quarta-feira, 5 de outubro de 2011

ANTIMATÉRIA

 

Há alguns anos afirmava-se que o universo tivera o seu início a partir de uma grande explosão do átomo primitivo que teria o tamanho de uma pequena bola mas que conteria toda a massa do universo, logo uma densidade infinita. Essa explosão era designada por Big Bang. O que actualmente se ensina é que no início o universo não era constituído por matéria, mas apenas por energia sob forma de radiação. Esse universo de energia passou a expandir e a esfriar e nele foram criados pares de partículas e antipartículas que se aniquilavam em grande quantidade. Com a queda da temperatura, a energia começou a formar hadrões, assim como a antimatéria a formar antihádrões, pois matéria e antimatéria seriam criadas em quantidades iguais. Hádron ( brasileiro) ou hadrão (português europeu) em Física de Partículas, é uma partícula composta, formada por um estado ligado de quarks. Os hádrons mantêm a sua coesão interna devido à interacção forte, de um modo análogo à que mantém os átomos unidos pela força electromagnética (Os hádrões mais conhecidos são os protões e os neutrões, base da matéria tal como a conhecemos , no nosso universo onde só há matéria.) Mas que terá acontecido à antimatéria que foi criada em paralelo com esta matéria ? É que nos intriga que o universo ainda exista, pois quando a matéria e a antimatéria se encontram, elas anulam-se gerando, apenas e de novo, energia . Será lógico pensar que após terem sido criadas, as partículas e as antipartículas elas se aniquilassem, impedindo que corpos mais complexos como átomos, moléculas, matéria, estrelas , planetas e, no caso da Terra, os seres vivos se pudessem formar. Será que uma pequena porção de matéria escapou ao encontro com a anti-matéria e formou o tal átomo primitivo de que falei logo no início ? Mas o que provocou esse desencontro ? Ninguém o sabe, pese haver algumas teorias um tanto ou quanto mirabolantes. Em 1966, um físico russo de nome Andrei Sakharov delineou três condições necessárias para que aparecesse esse desequilíbrio entre matéria e antimatéria. A primeira refere que os protões devem decair ; a segunda restringe a maneira uniforme de como o universo esfriou após o Big Bang ; a terceira descreve haver uma diferença de propriedade, mensurável, entre matéria e antimatéria. Admitamos a hipótese de Sakharov só que, até hoje, não houve nenhuma observação experimental do decaimento de um protão e as condições do não equilíbrio do esfriamento do universo só são compatíveis com modelos teóricos . Quanto à diferença de comportamento entre a matéria e a antimatéria , há várias experiências em curso para tentar observá-la, mas não resultados. Para espíritos simples seria fácil dizer que a anti matéria não existe, mas os cientistas no CERN não só criaram mini big- bangs, como também conseguiram agora pela primeira vez "caçar" e armazenar átomos de antimatéria. Mais precisamente 38 átomos de anti-hidrogénio.(Um átomo de hidrogénio é constituído por um protão (partícula elementar do núcleo atómico) e por um electrão negativo, que gira em torno desse núcleo. Um anti-hidrogénio é o seu inverso: tem um protão negativo, ou antiprotão, e um electrão positivo, ou positrão.) No decurso de uma experiência chamada Alpha, os 38 anti átomos foram apanhados e duraram um décimo de segundo nas mãos dos investigadores, o que "foi tempo suficiente para os estudar", segundo o CERN. Para confinar os 38 anti-hidrogénios os físicos utilizaram um novo tipo de "prisão" magnética, depois de 335 tentativas para produzir aquela antimatéria. Tudo bem, a antimatéria existe ou pode ser produzida mas continua a não se saber por que a natureza eliminou a antimatéria por forma a haver só a matéria no nosso mundo ; se as duas coexistissem o Universo não estaria cheio de átomos, mas sim de raios gama. Os pesquisadores trataram, então, de descobrir o mecanismo da natureza responsável pela separação de matéria e antimatéria, evitando a destruição. Nada conseguiram, e os primeiros radio telescópios instalados a bordo de satélites artificiais permitiram descobrir que o Universo não tem tantos raios gama como se imaginava. Foram feitos cálculos teóricos para saber quanta antimatéria poderia haver na Via Láctea que ainda não tivesse sido descoberta. Os pesquisadores partiram do facto de que também no vasto Universo haverá objectos que colidem ocasionalmente já que não existe espaço vazio, mas enormes quantidades de partículas de gás e pó. Sendo assim, ainda que só uma parte de nossa galáxia fosse constituída de antimatéria, haveria um constante cintilar de raios gama. Os resultados obtidos até agora indicam que a Via Láctea possa ter apenas uma milionésima parte de sua massa constituída de antimatéria. Com este diferencial fica a pergunta: será que em algum lugar existe a antimatéria em grande quantidade? Por meio de sondas enviadas às camadas mais altas da atmosfera descobriu-se que a Terra está exposta a um contínuo bombardeio de antiprotões, que chegam do Universo e formam parte da radiação cósmica geral, mas eles não são indícador de que existam antiestrelas, por exemplo. Como acontece nas instalações do acelerador de partículas do CERN, é possível que os antiprotões se possam formar no Universo a partir de partículas comuns, desde que ocorram entre elas choques muito violentos. Como os raios cósmicos são ricos em energia, devem produzi-los com facilidade quando atravessam a massa de gás interestelar. No fundo, é muito pouco, quase nada, o que sabemos sobre a antimatéria - embora já possamos fabricá-la durante alguns micro segundos. A antimatéria será útil quando se precisar armazenar grandes quantidades de energia, com peso e volume ínfimos. Dessa forma poderia ser utilizada para impulsionar veículos interplanetários, mas também, ser utilizada para a guerra e essa hipótese , estudada pelos Estados Unidos, já está em curso, sob protestos da comunidade científica internacional.

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