quarta-feira, 20 de junho de 2012

DECEPÇÃO, VERGONHA E FALTA DE ESPERANÇA


Isso mesmo: decepção, vergonha e falta de esperança são os sentimentos de um brasileiro que sempre se empolgou pelas causas que traduzissem relevância para o bem estar social da nossa pátria. “Moro num país tropical, abençoado por Deus e bonito por natureza”. Disse Jorge Bem Jor, há muito tempo, em sua música de grande sucesso nacional e internacional. Sim, um país realmente tropical e bonito por natureza e, acredito, abençoado por Deus.
Creio na benção de Deus no que diz respeito a não ter consequencias provenientes de fenômenos naturais, com exceção da seca, que vez em quando assola algumas regiões, principalmente o nordeste. Porém, com relação aos nossos administradores políticos, em sua grandiosa maioria, tenho certeza que o Senhor não os estará abençoando, porque eles não têm a sã consciência do grande lema da vida, uma verdadeira oração a Deus: A HONESTIDADE. “O homem deve fugir dos males e seguir a justiça, o amor, a fé e a mansidão“. Ser honesto não significa tão somente pagar pecuniariamente o que deve. Ser honesto é, acima de tudo, amar ao próximo como a si mesmo; não matar; e não roubar. São os três preceitos básicos para que o ser humano os siga e justifique a sua passagem pela vida, como filho de Deus.
E eis que nos deparamos, hoje, com um Brasil adulterado pelos males que afetam as nossas entidades representativas, inclusive, algumas se dizem até religiosas. Em quase todos os meios percebemos a corrupção chegar a tal ponto que as novas gerações já tendem a encarar isso como uma coisa normal, uma banalidade onde roubar é que é o certo e ser honesto é que está errado. A violência, tão abusiva, chega até a penetrar nos lares, atacando-nos com ligações telefônicas, querendo nos impor a aceitar propostas às vezes ditas de um jeito e realizadas de outro. Mata-se e rouba-se.
A polícia prende e a justiça solta, alegando falta de amparo legal, diante de um código defasado que pede que o atualize, mas os sugadores do poder não mostram interesse em fazer nenhuma reforma neste País, porque, com elas, perderão as tetas regadas que lhes dão o leite roubado do povo. Vemos galalaus assaltando, roubando e matando, e não podem ser presos, porque as leis dizem que são de menores e, no entanto, são obrigados a escolher os seus representantes políticos, incluindo ai o Presidente da República. São essas crianças, maiores de quinze anos, proibidas de oferecer mão-de-obra para o mercado e, com isso, uma grande maioria se perde no meio do crack, que serve apenas para induzi-las à bandidagem e, pelo fato de não poderem trabalhar, buscam apenas no crime sua formação.
São liminares que as chamo de sapoquaras. Uma manda prender, outra manda soltar, ou seja, igual a sapo: você bota pra fora por uma porta e ele entra pela outra. Será que as razões são julgadas realmente? Ou tem o troca-troca? Não sei. O maior exemplo disso são as cassações de Prefeitos, que saem das Prefeituras hoje como corruptos e entram amanhã como heróis, com direito a desfiles pela cidade, fogos de artifícios, coquetéis, etc..
È a desigualdade social se alastrando indecentemente por esse Brasil afora, humilhando e maculando aqueles humildes que, com o esforço nos seus trabalhos, às vezes nem ganham o suficiente para alimentar seus familiares, privando-se do direito de ter uma vida digna, incluindo aí lazer, estudos para os filhos e outros itens, enquanto assistimos a mega salários de jogadores de futebol (só dois famosos do Brasil juntos ganham mais de quatro milhões de reais por mês), a mega salários de cantores de bandas de axé, sertanejas e pagodão, estes cantando letras berrantes, com gestos obscenos, ensinando a imoralidades para os jovens e, no entanto, cobram por show valores que variam de cem a quinhentos mil reais; a mega salários de políticos, sem falar nas mordomias que ainda são bem maiores, sem falar também no direito que estes têm de, quando acharem por bem de aumentá-los, o fazem no percentual que desejam e na calada da noite entre eles mesmos, enquanto aqueles profissionais que lidam com a educação, saúde, segurança e outros segmentos também importantes os assistem impor tudo isso sem nada poder fazer, diante desse regime de democracia forjada que aí está
Democracia somente caracterizada pela liberdade do ato eleitoral, contudo, o que assistimos nas eleições são as compras de votos estampadas em nossas caras, tanto que é normal vermos, no período de campanha, concentração de pessoas em frente às casas de candidatos, á busca de recursos para saciar suas vontades e desejos, sem que nada seja feito para coibi-las. È sabido que quem ganha eleição é quem tem dinheiro, porque é o dinheiro o maior comprador de votos.
O poder legislativo a nível federal é composto de 81 senadores (segundo o DIAP, cada senador corresponde a uma despesa de mais de trinta milhões por ano. Multiplique por 81, veremos o total ) e 513 deputados federais, num total de 594 , dos quais não sei se podemos garantir a dedicação de patriotismo representada pela honestidade de dez por cento
São tantos os interesses pessoais que envolvem, que é muito pouco o envolvimento em torno de discussão de algum assunto bom para o povo, tanto que dá para vermos pela TV a falta de respeito com o orador, vez que enquanto este fala, os outros papeiam, o que deduzimos estarem totalmente alheios ao bem comum do brasileiro, como disse o falecido deputado Clodovil , que foi retrucado veementemente pela maioria de seus colegas. Dizem ser representantes do povo que, enquanto este trabalha arduamente seis dias na semana, para ter uma vida aquém da dignidade, trabalhando muito para ganhar pouco, aqueles dizem cumprir suas missões profissionais em apenas três dias por semana, com toda regalia de um abastardo, trabalhando pouco para ganhar milhões.
Será que para se julgar uma lei, precisa-se de tantos legisladores? Que, por sinal, dentre eles muitos que respondem a processos, e até criminais, e que estão lá representando o brasileiro, este ser que para administrar seriamente uma simples agremiação em sua comunidade, sem ser remunerado, precisa de um atestado de antecedentes criminais, e eles não. E as despesas que estes quase seiscentos “legislabundos”, com exceção de poucos, provocam aos cofres dos nossos bolsos, e não do governo, visto que somos nós que pagamos impostos para sustentá-los e mais nem sei quantos secretários que cada um tem, fora outras mordomias?
Será que o governo não seria justo com os nossos aposentados, que tanto trabalharam realmente pelo Brasil, se reduzisse o número pelo menos dos deputados, que muito pouco ou nada fazem, a não ser pra eles mesmos, e lhes desse um aumento anual digno? Pois, do jeito que vai, daqui a certo tempo, os idosos estarão com salário aquém do mínimo.

No Brasil, educação, saúde e segurança, itens imprescindíveis para o povo, são considerados pelo governo como despesas, e não como investimentos. Por isso ha tanta negligência em não tratá-los como prioridades. Quanto à educação, não tem interesse em instruir os nossos jovens, porque prefere que a maioria do povo se mantenha desinformada, para prevalecer o domínio do poder, tanto que existe recomendação para que os colégios façam de tudo e todos para aprovarem alunos, mesmo os inaptos, vez que o mais importante é mostrar quantidade e não qualidade. A prova do desprezo por essa grande formação humana é a falta de estimulo que sente hoje um professor, tanto pela baixa remuneração a uma profissão tão importante para o ser humano, quanto pela insegurança provocada pelos alunos violentos, que, por muitas vezes juram até matar o seu mestre da vida.
Só os políticos não sabem que quem é bem educado resguarda a saúde e, consequentemente, reduz-se as despesas em hospitais, sem falar também na redução da violência. E é justamente pela falta de assistência a educação, este setor que, para não se ver totalmente desamparado pelo governo, às vezes faz greves, um direito adquirido pela constituição, mas deturpado pelas liminares que estão aí a torto e direita considerando-as ilegais. E, enquanto isso, os hospitais seguem em frente com corredores repletos de macas, a fedentina penetrando nas narinas e nossos irmãos tratando nossos irmãos como podem, visto que os poderosos não se sensibilizam com as dores dos outros e são possuidores de assistências de saúde particulares, tendo, com isso, a consciência de que estando bom pra si o povo que se exploda. Quantos morrem nas portas de hospitais, por não acharem vagas e ficarem pra cima e pra baixo feitos patetas até não agüentarem?
Quantos pacientes se dão altas, por não suportar os indecorosos tratamentos que recebem, e muitos morrem à míngua, diante da indignidade incrível que existe nessas casas de saúde. Será que os políticos passam por isso? Duvido que se internem ou deixem alguém de sua família se internar em hospitais públicos desse porte, que é o predominante neste País, assim como não deixam seus descendentes freqüentar escolas públicas, outro caos.
O desinteresse em coibir a violência no Brasil é tão grande que muitos canais de televisão invadem nossos lares com programas que mostram a dura crueldade e o descabido sadismo do sofrimento alheio para crianças, e por que não dizer adultos também. Vemos nos noticiários 90% das reportagens serem de violência vestida da criminalidade, roubalheira, drogas e principalmente corrupção de políticos, que, ao invés de darem exemplos para a nova geração que aí está, metem a mão no dinheiro dos trabalhadores honestos, que pagam seus impostos em dia e não são reconhecidos como os grandes sustentadores dessa nação, recebendo em troca o total desprezo, sem educação, sem saúde e tome-lhe violência.
“Uma nação não está bem, se seu povo passa mal”. “Uma casa não pode ser bonita, com roupa suja”. O que adianta o País estar bem lá fora, com sua economia em alta e o povo em baixa? Assim como esses falsos patriotas não estão dando a mínima para um dos grandes direitos em uma democracia, a greve, pois a arma deles é vencer pelo cansaço, e não pela razão, sei que também não irão dar bola para esta minha escrita, mas deixo aqui registrada a minha indignação e recomendação aos jovens brasileiros: “Ajam, enquanto há tempo, antes que o amanhã venha todo corrompido e desonesto, regado pelo completo anarquismo”.
Paulo Rios – junho de 2012.

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