Teologia de Palha
Por Luiz Leite
Num vôo doméstico há alguns dias, li numa
dessas revistas insossas de uma linha aérea qualquer, uma entrevista com
a senhora Lily Marinho, esposa do falecido “mogul” Roberto Marinho, fundador das organizações Globo.
Pergunta: ” – A senhora é religiosa?”
Resposta: ” - Sou católica mas às vezes fico
zangada com Deus. Uma vez perguntei a um padre: Se Deus é tão bondoso
porque deixa acontecer incêndios, essas coisas…? Ele disse que Cristo
morreu com 33 anos e não teve tempo de pagar em vida o mal da
humanidade, então as pessoas tem que pagar o que Cristo não teve tempo
de fazer…”
“Eita teologiazinha vagabunda! Isso lá é resposta
que um sacerdote da suposta fé apostólica dá a um fiel em
conflito?” Onde o tal sacerdote aprendeu sua teologia? Estava bêbado ou
dormia nas aulas em seus dias de seminário? Que soteriologia enviesada é
essa que ele inventou? Foi insuficiente o sacrifício de Jesus? Resta
realmente algo que o homem possa fazer para aprimorar sua salvação?
Lutero certamente errou feio ao julgar a teologia de
Tiago e despachar sua epístola como uma epístola de palha (a ser
queimada); em sua obsessão com a teologia da graça, falhou em
identificar coerência e consonância entre seu pensamento e aquele
apresentado por Tiago. O irmão do Senhor alfineta em sua carta os
religiosos de plantão, alertando que “a fé sem obras é morta.” Não basta
apresentar uma fé de discurso, recheada de rezas e ritos.
E aí? se a fé sem obras é mortas, estaria Tiago
afirmando que a graça não é suficiente? está contradizendo o ensino
Paulino que afirma que a salvação é pela graça, mediante a fé…? Temos
que fazer obras para alcançarmos a salvação? Não, Tiago não está
afirmando isto. O que o saudoso “joelho de camelo” está dizendo é
basicamente a mesma coisa dita por Paulo. Fomos criados para as boas
obras… A fé viva é dinâmica, e por essa razão, produz obras
espontaneamente. As obras não levam à salvação, mas a salvação leva às
obras! A fé que não gera obras está assim, virtualmente, morta!
O padre católico, de quem a socialite ouviu que as “pessoas tem que pagar o que Cristo não teve tempo de fazer”,
estava sem dúvida sob o efeito de algum “spirit” (em ingles, qualquer
bebida destilada, como vodca, run, tequila…) ou mesmo de outro espírito
qualquer que não o Santo, enviado para nos guiar em toda verdade. Quando
neste estado, perde-se como faz-se perder, quer leigo, quer sacerdote!
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