É importante manter uma separação entre elas?
É possível uma conciliação?
O que uma tem a dizer a outra?
São perguntas seculares que, vez por outra, voltam ao cenário. Ultimamente, com o surgimento de questões polêmicas como a clonagem humana, a descoberta do genoma humano, a tentativa de provar a existência de Deus em laboratórios, a discussão está se reacendendo.
BUSCANDO RESPOSTAS
Sem dúvida, um dos fatos que mais está intrigando cientistas e teólogos é a grande quantidade de estudos que estão sendo realizados em laboratórios, cujo objetivo é, explicar os mistérios religiosos, ou procurar Deus dentro do cérebro humano, usando os instrumentos e métodos da ciência, segundo informações recentemente divulgadas no Brasil pela revista Veja.Os cientistas estão tentando responder a uma questão essencial: será que a fé e condutas baseadas na solidariedade, perdão e bondade influenciam a cura de doenças e contribuem para o bem-estar das pessoas?
Outras instituições procuram encontrar argumentos na física para fundamentar a origem divina da criação do mundo.
INVESTIMENTOS
Vale lembrar que os investimentos financeiros para este fim nunca foramtão altos. É o caso da fundação John Templeton Foudation, dos EUA, que está investindo grande quantidade de recursos para provar a veracidade dos escritos bíblicos.Um de seus pesquisadores, o radiologista Andrew Newberg, da Universidade da Pensilvânia, submeteu o cérebro de budistas do Tibet em profunda meditação a exames tomográficos e conseqüente acompanhamento da atividade cerebral após injeções de soluções radioativas na veia. O estudo foi depois repetido com freiras em oração.
Os resultados foram tão impressionantes que, há alguns meses, foram publicadas no livro: Porque Deus não irá embora: a ciência do cérebro e a biologia da crença. Tanto a meditação como a oração desligaram os circuitos cerebrais que controlam a noção de limites físicos do ser humano. Seria a explicação bioquímica para a sensação de transcendência e o alto grau de concentração mental obtidos com a meditação?
O pesquisador chegou a duas conclusões: isso pode ajudar a entender como funciona a nossa habilidade de compreender Deus e também pode ajudar a entender melhor o funcionamento do cérebro.
COLABORAÇÃO
No recente consistório (Assembléia de cardeais, presidida pelo Papa), um dos assuntos tratados foi exatamente o posicionamento ético e pastoral da Igreja diante dos progressos e pesquisas científicas. Na oportunidade, os cardeais acentuaram que está existindo uma despreocupação de cientistas para com os valores humanos.Vale ressaltar aqui o pronunciamento dos bispos alemães sobre as pesquisas científicas: “Para curar a doença de uma pessoa, não se pode matar outro ser humano...”.
Hoje, mais do que nunca, se requer que os cientistas tenham sensibilidade moral e competência ética. São necessários, além disto, um alerta e um clamor com relação a qualquer interesse econômico subjacente às pesquisas científicas, pois os maiores absurdos são, por vezes, justificados pelas multinacionais que massacram a dignidade humana, tendo em vista unicamente lucros materiais.
CIENTISTAS... COM FÉ
Vejamos alguns depoimentos de cientistas. Acreditamos que eles, sendo cientistas competentíssimos, têm uma grande mensagem de fé:Max Planck (1858-1947), prêmio Nobel de Física em 1918, pela descoberta do “quantum” de energia: “O impulso de nosso conhecimento exige que se relacione a ordem do universo com Deus”.
Antoine Henri Becquerel (1852-1908), Nobel de Física em 1903, descobridor da radioatividade, afirmou: “Foram minhas pesquisas que me levaram a Deus”.
Andrews Millikan (1868-1953), prêmio Nobel de Física, em 1923, pela descoberta da carga elétrica elementar: “A negação de Deus carece de toda base científica”.
Albert Einstein (1879-1955), Nobel de Física em 1921, pela descoberta do efeito foto-elétrico: “Quanto mais acredito na ciência, mais acredito em Deus”. “O universo é inexplicável sem Deus”.
Erwin Schorödinger (1887-1961), prêmio Nobel de Física em 1933, pelo descobrimento de novas fórmulas da energia atômica: “A obra mais eficaz, segundo a Mecânica Quântica, é a obra de Deus”.
Voltaire (1694-1778), racionalista e inimigo sagaz da fé católica, foi obrigado a dizer: “O mundo me perturba e não posso imaginar que este relógio funcione e não tenha tido relojoeiro”.
Edward Mitchell, astronauta da Apolo 14, um dos primeiros homens a pisar na Lua: “O Universo é a verdadeira revelação da divindade, uma prova da ordem universal da existência de uma inteligência acima de tudo o que podemos compreender”.
COMPLEMENTAÇÃO
Mas, afinal, qual é a relação, ou qual o relacionamento que deve existir entre fé e ciência? O professor Felipe Aquino afirma que ciência e fé não são excludentes:
Onde termina o limite estreito de alcance da ciência, aí começa o horizonte infinito da fé. O cientista acredita porque “entendeu”, o crente acredita porque “confia” em quem faz a revelação. Ambas se completam e se auxiliam mutuamente.• Se a ciência oferece ao ser humano o conhecimento das leis do mundo natural, a fé o transporta à transcendência do sobrenatural.
• Se a ciência se desenvolve na investigação sistemática do mundo visível, a fé cresce na confiança e no abandono.
• Se a ciência exige provas, a fé requer aceitação.
• Se a ciência exige pesquisa, a fé exige contemplação.
A Gaudium et Spes, do Concílio Vaticano II, afirma: “Se a pesquisa metódica, em todas as ciências, proceder de maneira verdadeiramente científica e segundo as leis morais, nunca será oposta à fé. Tanto as realidades profanas quanto as da fé originam-se do mesmo Deus. Mais ainda: aquele que tenta perscrutar com humildade e perseverança os segredos das coisas, ainda que disto não tome consciência, é como que conduzido pela mão de Deus, que sustenta todas as coisas, fazendo que elas sejam o que são” (GS, 36).
Jesus convida: “Quem tem olhos veja!” Afinal, a vida humana é sagrada! Ela deve ser o referencial de toda pesquisa e de sua respectiva aplicação prática. Há limites que, definitivamente, não podem ser transpostos. O ser humano não é o senhor absoluto da vida e esta, em hipótese alguma, pode ser aviltada como um objeto qualquer.
Mauri Heerdt
PARA REFLETIR
1.º Você acha que as pesquisas científicas servem para provar a existência de Deus? É preciso isso ou...?2.º A seu ver, é possível uma complementação ou colaboração entre ciência e fé?
3.º O que você diria a um cientista que afirma haver no mundo apenas matéria?
Nenhum comentário:
Postar um comentário