domingo, 3 de junho de 2012

Declarações de um púlpito de igreja, estressado





Primeiramente precisamos definir o que é púlpito. Praticamente todas as igrejas protestantes utilizam esse móvel chamado púlpito para que os preletores pastores preguem. Ele encontra-se no centro da plataforma, geralmente elevada, dando assim uma conotação de autoridade e centralidade.

O púlpito surgiu nos templos pagãos, sendo oficializado na Idade Média pela Igreja Católica como, de fato, o local propício para a pregação.

Na Reforma Protestante o altar foi praticamente removido, deixando toda a atenção dedicada ao púlpito, reforçando ainda mais a centralidade da pregação. Portanto, isso tudo quer dizer que nem Jesus, nem os apóstolos, muito menos os pais da Igreja pregaram em púlpitos.

A palavra púlpito vem do latim pulpitum, traduzindo, palco.

Então, para que fique claro, o púlpito em si não tem importância nenhuma no que diz respeito a pregação do Evangelho, mesmo porque a Nova Aliança não é mais focada em templos, altares, púlpitos ou plataformas, mas na ação do Espírito Santo nos crentes em Cristo Jesus.

Portanto, o púlpito ao qual me refiro não é aquele de madeira utilizado nos templos, mas qualquer oportunidade em que compartilhamos das Boas Novas.

Sendo assim, comecemos pelo mais fácil: Para que o púlpito não serve.
  1. Para jogadas de poder, principalmente político: De fato, nenhuma barganha, nenhum privilégio e nenhuma bandeira, por mais pura que seja, justifica a abertura do púlpito a politicagem. A igreja precisa de uma vez por todas posicionar-se contra qualquer manobra política que a envolva. Mas obviamente que um cristão maduro nutrirá uma consciência política com relação à escolha de seus governantes.
  2. Para seminários de auto-ajuda ou palestras motivacionais: Os pastores de hoje em dia, mesmo que sem intenção acabam caindo nos discursos de auto-ajuda. Sete passos, doze chaves, cinco pedras. Isso tudo é filosofia barata, que não serve para o amadurecimento de um crente, apenas mais muletas e sonhos ilusórios. Preguem a ajuda que vem do alto!
  3. Para barganhas financeiras: Assunto já muito batido por vários escritores e blogueiros, mas sempre válido. Precisamos acabar de uma vez por todas com as pregações que ensinam o crente a barganhar com Deus, entregar o dízimo ou dar oferta não é moeda de troca com o Todo-Poderoso, que nunca mendigaria moeda nenhuma, e quando precisou tirou dinheiro da boca de um peixe. Nesse balaio entram os seguidores de São Malaquias, a deturpadíssima lei da semeadura, o medo de ser infiel com seu dízimo, os desafios sobre ofertas. Ensinem o que a bíblia diz, ofertem com liberalidade e plena consciência de que isso é um gesto de amor.
  4. Para pastorear seu grande rebanho: Muitos e muitos pastores bem intencionados tem caído no erro crasso de tentar resolver os problemas dos membros da sua congregação através das pregações, podemos chamar de pastoreio à distância. Palavras direcionadas e expectativas de reações das pessoas nos apelos acabam levando pastores à loucura. Se um membro tem problema, chame-o e resolva, não submeta a igreja toda aos problemas dos outros.
  5. Para stand-up comedy: Essa é nova, mas é velha ao mesmo tempo. Muitos pastores estão se achando os comediantes da vez. Cheios de piadas, situações inusitadas, histórias ridículas confidenciadas em seus gabinetes, ilustrações toscas. A platéia cai na gargalhada, e sai do culto lembrando mais das anedotas do que da Palavra de Deus. Amigos, deixem as piadas para os comediantes e procurem que a congregação saia dos cultos lembrando apenas da maravilhosa palavra de Deus.
  6. Para sua própria terapia: Por mais tentador que seja, é ridículo o quanto nossos líderes usam do púlpito para aliviar suas frustrações cotidianas. Travestem seus relatos com o manto da “transparência” de vida e mais falam de si mesmos do que de Deus. Gente, eu garanto, a bíblia já tem exemplos suficientes.





A lista poderia ser bem mais extensa, mas acredito que esses são os pontos principais, que tem levado nossos púlpitos a serem usados de maneira errônea, e até mesmo impedindo o agir pleno de Deus pela nossa meninice.
Então, o que devemos falar, afinal, nos púlpitos?

A Palavra de Deus, pura e simples, profunda e ao mesmo tempo feita para as crianças. A fé vem pelo ouvir, e o ouvir da Palavra de Deus, não de histórias, anedotas, piadas, lamúrias. Jesus usava parábolas pois ainda haviam muitas coisas encobertas aos seus discípulos, que ainda careciam do Espírito Santo. Mas nós, os que cremos, recebemos o dom de Deus, temos a unção para que tudo nos seja claro como a luz do dia.

Parafraseando o apóstolo Paulo, prega a Palavra!




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