by Rudy Rafael
Quando
uma pessoa começa um trabalho de auxílio espiritual ela sempre acha que
está ajudando os outros e que ela é o meio para que a espiritualidade
faça o seu serviço no plano terreno. Entretanto, se aquilo que as
pessoas tanto estudam na teoria tivesse sido absorvido como sabedoria ao
invés de mero conhecimento intelectual e se tivessem o mínimo de
autoconhecimento saberiam que, a bem da verdade, são elas que estão
sendo ajudadas e que o trabalho que prestam aos outros é o meio pelo
qual estão pagando os próprios pecados. É muito cômodo para qualquer
pessoa que esteja inserida no trabalho de amparo espiritual colocar-se
na posição de amparador, da “pessoa que ajuda”, vez que o verdadeiro
motivo de seu trabalho é ignorado. Esta é uma das razões pela qual as
pessoas não lembram de suas vidas passadas, já que se soubessem do que
fizeram e o que foram a culpa lhes tiraria a alegria de viver. E, como
alguns grupos espirituais trabalham, o negócio é “alegria! alegria!”.
Pessoas
que jamais se interessaram em espiritualidade, que nunca procuraram
Deus porque queriam, mas porque precisavam para resolver seus próprios
problemas, que elas mesmas criaram, diga-se, repentinamente caem de
paraquedas em um trabalho de ajuda espiritual e não se questionam o
porquê. Adotam rapidamente a postura de “eu ajudo os outros” e passam a
viver nesta ilusão. Mal sabem que na verdade fazem aquilo porque elas
mesmas precisam, não os outros. Mal sabem que no meio de tantos casos
“horríveis”, dos outros, o caso delas é o mais horrível de todos e que a
espiritualidade abriu as portas para que elas se redimissem de seu
tenebroso passado através disto. Em um universo criado por um Deus justo
e perfeito nada poderia deixar de ser justo e perfeito e tudo está em
perfeita harmonia, cabe apenas ao homem desenvolver a capacidade de
perceber este equilíbrio entre todas as coisas. A ajuda que prestam na
vida atual equilibra o que antes fizeram.
Muitos
acham que a ajuda espiritual é a sua “missão” na Terra, quando de fato é
apenas seu resgate kármico. Um exemplo disso são as pessoas que
combateram nas duas guerras mundiais e hoje exercem a medicina como
forma de compensação; antes tiravam vidas, hoje às mantém. E assim, o
Deus justo e perfeito, a espiritualidade maior, a Providência Divina, dá
a todos a chance de se redimir, sempre, pela ação, pelo trabalho, e
quanto mais consciência a pessoa tiver sobre isto melhor será tanto para
ela quanto para as pessoas que ela “ajuda”. A vida, e tudo que nela se
encontra, como um grande laboratório para as almas permite que cada um
tenha à disposição todas as ferramentas para poder evoluir e o trabalho
espiritual é um destes, não obstante o seu efeito de compensação. Ocorre
que esta ajuda que vem do lado de lá acaba sendo desvirtuada e as
pessoas que estão sendo ajudadas acabam achando que são elas que estão
ajudando; o que lhes cega à Verdade e compromete suas realizações.
Na
ajuda espiritual prestada há tanto a necessidade de resgate como de
aprendizado e as pessoas que “ajudam” devem cuidar muito antes de se
colocar e assumir a posição de "quem ajuda", já que pode ser que aquela
pessoa que ela pensa estar ajudando é que à está ajudando ao permitir
ser ajudada. A Terra não está tão lotada de santos para que se pense que
todas as pessoas que prestam ajuda espiritual aos outros são espíritos
evoluídos que vieram para iluminar e salvar o mundo e as pessoas que se
propõem a ajudar espiritualmente têm a obrigação de ter competência para
isso, competência que vem pelo autoconhecimento e ciência de sua
própria história. Quando uma pessoa sabe porque, de fato, está
“ajudando” os outros a ajuda é mais efetiva; do contrário, é como um
cego em um tiroteio. A consciência acalenta o coração e é do coração que
a ajuda deve vir. A Vontade que vem do coração é tudo. Não são os
livros lidos nem as horas de cursos, é o coração.
Nos
centros espíritas do Brasil, bem como nas chamadas “mesas brancas”,
existem grupos de mentores espirituais que auxiliam nos trabalhos. O que
os espíritas não sabem é que na maioria dos casos estes espíritos que
os auxiliam são da umbanda, os quais não tomam a iniciativa de se
declarar desta forma para evitar entraves dos que participam fisicamente
do trabalho. Sendo o espírita um religioso cristão se soubesse que quem
lhe auxilia são espíritos da umbanda este poderia gerar bloqueios
emocionais e psíquicos, o que comprometeria o fluxo de energia, a
egrégora e consequentemente o trabalho feito. Para as pessoas com um
desenvolvimento espiritual mais apurado é fácil identificar tais
espíritos, entretanto, a maioria dos espíritas não têm essa capacidade e
apenas se preocupa em se escorar em seu conhecimento intelectual da
doutrina espírita e no seu tempo de religião para ditar verdades. Para o
espírita importa mais o tempo de espiritismo do que o desenvolvimento
espiritual .
Assim
como nas mesas brancas, nos centros espíritas existe grande atividade
dos espíritos da umbanda e aí entra a questão do motivo de tantos
espíritos da umbanda se colocarem à disposição para auxiliar nos
trabalhos espirituais: um dos karmas do Brasil. O ciclo de encarnações
segue um processo anti-horário. Quer dizer: quem nasceu no Brasil nesta
vida tende a nascer na África na próxima e assim por diante, seguindo um
sistema anti-horário pelo globo. Milhões de brasileiros tiveram suas
últimas encarnações na antiga América escravocrata, principalmente no
Brasil, onde desarmonizaram-se com os escravos africanos e hoje estão
resgatando seu karma justamente com os espíritos da umbanda, os quais
possuem ligação direta com a África. Por isso há tantos espíritos da
umbanda atuando nos centros espíritas, mesas brancas e nos próprios
terreiros de umbanda em todo o Brasil. Os espíritos da umbanda estão
ajudando os brasileiros a resgatar seus karmas. Ressalta-se por oportuno
que a corrupção é o maior karma coletivo do Brasil.
Tais
espíritos estão ajudando nos trabalhos espirituais realizados na Terra,
independente da denominação a que as pessoas pertencem. Nos locais onde
lhes é propício se anunciarem como sendo da umbanda, assim o fazem e
quando não é, não o fazem. Se para ajudar espiritualmente alguém
mediante as circunstâncias presentes é preciso que os mentores
espirituais terrestres deixem de se declarar como e quem são, assim o
fazem. Como os espíritas são os que fazem o maior trabalho espiritual
prático e efetivo no Brasil, com os espíritas os espíritos da umbanda
trabalham, não se declarando prontamente a qualquer um como sendo da
umbanda, apesar de não negarem este estado aos que possuem capacidade
para percebê-los como são. Nisto, há grupos espíritas de anos em que
seus membros não sabem que seus mentores espirituais são da umbanda,
pois se soubessem o trabalho poderia ser prejudicado em razão das
percepções individuais equivocadas que cada membro poderia ter sobre a
umbanda.
Nos
trabalhos espirituais assistidos pelos espíritos da umbanda para evitar
qualquer obstrução de energia por um pensamento ou uma emoção do
espírita que poderia se travar pela ciência de ser ajudado por espíritos
da umbanda, tais espíritos, desejando ajudá-los a ajudar, não tomam a
iniciativa de se declarar como sendo da umbanda e os espíritas, que como
religiosos não buscam de fato a Verdade, já que colocam a religião como
verdade e não a Verdade como religião, além de que a maioria não possui
desenvolvimento espiritual para perceber e identificá-los, acabam nem
sabendo quem são estes espíritos que os ajudam, pois em sua fixação pelo
trabalho espiritual, o dogma-mor da salvação em sua religião que lhes
empurra temeraria e unicamente para o trabalho espiritual acima de tudo,
deixam de procurar saber quem são os espíritos que os ajudam. Para o
espírita importa o trabalho espiritual e se tem espíritos ali para
ajudar a trabalhar, pronto, vão tocando em frente porque a caridade é a
sua salvação.
Em
minhas experiências práticas com os espíritos da umbanda pude perceber
algumas particularidades em suas manifestações. Tais espíritos costumam
rodear o recinto impondo um ritmo circular ao passar, o que diz respeito
ao princípio do ritmo, pelo qual, também, os pajés usam o chocalho, os
terreiros o atabaque e os budistas balançam o corpo ao meditar e os
muçulmanos ao decorar as suras etc. Veja-se que não é à toa que existem
os movimentos de rotação e translação no universo. Eles se manifestam de
uma forma demasiadamente simples, eis que trabalham para ajudar pessoas
demasiadamente simples e/ou de fé simples. Pessoas se identificam e se
abrem mais, em todos os planos, com quem usa da sua linguagem. Em alguns
de meus contatos com tais entidades estes espíritos me passaram alguns
recados a serem passados justamente para espíritas incapazes de
percebê-los. Em outros momentos anteciparam em dias que estariam em
certo local em certo tempo, o que se consumou.
Compreendendo
a ajuda espiritual como um efeito, a pessoa que “ajuda” deve saber a
causa deste efeito e saber porque está fazendo isso. Com toda certeza se
as pessoas que dizem que “ajudam espiritualmente os outros” fossem
buscar o motivo que as levou a isto saberiam que ali não há nenhum
sacrifício pela humanidade, um estado crístico, de mestre ou avatar ou
santidade, mas, pelo contrário, um resgate kármico. Estão ajudando
porque elas mesmas precisam, pois é na ajuda aos outros que elas se
ajudam equilibrando, compensando, o que fizeram anteriormente. A pessoa
que diz que ajuda espiritualmente os outros antes de fazer tal afirmação
deve buscar e saber se não é ela que está sendo ajudada e os espíritas
devem buscar o desenvolvimento para ter a capacidade de perceber quem
são os espíritos que os ajudam em seus trabalhos, do contrário
continuarão a receber ajuda de espíritos que nem eles mesmos sabem quem
são; pois, conforme diz a própria bíblia: “E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará.” (João 8:32), não o trabalho.
Nenhum comentário:
Postar um comentário