Não se pode falar de uma raça, nem sequer de um povo, talvez de várias tribos aparentadas com usos comuns. Oriundos do norte da Europa, passaram os Pirineus em direcção á Península Ibérica por volta do ano 900 A.C., fixando-se no norte da Ibéria . Se durante 200 anos Celtas e Iberos praticamente se ignoraram, a partir do ano 700 A.C , começaram a misturar-se dando origem aos Celtiberos . Eram agricultores e pastores, mas também possuiam armas metálicas como lanças, espadas, machados, escudos ,capacetes e couraças. Eram politeístas adorando os seres da natureza, principalmente as árvores, daí que muitos dos nossos apelidos sejam Pereira, Nogueira,Pinheiro, Oliveira,Castanheira, etc. O chefe religioso era o druída, mistura de mago e curandeiro, conhecedor das estrelas e da natureza. Altos e fortes eram cultos, pois gostavam do canto dos poetas e faziam artesanato artístico. Homens e mulheres prendiam os longos cabelos penteados com alfinetes de ouro, prata ou bronze, consoante as posses. Da sua passagem deixaram numerosos vestígios, como os que encontramos no nosso país nas regiões de xisto e granito. São restos de construções, normalmente circulares que muitos associam a " povoados fortificados ", embora a maioria fossem simples locais de habitação , característicos da Idade do Ferro e denominados de castros. Os castros, tomam a designação de citânias quando de maiores dimensões e habitados permanentemente, como é o caso da citânia de Briteiros. Invariavelmente localizados no cimo dos montes permitiam um controlo táctico dos campos agrícolas em redor. Nestes montes havia sempre fontes,poços ou cursos de água o que lhes permitia resistir em caso de cerco. Um castro típico possui duas a três muralhas de defesa e dentro as casas de três a cinco metros, na maioria circulares, feitas de pedra solta e terra, com telhado cónico de colmo suspenso por um pilar central de madeira.
A distribição das casas dentro do castro é alinhada, revelando já uma organização. Alguns historiadores afirmam que alguns castros são da idade do bronze e do Neolítico, anteriores aos Celtas terem vindo para a península Ibérica. Os Romanos destruiram muitos castros,devido á feroz resistência dos povos castrejos á sua ocupação, embora outros fossem aproveitados e aumentados como cidades romanas. A zona castreja encontra-se, para além da Galiza espanhola, na região entre os rios Douro e Minho, nos concelhos de Caminha, Cerveira, Valença, Coura, Viana do Castelo,Ponte de Lima e Esposende. As citânias mais conhecidas são as de Sanfins, Briteiros, Bagunte, Alvarelho e ainda a cividade de Terroso.
Dissemos atrás que muitos dos castros celtas foram aproveitados pelos romanos que os modificaram. É o caso da citânia de Briteiros descoberta ,em 1875, pelo arqueólogo Martins Sarmento.É um povoado da Idade do Ferro, situado no monte de S. Romão, freguesia de Briteiros, concelho de Guimarães. Possui três muralhas de dois metros de largura e cinco metros de altura; as casas são circulares e de origem céltica pela sua disposição e desenhos decorativos. A influência da romanização neste povoado é evidenciada pelas inscrições latinas, moedas, cerâmica, vidros ,etc. Como testemunho da antiguidade da citânia de Briteiros estão os achados de instrumentos de pedra neolíticos ou de bronze. Por outro lado, as mamoas e as gravuras rupestres , nas proximidades , mostram a existência de uma cultura anterior á romana. A citânia deve ter sido abandonada no séc III D.C. Das mamoas falaremos mais adiante pois ainda há que dizer dos castros e para isso vamos aproveitar o que já foi estudado sobre a cividade de Terroso . Erigida no monte da Cividade (Póvoa de Varzim) fica a 5 kms da costa o que possibilitava o comércio com o Mediterrâneo. Terá sido construída entre os anos 900 e 800 AC, como consequência de deslocação de populações da planície litoral . A cividade foi erguida a 152 metros de altitude o que permitia uma excelente posição de vigilância sobre a região. As três cinturas de muralhas eram compostas de grandes blocos de pedra sem argamassa e a altura dependia do relêvo. Nas zonas de fácil acesso as muralhas eram altas e largas enquanto nas zonas de declive eram mais simples. As habitações estavam agrupadas em núcleos com algumas casas possuindo um átrio. Os núcleos familiares eram compostos por quatro a cinco divisões circulares que abriam para um pátio central.Os núcleos eram separados por arruamentos estreitos que dividiam o povoado em quatro partes sendo, cada uma delas, composta por 4 a 5 núcleos familiares. A população cultivava trigo , cevada e fava e pastoreava vacas, ovelhas, porcos e cavalos. Estando perto do mar alimentavam-se também de lapas , mexilhões e ouriços do mar.. Cremavam os mortos depositando as cinzas em pequenas fossas circulares, dentro e fora do povoado. Vejamos agora as mamoas,também elas ligadas ao rito funerário. O nome deriva dos romanos que deram o nome de mammulas ás pequenas elevações de terreno parecidas com os seios de uma mulher. As mamoas ou tumuli eram edificações artificiais de pedra e areia com a finalidade de proteger o dólmen, cobrindo completamente a câmara mortuária e o corredor, quando este existia. A mamoa, ao esconder e proteger a sepultura dava-lhe, ao mesmo tempo, uma certa monumentalidade.Também é possível que tivesse servido de rampa para o transporte da pedra que servia de tampa da câmara mortuária. Em Portugal as mamoas estão normalmente dispostas em grupo, ocupando zonas planas que não serviam para a agricultura, ou á beira de caminhos. Estas sepulturas megalíticas monumentais deviam ser de antepassados importantes ou de suas relíquias ,pois os mortos comuns não eram assim enterrados. Estes monumentos funerários devem ter tido um significado simbólico importante que desconhecemos. Encontramos dólmens desde o fim do quinto milénio antes de Cristo até ao fim do terceiro milénio AC..Estes monumentos pré-históricos são também conhecidos por antas, arcas ou orcas. A anta ou dólmen escondido debaixo de uma colina artificial (mamoa) era como um útero abrigado do olhar, onde se colocavam relíquias no interior da terra. Podemos imaginar que para os Celtas essa deposição de relíquias funerárias seria como que o regresso de um humano ao útero do ventre materno da Terra Mãe. Julga-se que a origem mais remota dos Celtas esteja em povos de origem Indo-Europeia, já que a língua usada tem muitas semelhanças com duas daquela zona.Terminamos este apontamento sobre os celtas mostrando moedas por eles utilizadas e o vestuário branco de um druída. Para os mais pequenos talvez uma leitura do Asterix e do Obelix podesse ilustrar a vida destes povos cujo sangue nos corre nas veias, mesmo que em pequena percentagem.
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