disso que todos nós necessitamos, uma revolução estrutural que atinja o âmago da nossa prepotência, da nossa auto-suficiência; um abalo que arrase a soberba, o orgulho, aquela altivez própria dos seres caídos.  Digo isso, porque todas essas adjetivações são de herança maligna, razão porque precisam ser erradicadas de nossa alma.
Só uma experiência assim, dramática, fará com que nossa miséria fique patente aos nossos próprios olhos, a ponto de julgarmo-nos “perdidos”. Só então estaremos prontos para a reforma de que tanto necessitamos e que tão constantemente rejeitamos. A experiência de Isaías foi tão profunda que ele mesmo reconheceu seu estado de completa perdição. Ele disse: “Ai de mim! Estou perdido!” Foi ferido de morte em sua presunção como homem letrado que era. As bases que davam sustentação à sua vida foram movidas; sentiu faltar-lhe o chão. Haviam caído as colunas. Concluiu desesperado: “Estou perdido!”.
As revoluções estruturais acabam conosco! Soa estranho, não é? Mas é exatamente disso que precisamos. Por incrível que pareça, essas experiências nos tornam diferentes, transformados, e para melhor. Somos, na maioria das vezes, a favor de mudanças, desde que elas não acarretem tanto transtorno. Ninguém em bom juízo quer se vir transtornado, não é mesmo? Simpatizamos mais com mudanças conjunturais, ou seja, medidas puramente cosméticas, superficiais, que não ocasionem tanta dor. Falhamos em reconhecer e admitir que, em tantos casos, a situação demanda medidas cirúrgicas. Contentamo-nos e nos acomodamos com a situação em que muitas vezes nos encontramos, pois, afinal, pensamos, a vida deve seguir, e , cá entre nós, ninguém é de ferro!
É assim que vamos abrindo concessões. Concessões são aquelas formas, aqueles “jeitinhos” que damos para contornar situações complexas; geralmente servem para poupar nossa auto-imagem, manter as aparências, preservar relacionamentos e assim por diante. Somos mestres no assunto. Muitas vezes nos sentimos até mesmo orgulhosos quando, através desse tipo de habilidade, conseguimos mascarar uma determinada situação. Alguns têm mais habilidade, outros menos, mas, fato é que todos possuem algo de inato nesse campo.
Essas concessões são verdadeiros agentes de auto-engano. Tanto para o indivíduo, como para o grupo. É bem verdade que temos que ter mecanismos para negociar com determinadas situações; não podemos esperar lograr sucesso tratando as pessoas “a ferro e fogo”. Entretanto, se nos tornarmos muito diplomáticos, acabaremos evitando o confronto e acovardando-nos sempre. Muito embora tal atitude tenha aparência de inteligência, os resultados a longo prazo não serão nem um pouco confiáveis. O que se faz nesse tipo de negociação, na verdade, é arrolar a dívida, parcelando-a em suaves prestações… Não deveríamos julgar como sábia tal estratégia!

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