Tenho observado a escola como veículo transformador da sociedade.Devo
confessar que me deixa apreensivo o atual desempenho da educação. A
escola está perdendo de vista sua vocação: transformar vidas. A escola
que não transforma o aluno em cidadão crítico, ético e consciente de seu
papel como agente atuante na sociedade não está cumprindo seu papel.
Não tem razão para existir.
A educação brasileira passa por uma crise de qualidade sem
precedentes na história. Professores despreparados e/ou desmotivados
"avaliam" o aluno com os mais bizarros critérios. Quando inquiridos por
que aprovam tais alunos vêm com as mais variadas desculpas: "é questão
de caráter e a escola não transforma caráter"; "ele é chato", "vamos
aprovar porque ele precisa trabalhar", "não vai ser ninguém mesmo" "não
aprendeu até aqui". Esses profissionais não estão preocupados emeducar
mas alijar o aluno indesejado.
O professor que aprova o aluno despreparado está procurando achar uma
forma de compensar sua incapacidade e incompetência em não tê-lo
educado. Revoltamos-nos com notícias de erros médicos, mas passam
despercebidos erros pedagógicos que aleija o educando para o resto da
vida. A diferença do erro pedagógico para o médico é que as
consequencias do segundo são de curto prazo. Seria necessário a esses
"profissionais" lerem Paulo Freire, Antonio Gramsci, Piaget, e outros
mais. Assistir filmes como "Sociedade dos poetas mortos", "Escritores da
liberdade" "Ao mestre com carinho", "Dança comigo" para terem alguma
idéia de como educar.
A respeito da educação Paulo Freire mostra como ela deve ser
compreendida teoricamente e como se deve agir através de uma educação
denominada Libertadora. Para ele, educação é um encontro entre
interlocutores, que procuram no ato de conhecer a significação da
realidade e na práxis o poder da transformação. Ora, se Freire comenta o
poder transformador da educação logo ela não deve ser uma educação
"bancária", transmissor de conteúdos onde o aluno é agente passivo desse
processo.Segundo Freire, "mudar é difícil, mas é possível e urgente".
Para o professor atual cabe o desafio de mudar educacionalmente, ou
seja, romper com os paradigmas clássicos que explicam os cenários que
vivemos hoje: o da obsolência do conhecimento.
Por que esse descaso com a educação? Talvez seja porque ensinar o
aluno a pensar e compreender seu papel no mundo não faz parte da
cartilha de nenhum governo. Talvez seja porque nós, educadores atuais,
mesmo sem querer, reforçamos os valores da sociedade que aí está,
vazia, imediatista, materialista...
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