Quem já não vibrou ao ver mulheres lindas e poderosas lutando contra o “mal” nos seriados americanos? Para muitos, mesmo sendo heroínas fictícias, elas ficarão para sempre na memória como deusas da TV! Mas para alguns fanáticos religiosos de plantão ,a mulher sempre será inferior e digna de discriminação! As únicas mulheres que os cristãos admiram são as descritas na Bíblia cujos valores são atribuídos de acordo com os “conceitos” bíblicos que lhes foram passados. E quais são estes conceitos bíblicos? Rigorosidade no vestir-se, submissão, virgindade, inferioridade, desigualdade, de serem escravas sexuais (Lv 19.20; 2º Sm 5.13) e de serem simplesmente máquinas de fazer filhos. Junte-se a isso certos fatos inevitáveis, como a menstruação ou de dar à luz que as tornavam impuras durante um certo período de tempo. Estes conceitos não se encaixam no perfil das heroínas da televisão e tampouco no da mulher contemporânea!
A cultura dos hebreus era machista e para aqueles que optam por segui-la baseados nos ensinamentos bíblicos, continua a ser no meio cristão. O machismo era o fator que preponderava nas relações entre homens e mulheres, sendo colocado de forma bem evidente, através de suas teorias a respeito de um “deus” que se “apresentava” como um ser masculinizado [Gn 32.24,28] e que criou outros seres – como os anjos – também masculinizados [Gn 18.2; 32.24]. Segundo as Escrituras, a criatura-macho era a “menina dos olhos” do suposto deus hebreu, que com um corte no pênis [prepúcio] unia-se numa “aliança” entre a criatura-macho e o criador masculinizado [Gn 17.10-14].
A EVOLUÇÃO DA MULHER DURANTES OS SÉCULOS!
1 – Na Grécia Antiga, a mulher ocupava posição equivalente à do escravo, executando trabalhos manuais; com exceção das hetaíras – cortesãs que cultivavam as artes para deleite dos homens – poetisa Safo, nascida na ilha de Lesbos.
2 – Na Roma Antiga, o código legal legitimava o pater famílias.
3 – Nos primeiros séculos da Idade Média, as mulheres gozavam de alguns direitos, por lei e pelos costumes (acesso a profissões, mas com salários inferiores.
4 – “Caça às bruxas” foi um comportamento adotado pela Igreja Medieval de que Eva foi a responsável pela queda do homem - o “mal”; resultando no século XVI, com milhares de mulheres assassinadas e torturadas;
5 – A partir do século XVII e XVIII, principalmente, as mulheres passam a trabalhar em domicílio, e sua educação sofre revezes, não havendo registro de mulheres nas universidades até meados do século XIX; vozes contra a desigualdade no acesso à educação e trabalho surgem nessa época;
6 – Em 8 de março de 1857, operárias de uma indústria têxtil de Nova Iorque protestam fazendo uma marcha pela cidade; reivindicam melhores salários e uma jornada de 12h; reprimidas, muitas morrem;
7 – No final do século XIX, os homens conquistam o direito a voto; esta luta para o mesmo direito ser concedido às mulheres levou décadas; nos EUA, conseguiram em 1920; na Inglaterra, em 1928; no Brasil, iniciou-se em 1910, e em 1932, Getúlio Vargas publica um Decreto-lei, embora 19 estados já o tivessem feito;
8 – De 1930 a 1940, as mulheres tiveram, formalmente, atendidas suas reivindicações: votar, estudar, trabalhar; a guerra leva as mulheres para o mercado de trabalho; com o fim da guerra, há um retrocesso;
9 – Na década de 60, surge o movimento feminista; no Brasil, esse reforço do movimento ocorre nos anos 70.
Apesar de todo avanço da classe feminina, as mulheres cristãs “preferem” viver de acordo com algumas regras do Israel antigo contidas na Bíblia; regras essas que são consideradas “a palavra” de um deus. É o que abordaremos mais abaixo!
MULHERES VIRTUOSAS?
Na tentativa de encobrir o preconceito dos escritores bíblicos, muitos cristãos [teólogos?] criam estudos exaltando algumas mulheres, camuflando assim a verdadeira mensagem contida contra elas nas narrações bíblicas. Percebemos essa “tática” não só a respeito da condição da mulher naquela época, mas também sobre a escravidão que é defendida explicitamente no Novo Testamento (Ef 6.5-9; Cl 3.22 e 4.1; 1º Tm 6.1-2; 1º Pe 2.18). Devido à cultura da época [sistema patriarcal] que dependia da “obediência” à hierarquia familiar, podemos até dar um desconto a tais mulheres, mas também não podemos deixar de questionar as ações, “sentenças” e descrições machistas sobre elas:
1- Eva: (Gn 4.25) – Culpada pelo pecado da humanidade (Eclesiástico 25.24; II Co 11.3 e I Tm 2.14);
2- Sara: Pelo marido tornou-se objeto sexual de outro (Gn 20.2).
3- Rebeca: Possuída como uma mercadoria (Gn 24.15-67).
4- As filhas de Zelofeade (Nm 27.1-11): Vítimas de uma “lei machista” e de um pai considerado “pecador” (Nm 27.3); mendigaram a herança que lhes era direito ao “poderoso” Moisés. É evidente que o deus hebreu não considerava as mulheres como sua imagem e semelhança ao excluí-las como herdeiras e tampouco não quis ouvir o lamento das jovens, a não ser [só] através da intercessão de Moisés. Interessante que os cristãos transformam essa narração em um ato de bravura das jovens, porém não tecem um comentário sequer contra a “lei” que era/é considerada “divina”, porém… INJUSTA porque as excluíam! O “onisciente” deus hebreu não poderia ter previsto isto ao “inspirar” a lei a Moisés? Mas para os cristãos, por as filhas de Zelofeade terem se humilhado a Moisés… Merecem ser honradas!
5- Débora: (Jz 4.4-5) – Considerada uma profetisa, “liderou” um “exército” na guerra contra Sísera. Episódio curioso tendo em vista que nenhuma mulher deixa seu esposo [Jz 4.4] para juntar-se a outro homem [Baraque] numa empreitada militar. Numa época em que as mulheres eram discriminadas, desvalorizadas e tratadas como mercadorias, só conseguiriam tal destaque se algum “macho” tivesse vantagens sobre elas. E é o que fica subentendido nesta narração absurda em que um “macho” implora pela companhia de uma “mulher” para enfrentar uma batalha. A menos que Débora fosse amante de Baraque, não vemos outra explicação!
Sem contar que o deus hebreu nunca precisou de mulher alguma para suas matanças sangrentas! Pelo contrário, as mulheres sempre foram suas maiores vítimas [Confira: Nm 31.13-18]. A história de Débora não exalta em nada a condição da mulher hebréia! Mas para os cristãos… Por ela ter “liderado” uma chacina… Merece ser honrada!
6- Ana: (I Sm 1.2-28) – Depois de implorar um filho ao deus hebreu, porque julgava-se estéril; entregou-o para ser criado por um homem sem parentesco algum!
Não entendo que amor maternal é este de Ana, mas aos olhos dos cristãos foi um ato louvável e, neste caso… Merece ser honrada!
7- Febe (Rm 16.1): Segundo Paulo não servia para falar ou ensinar nas igrejas, apenas tinha serventia para protegê-lo. Neste caso, como Febe foi protetora de Paulo… Para os cristãos ela merece ser honrada!
Bíblia versus Mulher!
Dizendo que a mulher foi feita do homem e que o marido “governa” o desejo dela; fica explícito que a mulher não é um ser humano independente e sim um “objeto” que o homem governa!
Levítico 27. 1-4:
O Senhor falou a Moisés nestes dizendo: “Fala aos filhos de Israel; dirás a eles: quando se cumpre um voto que se fez ao Senhor baseando-se no valor de uma pessoa, aqui estão os valores:
Para um homem de vinte a sessenta anos, o valor é de sessenta siclos de prata – em moeda do santuário;
para uma mulher, o valor é de trinta siclos;”
“para alguém de sessenta anos ou mais, o valor de um homem é de quinze siclos, o de uma mulher, de dez siclos.”
Na narrativa do Gênesis, homem e mulher são iguais porque foram criados à imagem e semelhança de Deus, porém aqui são “avaliados” de formas diferentes. É evidente que essa “igualdade” torna-se irrelevante quando tem a ver com a força de trabalho físico!
Deuteronômio 5. 21: Não cobice a mulher do próximo. (mandamento para os homens).
Não existe um mandamento para a mulher não cobiçar o marido da outra. Sabe por quê? Porque os hebreus (machos) podiam ter mais de uma mulher!
Segundo Helminiak , “para o Testamento hebraico, o adultério não era uma ofensa contra a mulher ou contra a intimidade do casamento ou mesmo contra os requisitos inerentes ao sexo. O adultério é uma ofensa contra a justiça. O adultério ofende o homem ao qual a mulher pertence. O adultério é a utilização indevida da propriedade de outro homem.” [...] “…Era uma ofensa apensas contra o marido, pois se tratava do uso ilegal de sua propriedade – sua mulher, sua esposa.” (pp. 45 e 48)
Deuteronômio 22, 13-15: Se um homem se casa com uma mulher e começa a detestá-la depois de ter tido relações com ela, acusando-a de atos vergonhosos e difamando-a publicamente, dizendo: ‘Casei-me com esta mulher, mas, quando me aproximei dela, descobri que não era virgem, o pai e a mãe da jovem pegarão a prova da virgindade dela e levarão a prova aos anciãos da cidade para que julguem o caso.
Ao contrário, homens eram privilegiados, pois a prostituição era considerada “natural” e necessária para salvaguardar a virgindade das mulheres solteiras e o direito de propriedade dos maridos [Gn 38.12-19; Js 2.1-7]. Homens que tinham relações sexuais com prostitutas não eram considerados (pelos santos hebreus) culpados de “pecado”… A mulher é que era pecadora!
Essa mulher que recebeu carta de divórcio com certeza estava condenada à morte, pois não tinha mais o direito de se apaixonar e ter outro marido por não ser mais “virgem”!
Eclesiastes 7, 26: Então descobri que a mulher é mais amarga do que a morte, porque ela é uma armadilha, o seu coração é uma rede e os seus braços são cadeias. Quem agrada a Deus consegue dela escapar, mas o pecador se deixa prender por ela.
Segundo a Bíblia de Estudos Plenitude, tradicionalmente o livro de Eclesiastes foi escrito por Salomão como também o livro de Provérbios. Mas como um escritor pode ter conceitos contraditórios sobre a posição da mulher num livro e no outro não? Eis a resposta:
a) Para os cristãos, o livro de Provérbios 14.1 valoriza e enaltece a mulher cristã. Apesar do escritor apenas dizer que “a mulher sábia edifica sua casa”. Mas a que Salomão estava se referindo quando usou o termo “mulher sábia”?
Não estaria ele referindo-se àquela “mulher” que sujeitava-se a todo tipo de abuso sexual?
b) Um homem que possuía 370 mulheres [1º Rs 11. 1-3] para seu deleite sexual não poderia ter um bom conceito sobre elas;
c) Um homem que foi considerado sábio e tinha um desejo “apaixonado” – por que não dizer “pedófilo” – por uma menina [a Sunamita Abisague: 1º Rs 2.22 e Cantares 6.13] que nem seios tinha ainda [Cantares 8.8], não foi sábio o suficiente para diferenciar uma menina de uma mulher?
Talvez tenha sido este o motivo que Cristo, os discípulos e Paulo aderiram ao celibato?
Nota: Para saber mais sobre “estupro de vulnerável” [Clique aqui!]
Eclesiástico 7, 25: Arrume casamento para sua filha, e terá realizado uma grande tarefa, mas faça que ela se case com homem sensato.
Sensatez é o que não falta nos escritos bíblicos machista, não é mesmo?
Eclesiástico 25, 24: Foi pela mulher que começou o pecado, e é por culpa dela que todos morremos.
De acordo com os cristãos, o “pecado” teve origem no céu e não no Éden [Ez 28.12-19]. Já segundo o Cristo, aqui na terra tem origem no coração do “homem” e não nas ações [Marcos 7.20-23; Mateus 5.27-28]. Então por que culpar a mulher e responsabilizá-la pelo pecado através de uma ação?
Já o escritor [Ben Sirac] ao afrimar que é por nossa causa que os homens morrem; esqueceu de acrescentar também que, é pelas entranhas da mulher que a vida surge… que ele surgiu!
Eclesiástico 42, 14: É melhor a maldade do homem do que a bondade da mulher: a mulher cobre de vergonha e chega a expor ao insulto.
O autor deve ter tido uma péssima mãe para escrever um absurdo desses!
E para que não fiquemos somente no Antigo Testamento, já que alguém pode alegar que isso é coisa do “Velho”, vejamos também no Novo:
1 Coríntios 11: 7O homem não deve cobrir a cabeça, porque ele é a imagem e o reflexo de Deus, a mulher, no entanto, é o reflexo do homem. 8Porque o homem não foi tirado da mulher, mas a mulher do homem. 9Nem o homem foi criado para a mulher, mas a mulher para o homem.[...] 12Porque, como provém a mulher do homem, assim também o homem é nascido da mulher; e tudo vem de Deus.”
O versículo 8 contradiz Gênesis 1.27 que diz que ambos são imagem e semelhança de deus. Porém, em 1º Coríntios Paulo afirmou que apenas o homem é! E no versículo 12 do mesmo capítulo o insano “apóstolo” se embaraça mais uma vez dizendo que o “homem provém da mulher”!
1 Coríntios 14: 34Que as mulheres fiquem caladas nas assembléias, como se faz em todas as igrejas dos cristãos, pois não lhes é permitido tomar a palavra. Devem ficar submissas, como diz também a lei. 35Se desejam instruir-se sobre algum ponto, perguntem aos maridos em casa; não é conveniente que a mulher fale nas assembléias.
Mulheres “tagarelas” são o que mais encontramos nessas igrejas evangélicas! Assista o vídeo abaixo:
O conceito bíblico de submissão equipara-se ao de escravidão! Ambos são exaltados pelos escritores bíblicos e ignorados pelos cristãos atuais.
1 Timóteo 2, 9-14: 9Quanto às mulheres, que elas tenham roupas decentes e se enfeitem com pudor e modéstia. Não usem tranças, nem objetos de ouro, pérolas ou vestuário suntuoso; 10pelo contrário, enfeitem-se com boas obras, como convém a mulheres que dizem ser piedosas. 11Durante a instrução, a mulher deve ficar em silêncio, com toda a submissão. 12Eu não permito que a mulher ensine ou domine o homem. Portanto, que ela conserve o silêncio. 13Porque primeiro foi formado Adão, depois Eva. 14E não foi Adão que foi seduzido, mas a mulher que, seduzida, pecou. Entretanto, ela será salva pela sua maternidade, desde que permaneça com modéstia na fé, no amor e na santidade.
Essa ditadura paulina supera todos os versículos bíblicos que inferiorizam as mulheres. Depois de ditar como devemos nos vestir, acrescenta que não devemos falar, ensinar, mas sermos submissas, deixando claro “nosso pecado” e a nossa posição secundária na suposta “criação”. Mas tem a inspiração divina de declarar que “seremos” salvas pela maternidade. Que prepotência do “apóstolo”, não?
JESUS E AS MULHERES!
Segundo o Novo Testamento, as mais fiéis seguidoras de Jesus foram as mulheres:
1- Foi uma mulher que lavou os pés de Jesus com suas lágrimas (Lucas 7:44); porém Ele só lavou os pés de homens (Jo 13.5);
2- Foi também uma mulher a primeira pessoa a quem Cristo apareceu após ter ressuscitado, porém pediu-a que não o tocasse (Jo 20.17); mas horas depois tocou em homens (Jo 20.27). Talvez aquela mulher que ousou tocar-lhe as vestes, tivesse um destaque à altura de outras exaltadas pelos evangélicos nas pregações, senão estivesse menstruada – impura! [Mc 5.25-34] Desta mulher não se sabe nome, origem e paradeiro depois deste episódio!
3- As mulheres sempre estavam entre aqueles que perseveravam (Atos 1.14); mas continuavam sendo imundas (Apocalípse 14.4).
4- Tinham o coração aberto para a pregação (Atos 16.14); mas tinham que aprender em silêncio (1º Timóteo 2.11).
5- As Mulheres sempre estavam entre o grupo dos que trabalhavam pelo evangelho (Filipenses 4:3); mas não podiam ensinar (1º Timóteo 2.12).
E Jesus foi muito mais além quando o assunto incluía mulheres. No Antigo Testamento o celibato era considerado “anormal”. Jeremias dizia que era sinal de perdição para as famílias de Israel (Jeremias 16.1-4), e até Timóteo o considerou “heresia” (1º Tm 4.1-3). Mas o Cristo, seus discípulos e Paulo preferiram “quebrar o protocolo” não tocando em mulheres! Por quê? O sexo dentro do casamento era pecado? Se era pecado para Jesus e seus discípulos, por que não é nos dias atuais para os cristãos?
Quanto ao divórcio, nos evangelhos, o próprio Jesus o proibiu não importando as condições (exceto Mateus que acrescentou “a não ser por adultério”). Mas quando o mesmo afirmou que o adultério acontece no coração do homem [Mc 7.21 e Mt 5.28], acabou revogando sua própria proibição, deixando livre a escolha de “qualquer pessoa” [inclusive a mulher] divorciar-se! Mas… os cristãos ignoram completamente tais contradições e continuam a usar o termo “repudiada” para mulheres divorciadas!
CONCLUSÃO!
A Bíblia é bem conveniente quando é usada pelos evangélicos contra os homossexuais e demais religiões; conveniente até para as chamadas “pastoras” que adotam o comportamento homofóbico e preconceituoso dos santos “machões” de Javé.
Os versículos que desvalorizam a mulher e a torna inferior ao homem são completamente descartados e até reinterpretados pelas pastoras, alienando assim milhares de mulheres evangélicas ou cristãs que se sujeitam aos dogmas de um novo evangelho que cresce cada vez no nosso Brasil… O evangelho da conveniência!
Andrea Foltz
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