terça-feira, 27 de setembro de 2011

A POLÊMICA tentativa se assassinato do papa


images A história contada às avessas   Tentativa de assassinato do PapaDesentortando a versão apresentada pelo jornal O Globo sobre a tentativa de assassinato do Papa João Paulo II, Olavo de Carvalho esclarece fatos a respeito do episódio e da infiltração comunista na Igreja Católica nas últimas décadas.
Se você lê com a dose esperada de ingenuidade as declarações de Mehmet Ali Agca na versão que O Globo publicou no último dia 11, fica com a nítida impressão de que descobriu finalmente a verdade sobre o atentado que quase matou o Papa João Paulo II em 13 de maio de 1981. Quem encomendou o crime, diz Agca, não foi a KGB, mas o secretário de Estado do Vaticano, cardeal Agostino Casaroli.
O jornal carioca descreve Agca como “membro de um grupo de extrema-direita” e Casaroli como “uma das figuras centrais do esforço do Vaticano para defender a Igreja nas nações do bloco soviético.”
A conclusão, implícita mas nem por isso menos eloquente, só pode ser uma: a maldita direita católica tramou o assassinato para frustrar a abertura diplomática do Vaticano para com o governo soviético.
Se ainda restasse um pingo de consciência jornalística no Globo, uma breve pesquisa teria bastado para informar ao autor da matéria que:
1) O cardeal Casaroli pode ter escrito no seu livro de memórias umas coisinhas quanto ao sofrimento dos cristãos na URSS, mas, no campo da ação prática, muito mais decisivo para
o conhecimento das intenções humanas do que meras palavras, foi ele próprio o grande articulador da “abertura para o Leste”, um dos maiores responsáveis pelo ingresso em massa de comunistas no clero e, last but not least, o cérebro por trás da grande operação de engenharia política destinada a esvaziar a Igreja da sua missão espiritual tradicional e transformá-la numa agência da Nova Ordem Mundial.
Nos escalões superiores da hierarquia vaticana, ele era o protetor por excelência da Companhia de Jesus, criadora da “Teologia da Libertação” e quartel-general dos comunistas infiltrados na Igreja. De todos os altos dignitários da Igreja Católica na época, nenhum teve mais contatos com os governos comunistas do que ele. Se algo ele fez em favor dos católicos perseguidos, muito mais fez para submeter a Igreja Católica ao jogo comunista.
2) Embora Mehmet Ali Agca tivesse realmente participado de uma organização de extrema-direita, os “Lobos Cinzentos”, nos meses que precederam o crime ele esteve em intenso contato, não com a KGB diretamente, mas com o serviço secreto da Bulgária comunista. Contratar assassinos que serviram ao outro lado é prática quase obrigatória de organizações desse tipo, quando desejam matar um personagem famoso. O envolvimento búlgaro no atentado foi abundantemente provado pela repórter Claire Sterling no livro The Time of the Assassins (Henry Holt & Co., 1983), e uma negativa genérica de participação “da KGB”" sem qualquer menção à Bulgária, é com toda evidência mera desconversa.
3) O estado de guerra entre Casaroli e João Paulo 2º, durante todo o reinado deste último, é fato universalmente conhecido, e nessa guerra a “maldita direita” era representada pelo Papa, não pelo cardeal, que o grande conhecedor de intrigas vaticanas, Malachi Martin, no roman à clef que publicou sob o título Windswept House (“A Casa Batida pelo Vento”) retrata – sob o nome de Cosimo Maestroianni – como um ateu puro e simples.
Mesmo admitindo-se que a denúncia de Mehmet Ali Agca contra o ex-secretário de Estado seja verdadeira, coisa que não tenho a menor condição de afirmar ou negar, resta o fato de que o crime foi cometido a favor dos interesses comunistas e não contra eles. Com ou sem Casaroli, a mão assassina atacou pelo lado esquerdo. Mais uma vez O Globo brinda seus leitores com uma história contada às avessas.
O homem que tentou assassinar o Papa João Paulo II, em 1981 na cidade de Roma, acusa o Vaticano de planear o ataque.
Mehmet Ali Agca falou pela primeira vez numa entrevista à televisão turca, desde que foi libertado em Janeiro, ao fim de 29 anos de prisão.
Três décadas após o crime, as motivações do homicídio continuam ocultas, mas não por muito mais tempo, pelo menos no que depende do turco que se intitula “o eterno Messias”.
“Jornalista: Disparou sobre o papa a mando de quem?
Mehmet Ali Agca: O assassinato do Papa é um incidente básico.
Jornalista: Não respondeu à minha pergunta.
Mehmet Ali Agca: Deixe-me dizer-lhe uma coisa. A administração do Vaticano está por detrás da tentativa de assassinar o Papa, de verdade.
Jornalista: Quem? Um nome?
Mehmet Ali Agca: O governo do Vaticano decidiu o assassinato do Papa. Planearam e organizaram tudo. A ordem “Matem o Papa” foi dada pelo primeiro-ministro do Vaticano, Cardeal Agostino Casaroli”, revelou Ali Agca, declarado mentalmente desequilibrado por uma equipa de médicos.
Continua por saber se o turco agiu ou não sozinho ou se terá sido contratado pelos serviços secretos da União Soviética ou da Bulgária comunista de então (o papa polaco era um forte opositor do comunismo).
Após o encontro onde concedeu perdão ao turco, em 1983, João Paulo II disse que Agca tinha muita preparação militar e revelou não acreditar que tenha actuado sozinho.
Ainda assim, numa visita que realizou à Bulgária em 2002, o Papa afirmou não acreditar que aquele estado balcânico estivesse envolvido na tentativa de homicídio.

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