O interior de um hipócrita nunca corresponde ao seu exterior. O interior de um hipócrita é uma coisa, e seu exterior é outra coisa; um hipócrita é exteriormente limpo — mas interiormente impuro. Hipócritas são como os frascos dos farmacêuticos, tendo por fora o título de algum excelente remédio — mas por dentro algum veneno mortal. Eles são como os templos egípcios que são belos por fora — mas dentro deles nada se encontra além de serpentes e crocodilos e outras criaturas venenosas.
Hipócritas laboram mais em prol de um bom nome do que de um bom coração; uma boa repercussão dos seus feitos do que uma boa consciência; eles são como violinistas, mais cuidadosos em afinar seus instrumentos do que em vigiar suas almas. Hipócritas são como prata — porém escurecem; eles possuem uma aparente santificação externa — mas interiormente são cheios de malícia, mundanismo, orgulho, inveja, etc. São como almofadas de sofá, feitas de veludo e ricamente bordadas — mas cujo interior é cheio de feno.
Um hipócrita pode oferecer sacrifício como Caim, correr como Jezabel, chorar com as lágrimas de Esaú, beijar Cristo como Judas, seguir a Cristo como Demas, e aparentar compromisso como Simão, o Mago; e ainda com tudo isto seu interior é tão mau quanto qualquer um deles.
Um hipócrita é um Jacó por fora e um Esaú por dentro; um Davi por fora e um Saul por dentro; um Pedro por fora e um Judas por dentro; um santo por fora e um Satanás por dentro; um anjo por fora e um demônio por dentro. Um hipócrita é um Judeu exteriormente — mas um ateu, um pagão, um infiel interiormente. Li sobre certas estátuas, assemelhando-se a Júpiter e Netuno, que por fora eram cobertas com ouro e pérola — mas por dentro não tinham outra coisa senão aranhas e teias de aranha; a comparação perfeita com os hipócritas.
Certo monge acertou quando disse: “Mostrar ser um monge de forma externa foi fácil — mas ser, de fato, um monge, interiormente, foi difícil.” Mostrar ser um cristão de forma externa é fácil — mas ser, de fato, um cristão, interiormente, é muito difícil. O exterior de um hipócrita nunca reflete ou corresponde ao seu interior; seu interior é perverso, e seu exterior é piedoso. Mas que todos os hipócritas saibam: fingir santidade é duplamente iníquo e, ao fim, terão de responder por isto.
Thomas Brooks (1608-1680).
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