sábado, 7 de abril de 2012

A Abelha Não Pode Ser Feliz. Só o Homem Pode!

 

Fotografia tirada em 25/12/1998 em Machupicchu - PERU
Psicólogo Jadir Lessa
A abelha não pode ser feliz. Ela não pode criar nem recriar a si mesma porque não pode individualizar-se.
Ela não é feliz nem infeliz. Não é livre e não tem vontade própria. Ela simplemente é!
Tem uma vida padronizada, igual a das outras abelhas.
Dá sempre uma resposta programada. Durante todo o tempo ela repete um comportamento pré-determinado geneticamente.
Não tem consciência da própria existência. Não tem a possibilidade de fazer escolhas e de correr riscos. Não tem dúvidas.
Não sente solidão, nem ansiedade, nem angústia.
Não se preocupa com o futuro nem com o passado. Não fica ansiosa nem deprimida.
Não sabe que tudo na vida é relativo e passageiro.
Nem ao menos sabe que vai morrer.

O ser humano pode ser feliz quando escolhe ser autêntico e torna-se um indivíduo que cria e recria a si mesmo.
Esse individualismo não existe naturalmente. Ele tem que ser construído. Somente o homem individualizado pode ser feliz.
A felicidade não é produto da sorte, do destino, da herança genética ou social, nem de qualquer outra forma de pré-determinação.
A felicidade tem que ser conquistada. O homem conquista a felicidade aprendendo a aceitar e a expressar seus próprios pensamentos e sentimentos. Buscando se auto-conhecer e se auto-determinar, transformando seus pensamentos e sentimentos em vontade própria e sua vontade em projetos de vida.

O que é preciso para que um humem se individualize e tenha vontade própria?
Constatar que não gosta de estar alienado, estranho de si até ao ponto de não reconhecer-se e decidir conhecer sua verdade.
Conscientizar-se de sua insatisfação com as amarras, acreditar que pode ser livre e empenhar-se para se libertar.
Aceitar que tudo na vida é relativo e passageiro, que está só no mundo e que conta apenas consigo mesmo para expressar e defender seus pensamentos, sentimentos e vontades e para realizar seus projetos de vida.
Tornar-se responsável pelas próprias escolhas.
Desenvolver a habilidade de dar respostas criativas e corajosas.
Conquistar segurança interna através do exercício constante do auto-conhecimento e da auto-afirmação.
Tornar-se autônomo e correr seus próprios riscos, assumindo o sofrimento dos erros e fracassos e o sabor dos acertos e vitórias.

O homem que não escolhe indivíduoalizar-se vive fingindo que é uma abelha, repetindo-se metódica e sistematicamente.
Sua vida é previsível, rotineira e monótoma.
Este é o homem ansioso, deprimido ou apático.
Ele é alienado! Ele não é livre nem acredita que possa libertar-se.
É dependente! Não conta consigo mesmo. Não sabe que tudo na vida é relativo e passageiro. Tem pouca auto-estima e frágil auto-confiança.
É escravizado! Não tem vontade própria. Realiza a vontade dos outros e não a sua. Seu projeto de vida é elaborado pelos outros.
É robotizado! Dá sempre uma resposta programada pelo outro. Reproduz um rígido modelo determinado socialmente. Segue padrões pré-estabelecidos.
É carente e inseguro! Quer que o outro lhe dê garantias, segurança e estabilidade; no casamento, no emprego e nas relações sociais. Não sabe que a garantia que lhe dão é ilusória e que a segurança externa e a estabilidade constituem o pior risco, porque têm o preço da sua liberdade.
É acomodado! Escolhe o pouco garantido pelo outro ao muito que dependa de suas próprias conquistas ou que envolva algum risco. Prefere a apatia da rotina ao dinamismo do amor.
É derrotista e derrotado! Não aceita correr riscos. Quer que o outro decida por ele e se arrisque em seu lugar. Quando o outro aceita, acaba ficando com as vantagens para si.
É irresponsável! Não se conhece e não se determina.
É ingênuo! Acredita que pode agir como uma abelha e ainda assim ser feliz.
É inexistente! Sua vida é uma simulação! Para ele a vida é um teatro!

Psicólogo Jadir Lessa
Psicoterapeuta Existencial
Autor dos livros Solidão e Liberdade e A Construção do Poder Pessoal

Autor dos seguintes artigos publicados no Jornal Existencial:
A Ética Como Estética da Existência
A Origem da Psicoterapia Existencial
Solidão e Liberdade 
Humano, Simplesmente Humano
A Construção do Poder Pessoal 
A Felicidade como Possibilidade Existencial 

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