Uma das maiores motivações para os cristãos evangélicos fanáticos é a espera pelo Arrebatamento. Notadamente, os cristãos históricos (católicos, anglicanos, gregos ortodoxos e a maioria dos luteranos) e os judeus olham pra esse tipo de doutrina com desdém, visto que ela é extremamente sectária e também sem validação dentro das escrituras. Coincidência ou não, somente as igrejas neo-pentecostais acreditam nessa bobagem.
Qual é a idéia do arrebatamento? No fim dos tempos, os cristãos realmente fervorosos, ou seja, fanáticos, serão arrebatados de corpo e alma para o céu, enquanto uma série de catástrofes naturais e políticas afetarão a Terra durante sete anos. Ao fim desse período, Jesus voltaria como conquistador ao nosso planeta, derrotando o Anticristo numa grande batalha em Israel. Esse cenário épico é inspirado em várias passagens da Bíblia mas é preciso forçar consideravelmente a interpretação do texto para chegar a essa conclusão.
No Antigo Testamento, somente duas pessoas foram arrebatadas e sem nenhum motivo aparente. A primeira foi Henoc, conforme Gênesis 5:
23. A duração total da vida de Henoc foi de trezentos e sessenta e cinco anos. 24. Henoc andou com Deus e desapareceu, porque Deus o levou.
Cabe ressaltar aqui que em algumas Bíblias Evangélicas, o termo "Deus o levou" é substituído por "Deus o arrebatou".
A segunda, foi o profeta Elias, conforme em II Reis:
11. Continuando o seu caminho, entretidos a conversar, eis que de repente um carro de fogo com cavalos de fogo os separou um do outro, e Elias subiu ao céu num turbilhão.
Os motivos pelo arrebatamento não estão explícitos nos textos, portanto, geram milhares de versões sobre o assunto, afinal, o que não é dito, certamente é fantasiado ..rs
Historicamente, a crença no arrebatamento começa no início do século XIX, graças ao trabalho do pregador evangélico John Nelson Darby e foi desenvolvida e pregada pelos pentecostais durante o século XX. O Arrebatamento integra a crença do Dispensacionalismo que apresenta duas distinções básicas:
1 - Interpretação consistentemente literal das escrituras, em particular das profecias bíblicas.
2 - A distinção entre Israel e a Igreja no programa divino.
Vejam que já na primeira distinção ocorre um erro gravíssimo: a interpretação literal de profecias. Isso gera vários problemas, afinal, a linguagem profética é essencialmente figurada e cheia de simbolismos.
A segunda distinção é um "ajeitômetro" para justificar e separar as promessas divinas para os judeus - o que se vê claramente nas escrituras - das promessas para os cristãos convertidos pois eles acreditam que as promessas no AT para Israel não foram transferidas para a Igreja.
Esse embasamento da teoria do arrebatamento é retirado do livro do Apocalipse (óbvio ...rs), do capítulo 13 do Evangelho de Marcos e da primeira carta de Paulo aos Tessalonicenses.
Então, para esses cristãos fanáticos, o arrebatamento acontecerá e eles serão levados (arrebatados) em corpo e espírito, deixando inclusive suas roupas do corpo pois eles são os cristãos verdadeiros.
Mas o NT é tão confuso, que os próprios textos se contradizem. Vejam:
João 6.63: O espírito é que vivifica, a carne para nada aproveita; as palavras que eu vos disse são espírito e vida.
I Cor 15.50: E agora digo isto, irmãos: que a carne e o sangue não podem herdar o reino de Deus, nem a corrupção herdar a incorrupção.
Vejam bem: A CARNE E O SANGUE NÃO PODEM HERDAR O REINO DE DEUS! Aonde ficariam as pessoas que seriam arrebatadas? E se lermos os textos de I Cor desde seu início, vemos claramente que Paulo separa o corpo espiritual do carnal.
Outro detalhe importante é que, lendo o livro do Apocalipse, fica muito claro que todos passariam pelo período da tal tribulação aqui mesmo na Terra. Isso sem falar que o texto de Apocalipse também claramente demonstra o tempo desejado para os acontecimentos, visto que ele tem relação direta com as perseguições que os cristãos do século I estavam enfrentando. Quem não vê este contexto imediato da profecia descredencia para quem os textos foram escritos.
Cada um acredita no que quiser mas seria ótimo se todos estudassem sobre sua doutrina. De que vale ser um papagaio que só repete o que ouve?
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