domingo, 11 de março de 2012

carnaval ou exorcismo

CARNAVAL*O Carnaval nasceu como expressão colectiva em Veneza. Nobres e burgueses procuravam exorcisar e expulsar publicamente as suas tensões, sem que fossem objecto de condenação pela Igreja de Roma.Nos teatros com camarotes mal iluminados, quando decorria a representação de opera, os espectadores equipados com máscaras, aproveitavam a concentração na peça que estava a ser representada num palco, servindo de distracção de suas damas e companhias, para transgredir com parceiras de ocasião, noutros camarotes contíguos ou em corredores de acesso aos mesmos; fugiam assim à condenação da prática de adultério numa competição ?secretizada? pelas condições disfarçadas do ambiente teatral.O Carnaval afirmou-se como uma tradição tolerada, mas nunca respeitada. O Carnaval de rua, por exemplo, é uma manifestação de liberdade pudica, na qual aquele que comemora exige íntima e publicamente preservar esse pudor isento de condenação moral, por se tratar de uma fruição em prazer inocente; como manifestação altamente oportunista sujeita a desvios e variações o protagonista de Carnaval esconde-se de forma dupla e tripla para garantir a total liberdade de expressão que não quer ver de forma alguma sujeita a ?julgamento público? no decorrer da acção ou à posterior.O efector (espectador) que observa o comemorante de Carnaval colectivo, não pode deixar de sentir algum medo pelo facto do outro ter recorrido a máscaras para se exibir; este medo corresponde a uma desconfiança natural de proximidade; ou seja a coberto da máscara o seu hipotético inimigo pode vingar-se por violência, sem que possa deixar rasto ou prova do seu eventual crime a cometer. Uma outra reacção, contrária a esta, é a de empatia e simpatia do efector pelo comemorante(por ter imaginado artisticamente e despertado a faceta cómica e alegre do efector) * SAN GRAAL.

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