sábado, 19 de maio de 2012

O FANATISMO EVANGÉLICO


As religiões, pelo seu caráter transcendental,  foram, muito mais que a política, as grandes formadoras de adeptos fanáticos. Isso se explica porque a palavra fanatismo – do latim fanaticus -, que vem de fanum = templo, lugar consagrado, significa aquele que era o possuído pelo deus.  Assim, fanatismo é a cega obediência a uma idéia, servida com zelo obstinado, até exercer violência para obrigar outros a segui-la e punir quem não está disposto a abraçá-la.
A conseqüência imediata do fanatismo religioso é o sectarismo, que encarcera a liberdade de consciência, pretendendo uma liberdade dirigida na espera do pensamento, que torna o homem escravo de postulados que lhe proíbem a expansão da alma pela idéia e pela razão.
O fanático é a antítese do herói e do entusiasta. Enquanto o  herói e o entusiasta lutam por uma causa justa, o fanático assume uma atitude de intolerância às idéias alheias. O herói e o entusiasta podem até morrer pela causa que defendem, mas jamais o fazem para aumentar o número de prosélitos. O fanático, contrariamente, não recusa meios violentos e até cruéis para os conseguir.
Os atentados terroristas de 11 de setembro de 2001, nos Estados Unidos, em que os próprios homens se transformam em bombas, é digno de lembrança. Pergunta-se: o que está por trás dessa resolução? Não é o fanatismo religioso? Se um líder faz a nossa cabeça, dizendo-nos que praticando tal ato nós seremos arrebatados ao céu, a sua ordem será imediatamente colocada em prática.
E os Espíritas? Estão eles isentos do fanatismo?
Como o fanatismo está geralmente ligado ao dogmatismo, isto é, à crença numa verdade ou num sistema de verdades que, uma vez aceitas, não devem mais ser postas em discussão e rejeitam a discussão com outros, é possível que o Espírita esteja sendo fanático, sem o perceber. [...]
Urge tomarmos consciência de nossas ações. Quantas não são as vezes que queremos impor as nossas idéias ao grupo que freqüentamos? Lembremo-nos do provérbio que diz: “Todo o excesso é prejudicial”. Procuremos sempre o meio termo como nos aconselhava o filósofo Aristóteles, que colocava a  virtude no meio, ou seja, entre o excesso para mais e o excesso para menos. Não a colocava como uma média, mas como o ponto de equilíbrio entre os excessos.

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