quarta-feira, 11 de julho de 2012

Teologia de Palha




Teologia de Palha
Por Luiz Leite
Num vôo doméstico há alguns dias,  li numa dessas revistas insossas de uma linha aérea qualquer, uma entrevista com a senhora Lily Marinho, esposa do falecido “mogul” Roberto Marinho, fundador das organizações Globo.
Pergunta:  ” –  A senhora é religiosa?”
Resposta:  ” - Sou católica mas às vezes fico zangada com Deus. Uma vez perguntei a um padre: Se Deus é tão bondoso porque deixa acontecer incêndios, essas coisas…? Ele disse que Cristo morreu com 33 anos e não teve tempo de pagar em vida o mal da humanidade, então as pessoas tem que pagar o que Cristo não teve tempo de fazer…”
Eita teologiazinha vagabunda! Isso lá é resposta que um sacerdote da suposta fé apostólica dá a um fiel em conflito?” Onde o tal sacerdote aprendeu sua teologia? Estava bêbado ou dormia nas aulas em seus dias de seminário? Que soteriologia enviesada é essa que ele inventou? Foi insuficiente o sacrifício de Jesus? Resta realmente algo que o homem possa fazer para aprimorar sua salvação?
Lutero certamente errou feio ao julgar a teologia de Tiago e despachar sua epístola como uma epístola de palha (a ser queimada); em sua obsessão com a teologia da graça, falhou em identificar coerência e consonância entre seu pensamento e aquele apresentado por Tiago. O irmão do Senhor alfineta em sua carta os religiosos de plantão, alertando que “a fé sem obras é morta.” Não basta apresentar uma fé de discurso, recheada de rezas e ritos.
E aí? se a fé sem obras é mortas, estaria Tiago afirmando que a graça não é suficiente? está contradizendo o ensino Paulino que afirma que a salvação é pela graça, mediante a fé…? Temos que fazer obras para alcançarmos a salvação? Não, Tiago não está afirmando isto. O que o saudoso “joelho de camelo” está dizendo é basicamente a mesma coisa dita por Paulo. Fomos criados para as boas obras… A fé viva é dinâmica, e por essa razão, produz obras espontaneamente. As obras não levam à salvação, mas a salvação leva às obras! A fé que não gera obras está assim, virtualmente, morta!
O padre católico, de quem a socialite ouviu que as “pessoas tem que pagar o que Cristo não teve tempo de fazer”, estava sem dúvida sob o efeito de algum “spirit” (em ingles, qualquer bebida destilada, como vodca, run, tequila…) ou mesmo de outro espírito qualquer que não o Santo, enviado para nos guiar em toda verdade. Quando neste estado, perde-se como faz-se perder, quer leigo, quer sacerdote!

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