terça-feira, 6 de março de 2012

PLATÃO E O MUNDO DAS IDEIAS


A Escola de Atenas (Scuola di Atenas no original) é uma das mais famosas pinturas do renascentista italiano Rafael e representa a Academia de Platão. Foi pintada entre 1509 e 1510 na Stanza della Segnatura sob encomenda do Vaticano. A obra é um afresco em que aparecem ao centro Platão e Aristóteles. Platão segura o Timeu e aponta para o alto, sendo assim identificado com o ideal, o mundo inteligível. Aristóteles segura a Ética e tem a mão na horizontal, representando o terreste, o mundo sensível.

VIDA E OBRA

       Diversamente de Sócrates , que era filho do povo, Platão nasceu em Atenas, em 428 ou 427 a.C., de pais aristocráticos e abastados, de antiga e nobre prosápia. Temperamento artístico e dialético - manifestação característica e suma do gênio grego - deu, na mocidade, livre curso ao seu talento poético, que o acompanhou durante a vida toda, manifestando-se na expressão estética de seus escritos; entretanto isto prejudicou sem dúvida a precisão e a ordem do seu pensamento, tanto assim que várias partes de suas obras não têm verdadeira importância e valor filosófico. Aos vinte anos, Platão travou relação com Sócrates - mais velho do que ele quarenta anos - e gozou por oito anos do ensinamento e da amizade do mestre. Quando discípulo de Sócrates e ainda depois, Platão estudou também os maiores pré-socráticos. Depois da morte do mestre, Platão retirou-se com outros socráticos para junto de Euclides, em Mégara.

     Daí deu início a suas viagens, e fez um vasto giro pelo mundo para se instruir (390-388). Visitou o Egito, de que admirou a veneranda antigüidade e estabilidade política; a Itália meridional, onde teve ocasião de travar relações com os pitagóricos (tal contato será fecundo para o desenvolvimento do seu pensamento); a Sicília, onde conheceu Dionísio o Antigo, tirano de Siracusa e travou amizade profunda com Dion, cunhado daquele. Caído, porém, na desgraça do tirano pela sua fraqueza, foi vendido como escravo. Libertado graças a um amigo, voltou a Atenas. Em Atenas, pelo ano de 387, Platão fundava a sua célebre escola, que, dos jardins de Academo, onde surgiu, tomou o nome famoso de Academia. Adquiriu, perto de Colona, povoado da Ática, uma herdade, onde levantou um templo às Musas, que se tornou propriedade coletiva da escola e foi por ela conservada durante quase um milênio, até o tempo do imperador Justiniano (529 d.C.)

     Platão, ao contrário de Sócrates, interessou-se vivamente pela política e pela filosofia política. Foi assim que o filósofo, após a morte de Dionísio o Antigo, voltou duas vezes - em 366 e em 361 - à Dion, esperando poder experimentar o seu ideal político e realizar a sua política utopista. Estas duas viagens políticas a Siracusa, porém, não tiveram melhor êxito do que a precedente: a primeira viagem terminou com desterro de Dion; na segunda, Platão foi preso por Dionísio, e foi libertado por Arquitas e pelos seus amigos, estando, então, Arquistas no governo do poderoso estado de Tarento. Voltando para Atenas, Platão dedicou-se inteiramente à especulação metafísica, ao ensino filosófico e à redação de suas obras, atividade que não foi interrompida a não ser pela morte. Esta veio operar aquela libertação definitiva do cárcere do corpo, da qual a filosofia - como lemos no Fédon - não é senão uma assídua preparação e realização no tempo. Morreu o grande Platão em 348 ou 347 a.C., com oitenta anos de idade.
       Platão é o primeiro filósofo antigo de quem possuímos as obras completas. Dos 35 diálogos, porém, que correm sob o seu nome, muitos são apócrifos, outros de autenticidade duvidosa. A forma dos escritos platônicos é o diálogo, transição espontânea entre o ensinamento oral e fragmentário de Sócrates e o método estritamente didático de Aristóteles. No fundador da Academia, o mito e a poesia confundem-se muitas vezes com os elementos puramente racionais do sistema. Faltam-lhe ainda o rigor, a precisão, o método, a terminologia científica que tanto caracterizam os escritos do sábio estagirita.
     A atividade literária de Platão abrange mais de cinqüenta anos da sua vida: desde a morte de Sócrates , até a sua morte. A parte mais importante da atividade literária de Platão é representada pelos diálogos - em três grupos principais, segundo certa ordem cronológica, lógica e formal, que representa a evolução do pensamento platônico, do socratismo ao aristotelismo .

O Mundo das Ideias de Platão

Por Ana Elizabeth
     Do ponto de vista filosófico, o principal objetivo de Platão era encontrar na sociedade uma realidade que fosse eterna e imutável. Partia da ideia de que existem duas realidades diferentes que envolvem o ser humano, o Mundo das Idéias e o Mundo das Sombras, conhecido também como Mundo dos sentidos. 

  As idéias eternas e imutáveis fazem parte do Mundo das Idéias, e determinam os conceitos que temos sobre o mundo físico. O Mundo dos Sentidos se refere ao que habitamos, composto por uma série de valores imperfeitos, como sombras de uma realidade perfeita. As coisas desse mundo imperfeito não são eternas ou imutáveis, são feitas de matéria, objetos materiais que funcionam como “cópias” das idéias perfeitas e imutáveis do Mundo das Idéias.
    Através do Mundo das Idéias Platão tentou explicar o desenvolvimento do conhecimento humano. Para ele, o processo do conhecimento se desenvolvia por meio da passagem progressiva do mundo das sombras e aparências para o mundo das idéias e essências.
    É através das sensações e impressões dos sentidos que ocorria a primeira etapa do processo do conhecimento, ou seja, a opinião que se tem da realidade. Esse conhecimento chamado sensível, embora seja verdadeiro, sabe porque as coisas estão assim, sem saber porque o estão.
Segundo Platão, o conhecimento para ser autêntico deveria penetrar na esfera racional do Mundo das Idéias, ultrapassando, portanto, as impressões sensoriais e o plano da opinião. 
    Para se conquistar o conhecimento autêntico e verdadeiro, Platão propunha a dialética, que na realidade consiste da contraposição de uma opinião. Uma tese qualquer seria seguida da negação da própria tese, com o objetivo de purificá-la de possíveis equívocos e erros.
  Platão acreditava que somente era possível estar no Mundo das Idéias através do conhecimento racional, filosófico e científico, pois acima da realidade “sensível” deveria existir uma realidade “inteligível”.
Daí mais um traço característico de Platão, a confiança no poder da razão. Para ele a verdade filosófica só poderia ser alcançada mediante a purificação e o amor.
   Para Platão a beleza em todo seu esplendor se encontrava no mundo das idéias onde moram seres perfeitos e totais. O mundo sensível é um mundo de seres imperfeitos. Ele está em tudo o que captamos com os nossos sentidos, porém possui apenas uma parcela do ser ideal. Todas as idéias existem no mundo dos inteligíveis que se situa na esfera celeste.
Platão e a arte da política


Platão (428-328 a.C.) não acreditava na democracia. Para ele a política, a boa condução dos homens em sociedade era um arte que somente bem poucos dominavam. O ideal, para ele, era uma coletividade governada pelos mais sábios, visto que os pensadores eram uma espécie de sócios humanos dos deuses, os únicos a entenderem os difíceis mecanismos da boa regência de tudo.


Platão: o nascimento do estado

    Além da existência de uma assustadora fauna que os apavorava com seus rugidos e uivos assustadores, os homens igualmente passaram a desentender-se entre si. Colocou-se então uma questão de sobrevivência geral da espécie. Qual seria, perguntaram então, a forma de organização mais correta para salvá-los dos golpes selváticos vindo da natureza arredia e deles mesmos? Qual a dimensão que o estado protetor deveria assumir? Os regimes políticos que então surgiram, os de um só homem (monarquia ou tirania ), de alguns (aristocracia ou oligarquia), e o dos muitos (a democracia), teriam sido as maneiras, não científicas segundo ele, de encontrar a solução para a difícil arte de governar os homens. 
    Para o filósofo, o problema não está ai, nas formas em que os corpos políticos se estruturam e se apresentam, mas sim no fato de todo o mundo, numa espécie de acesso de auto-suficiência irrefletida, achar-se habilitado a conduzir a política.
   Como bom grego daquela época, Platão não se cansou de comparar as práticas do governo às técnicas do pastoreio e à arte da navegação, pois afinal enquanto metade da população da antiga Hélade pastoreava cabras e ovelhas nas montanhas e vales, o resto estava no mar, entregue ao comércio, à pesca, e quando não, como Homero mostrou, à pirataria. Por isso, soam repetidas as expressões tão usadas por Platão de “rebanho”, “cajado” , “leme”, “rota”, “porto”, aplicadas como exemplos da vida política, e “pastor” e “ piloto” quando referidas aos governantes. 
    Tanto num caso como no outro, na terra ou nas ondas, as coisas eram conduzidas por alguém que detinha um conhecimento, uma habilidade qualquer, fosse a do pastoreio ou a da navegação.


Corrente de pensamentoQuem rege o governo
PlatonismoO sábio, o pensador, porque sabe o que é bom , belo e justo
CristianismoO sacerdote, o evangelista que traz a palavra da salvação
MarxismoO intelectual revolucionário
ComtismoO cientista
Saint-simonismoO tecnocrata

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