domingo, 24 de junho de 2012

O racismo de quem só quer animais de raça


by Rudy Rafael
Uma das maiores críticas ao regime nazista foi o seu ideal de uma raça humana pura e perfeita, busca esta que gerou até mesmo políticas estatais para sua efetivação. As pessoas criticam esta perspectiva enquanto à cultivam em relação aos animais. É lição de pré-escola que o homem é um animal; racional, diz-se. O que torna o homem um animal diferente dos outros é a sua própria opinião. Aos olhos de Deus tudo é sua criação e tudo vem da mesma fonte primordial espiritual. Os animais humanos repudiam a política que trabalhe em busca de uma raça humana pura e perfeita, enquanto, por vários motivos, vangloriam este mesmo ideal em relação aos animais. As pessoas não acham que uma pessoa é melhor que a outra por sua etnia, mas acham que um cachorro é melhor que outro por sua raça.
Esta incoerência se torna mais tola ainda quando as pessoas acham que um animal merece mais Amor que o outro por ser de raça, assim como as pessoas que pretendem adotar uma criança e pensam que devem escolher um ser humano para entrar suas famílias passeando por uma ala e olhando qual mais lhe agrada aos olhos. Esta é a ilusão da qual as pessoas são prisioneiras, a ilusão dos sentidos, que faz apenas do que os sentidos físicos podem perceber a sua realidade e fazem da sua realidade uma vivência de um amor paralítico, que quer o que é mais fácil, o que agrada aos olhos, porque não conseguem conectar-se à essência de todas as coisas; das pessoas que querem o cachorro de raça porque a sua realidade de amar é aleijada e não conseguem fazer o que está dentro de si amar o que está dentro do vira-lata.
A vida na matéria existe para o espírito aprender lições e tudo que é fácil demais deve ser observado com cautela. O Amor também é uma lição. A lição do Amor incondicional, que é o Amor de Deus e é o caminho para a evolução espiritual. Amar o que é fácil é fácil. Todos conseguem o que é fácil e não há méritos em alcançar o que é fácil, assim como alcançar o que é esperado na vida não diz coisa alguma. A graça da vida não é o que se consegue quando todas as circunstâncias favorecem a conseguir algo, mas o que se consegue quando nada favorecia a isso. Na vida também se aprende a amar, seja pelo despertar da consciência, o que pode ser feito simplesmente pela empatia desenvolvida, compreendendo o outro, ou pelo outro caminho, passando pelo que o outro passou para entender como é.
O Amor pelos animais bonitinhos, cheirosinhos, fofinhos, espertinhos e limpinhos é fácil. Qualquer um amaria um cachorro bem cuidado, bonito, inteligente e sadio. Mas em relação ao vira-lata sujo, doente, cheio de sarna, feio e burro as coisas são diferentes. Cachorros e gatos são animais domésticos que notoriamente fazem parte do convívio social de todos, mas há muitos outros animais no mundo. O reino animal não é apenas feito de cachorros e gatos. Na infinidade de espécies do reino animal existem infinitas formas para amar, criaturas divinas, que vieram do mesmo Deus criador e que são tão filhas de Deus quanto os outros animais e os humanos. Coitadas das pessoas que pensam que a beleza do reino animal limita-se apenas a cachorrinhos e gatinhos bonitinhos e outros animais fofinhos.
O aprendizado do espírito na vida é isto, aprender a ver tanta beleza no cachorrinho bonitinho que corre atrás da bolinha colorida quanto no porco sujo que brinca na lama. Tudo isso é Deus e tudo vem de Deus. Toda forma de rejeição é uma rejeição a Deus e rejeição traz sofrimento. Amar a Deus sobre todas as coisas é amar a sua obra, a sua criação. É ver a beleza, a grandiosidade e a importância de sua criação em tudo, absolutamente tudo, e disto cuidar. Os animais bonitos e os feios, os inteligentes e os burros, os sadios e os doentes, os de raça e os vira-latas, todos merecem Amor na mesma medida e a pessoa que não consegue amar tudo da mesma forma e ver que tudo é Deus ainda irá penar muito encarnando neste plano material e até mesmo no planeta Terra, pois quem estagna em amar estagna na evolução.
Todas as consciências do reino animal fazem parte da mesma consciência coletiva, a do reino animal, e por mais que as pessoas ignorem isto, os animais não estão completamente desamparados. Como a realidade para as pessoas é apenas o que os seus olhos físicos podem ver, elas acham que aquilo que o homem faz de mal a um animal pode passar desapercebido, mas isto é improcedente. Os animais fazem parte de um reino de consciência, a seu nível de evolução, logicamente, que possui força, inteligência e Vontade direcionada, de forma que este reino age também em sua defesa, não da forma como os humanos pensam, mas de outra. Existem elementais que atuam no ajustamento daquilo que foi feito contra o reino animal e não é à toa a relação entre a crueldade contra os animais e os problemas mentais.
Aquele que só quer ter animais de raça pois só por estes consegue ter algum bom sentimento está rejeitando o próprio Deus. Rejeitar a criação de Deus, seja o que for, pelo motivo que for, é rejeitar o próprio Deus e sendo o objetivo final da evolução unir-se com Deus a evolução resta prejudicada, já que desta forma jamais vai acontecer. A obsessão pela exclusividade em amar um único objeto desclassifica o próprio sentimento como Amor, pois ninguém nasceu para amar somente uma coisa, uma pessoa ou um tipo de animal, mas para aprender a amar tudo e todos e ver que em tudo há Deus. O Deus que habita o cachorro de raça não é diferente do Deus que habita o cachorro vira-lata e o problema não está neste vira-lata, mas na pessoa que não consegue perceber o mesmo Deus nele.
Quem se torna obsessivo por um Amor só é como se tivesse a oportunidade de passar um dia todo no maior e melhor parque de diversões do mundo e passasse o tempo todo em um brinquedo só, aguardando na fila por sua vez, aproveitando o brinquedo quando fosse o seu turno e quando terminasse imediatamente voltasse para a fila do mesmo brinquedo, novamente e sucessivamente até acabar o dia. A pessoa pode até ter adorado o brinquedo que usou, mas não sabe o quanto poderia ter também aproveitado os outros brinquedos do parque e termina o dia sem saber o que de fato era o parque, já que se fixou apenas em um único brinquedo. Numerosos são os espíritos que se condenam após a morte por verem quanto tempo perderam obcecados por uma única coisa ou pessoa.
Assim como as pessoas querem casas e carros bonitos para mostrar aos outros também querem animais e pessoas bonitas para expor e chamam isso de “amar”, quando na verdade isto só reflete o seu pífio estado de evolução espiritual; havendo pessoas tão ocas que chegam a usar animais de raça como bens para se promover e se exibir. Apenas há um tipo de Amor: o incondicional e onde houver condição não haverá Amor. “Eu te amo se tu fizeres isso”, “Eu te amo se tu tiveres aquilo”, “Eu te amo se tu fores assim”, “Eu amarei o cachorro que for de raça”, “Eu amarei o gato que tiver boa aparência” e “Eu amarei os animais que forem bonitos e limpos” somente para os humanos, atrasados como sempre, isso pode ser considerado Amor. O mundo melhor é aquele onde as pessoas são felizes não por terem aquilo que amam, mas por amar.
Aquele que passa a vida toda lendo, estudando e se instruindo teoricamente sobre a espiritualidade mas só quer ter cachorros e gatos de raça, por qualquer motivo, não aprendeu coisa alguma. Dizer que os homens podem achar diferenças entre os animais em razão de suas raças seria também dizer que os anjos podem achar diferenças entre os homens em razão de suas etnias, já que o reino animal está para o hominal assim como o hominal está para o angelical. Não há diferença entre achar que um animal é melhor e mereça mais Amor que o outro em razão de sua raça e achar que uma pessoa é melhor e mereça mais Amor que a outra em razão de sua etnia. Os vira-latas são uma grande jogada do Criador, pois para muitos chegam para começar a ensinar como é amar com a alma.

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