domingo, 22 de janeiro de 2012

LIZ - FÁTIMA Centro de Energia - (Trigueirinho)



Texto muito interessante escrito por Trigueirinho (José Trigueirinho Netto, nascido em 1931, no Brasil) que aborda o tema da caminhada espiritual (e da nossa nação Lusa e da sua missão como povo), mas este trecho especificamente, fala da minha terra de Nascimento (Liz Leiria-Alcobaça) e de adopção, (Zona Fátima-Tomar-Ourém). (Re)confirma assim a noção de que é um centro energético de ligação/Fusão entre a matéria e os seus desejos e o espírito com as suas realizações)
Transcrevo este excerto porque além de corroborar esta "importância" em termos de ligação a esta nossa Terra de Santa Maria é um texto onde "sinto" a Verdade em "doses de entendimento acessível".
Mas nada melhor do que ler...

No decorrer do processo de aproximação à energia do Centro de Lis, pude ir percebendo que cada indivíduo tem a sua específica parcela de colaboração com o Plano Evolutivo. Ainda que em sua grande maioria eles não a cumpram, o Plano vai se realizando da forma que lhe é possível, procurando superar as limitações que lhe são impostas.
Existem tarefas próprias da energia desse Centro que são fundamentais para essa realização, sendo, portanto, especialmente estimuladas pela Hierarquia sempre que surge uma conjuntura favorável, capaz de comportá-las. Essas tarefas dizem respeito aos caminhos que levam ao contacto directo com o espírito, entre os quais estão o místico e o eremítico, bem como o da oração, como meio de divinizar a matéria.

A passagem pelos chamados túneis da escuridão, ou pelo Vazio, é um estágio necessário para o despertar de um contacto verdadeiro, permanente, e que abarque uma realidade mais profunda - seja do próprio núcleo do ser, seja de um Centro intraterreno ou da vida pós-terrestre. Quando a consciência segue pelas escuras trilhas do Vazio, sem as referências e fronteiras que normalmente a vinculam à vida formal, ela pode ampliar-se ao Infinito.

Durante o período em que as experiências ditas místicas manifestam um carácter individual, elas ainda não são realmente místicas. O verdadeiro caminho místico apenas tem início quando a consciência pode ir além dos limites pessoais. O misticismo corresponde à dissolução da vida humana na vida total; é o fruto da união que funde o transitório ao atemporal, o fragmento à Unidade. 

Tudo o que um místico tem a fazer é entregar-se e deixar que a Verdade se faça. Ele sabe que, por maior que seja a obra de suas mãos, ela não lhe pertence. Quanto mais o espírito se engrandece pelo que flui através dos seus canais, mais ele experimenta uma profunda humildade. Já lhe foi dado saber que, onde as raízes da vaidade se alastram, não há lugar para o desenvolvimento da pureza interior.

Enquanto a vida na Terra afunila-se, sufocando os homens nas suas densas carapaças, a totalidade interior absorve os que conseguem se despojar do estado humano. Que outro vínculo une os habitantes do universo entre si senão a Verdade única?

Entretanto, é mais fácil um indivíduo permanecer solitário do que estar verdadeiramente diante do Vazio Interior. A falta de contactos externos pouco tem a ver com a essência de uma vida de total recolhimento. Uma reclusão carregada de compromissos acontece quando o indivíduo que se põe nessas condições ainda não amadureceu o suficiente para reconhecer que a verdadeira solidão é interior, é uma recusa da consciência suprema a estar vinculada a qualquer outro ponto que não seja a Fonte da Vida.

O relacionamento em planos mais subtis da matéria, mesmo sem o contacto externo, cria vínculos fortíssimos, alimenta ilusões e apetites pessoais. O verdadeiro Servidor do Silêncio deve, portanto, se abster de relacionamentos também nesses planos.

Lis-Fátima inspira a vida eremítica, de silêncio e de reclusão, entre outras formas igualmente santificadas. Incute no homem a busca pelo estado de liberdade que lhe possibilitará contactar a Realidade e a ela servir.

O eremita não luta nem sofre por deixar algo; ele sofre quando se deixa prender. Ainda que o silêncio e o recolhimento sejam das rotas mais directas para o encontro com o Propósito da Vida, o real caminho do eremita é não ter caminho; seu destino e sua meta é o Vazio.

Na solidão, ele reconhece a única Presença; na ausência de tudo, recebe o milagre da Plenitude. Abraçando o incognoscível, a Sabedoria desvela-lhe seus segredos; na quietude, unifica-se com todos os homens. Vendo-se afastado de todas as estruturas, sua própria vida torna-se mais simples. Dissolvem-se em seu consciente as complicadas tramas que a vida material criou no decorrer de milénios. Sendo constantemente conduzido ao despojamento e à singeleza, torna-se como uma inocente criança que acaba de chegar ao mundo. Sua beatitude está na ausência de complicações, no contacto com a verdade essencial da vida. Um segundo do seu silêncio tem mais força do que a multidão de palavras que toda a humanidade pronuncia, pois é um silêncio que engloba em si o som de uma existência devotada ao encontro com a Realidade única. 
Seu trabalho em reclusão, cuja ação é invisível, dá frutos que são compartilhados por todos. O eremita assume a entrega como companheira, e sua única estabilidade é saber que o silêncio e a solidão são tudo que possui.

Na simplicidade que brota no coração dos que chegam a viver a essência de uma vida assim recolhida, não há lugar para vanglória, tampouco para sentir-se superior aos seus irmãos. Do mergulho na essencialidade, da comunhão com a vida Interior, o eremita somente sabe que este é o destino que lhe cabe. Ele não busca essa vida para mostrar-se aos olhos do mundo, mas segue-a como o suave deslizar de uma folha que cal da árvore, sem ruído, sem justificativas, sem questionamentos, imperceptivelmente.

Sua identificação com o chamado ao Silêncio não provém da necessidade de se provar auto-suficiente; brota da total consciência de sua condição humana; brota da clareza de que esse chamado o leva a morrer para o mundo, reconhecendo-se como parte de outros Reinos, supra-humanos.

Seu despojamento se estende à vida interior, e assim como os seus pés acolheram com gratidão o deserto externo, ele vive em paz a aridez dos dias de escuridão interna. Sabe que a seara que lhe cabe não é uma colheita fácil, e nem assim o deseja. Sabe que, nessa tarefa, a dúvida e a incerteza serão pedras que estarão constantemente atadas a seus pés; porém, ele aderiu à aridez e à secura de um deserto interior. Sua alegria é encontrada na simplicidade; basta que um raio de sol toque sua fronte e aí está o sentido da vida. Ele assume o silêncio como resposta às perguntas - reafirma em si mesmo o trilhar de uma vida sem respostas, uma vida de fé e inteira entrega ao Desconhecido.

Um eremita não é um ser que se evade do mundo - ele chega à solidão do mesmo modo que a solidão vem a ele: naturalmente. Uma vida de reclusão pode ser o caminho para a realização interior, se o indivíduo a assume sem ilusões; ela pode se tornar, contudo, um trampolim para o desequilíbrio, se ele leva para dentro desse silêncio todo um mundo construído com base em fantasias.

Para assumir um estado eremítico, portanto, a consciência deve estar espiritualmente madura. Ela pouco irá dispor de estruturas externas que a amparem e que lhe sirvam de adaptadores da energia que flui dos planos internos. Deverá ter bases sólidas para suportar a transbordante fluidez que, em torrentes, descerá dos Reinos Interiores, não tanto como elevado deleite, mas como um potencial que, por meio do serviço de redenção da vida humana, deverá chegar à órbita psíquica do planeta.

Se existe um evoluir da solidão, ele se expressa pela dissolvência de estruturas; é o desenvolvimento de um processo que leva o indivíduo a reencontrar o estado primordial do ser.

O eremita não julga os destinos, mas aceita arrancar de si os empecilhos a um estágio superior. Nele não há lugar para a irreverência humana; em seu silêncio liberta-se dos erros pessoais e, sem enfrentar as forças do conflito, opta por viver a mais pura e recta expressão da Lei. Tampouco põe barreiras à vida comunitária, pois, tendo despertado para a consciência da verdade, conscienliza-se de que somente no Amor os homens poderão encontrar a chave para saírem do escuro poço no qual estão imersos.

Na quietude interna, o verdadeiro eremita descobre que sua posição é estar descomprometido com o humano; é sentir-se internamente livre para manifestar aquilo que seus níveis mais profundos lhe indicam, sem temer as reacções externas, próprias ou alheias, e sem render-se ao comodismo; é ser capaz de dar passos que o levarão a estar perdido como homem, mas salvo perante a vida do Espírito.

Um ser assim é um ser liberto, sem pouso nem morada. Reencontrou sua Casa nas profundezas da consciência e fielmente devotou sua vida a esse reencontro. A paz somente poderá implantar-se nesta Terra quando, sem subterfúgios, os homens estiverem diante da própria realidade interna, em reconhecimento à Grandeza do que lhes é ofertado viver.

A Vida Suprema estimula múltiplas expressões da energia e, em sua pureza, ela sempre levará a Criação a aproximar-se do seu destino. Compreendia isso ainda mais profundamente quando a energia de Lis permeava-me e fazia-me ver um facho de Luz que, se distribuía em inúmeros outros raios, em todas as direcções. Embora a energia variasse em cada um daqueles raios e o trajecto percorrido por eles fosse completamente diferente, a Luz era sempre a mesma.

Trigueirinho – “O Ressurgimento de Fátima (Lis)” – Pensamento

Nenhum comentário:

Postar um comentário